Cidades

ONG comemora 10 anos de Outubro Rosa em Alagoas

TH Entrevista inicia mês da prevenção contra câncer de mama conversando com Naydja Reis, do Mama Renascer

Por Tribuna Independente 02/10/2018 09h20
ONG comemora 10 anos de Outubro Rosa em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
A luta contra o câncer de mama ganhou muita visibilidade com a iniciativa da campanha Outubro Rosa, desde os anos 1990. Em Alagoas, o Grupo Mama Renascer foi criado há 10 anos, e desenvolve um trabalho com as pessoas diagnosticadas e suas famílias durante o ano inteiro. Além de promover ações de visibilidade no mês de outubro, incentivando a prevenção em toda a sociedade. Naydja Reis, presidente do grupo, é a personagem do TH Entrevista dessa semana. Ela falou sobre a importância da prevenção, as dificuldades que as pessoas enfrentam por conta do preconceito com a doença, e como funciona a ONG. Ela também falou sobre a agenda do outubro rosa em Alagoas, que tem uma extensa programação com palestras, apresentações culturais e muito mais. Segundo ela, a campanha claramente tem ajudado bastante essa questão da informação, do acesso. “As pessoas têm se engajado mais e procurado realmente estar alerta neste sentido. Infelizmente temos no Brasil todo o diagnóstico muito tardio, isso interfere bastante na cura, mas a gente espera que isso vá diminuindo a cada ano”, afirmou. Apesar de ter diminuído bastante, o preconceito ainda existe. Naydja relata que as pessoas ficam assustadas quando recebem o diagnóstico, achando que vão morrer. Depois têm medo de perder o cabelo, mudar a identidade e acabam se isolando. Isso também é trabalhado pela ONG. “Algumas pessoas não querem nem dizer que tiveram um câncer de mama, escondem. Pessoas esconderam até da própria família, foram fazer tratamento fora. Muitas vezes o preconceito vem das pessoas mais esclarecidas ao invés das mais carentes, mais pobres”, lamentou. PREVENÇÃO A entrevista também trouxe informações sobre prevenção, cuidados permanentes que todo mundo deve ter com a saúde, e alertou para a necessidade de fazer exames preventivos. Além de estimular as mulheres a conhecerem o próprio corpo. “O autoexame não elimina a consulta com o especialista, mas complementa e ajuda muito. Estatísticas dizem que mais de 80% dos casos de descoberta do câncer de mama são através da própria mulher, do toque. É importante que você conheça o seu corpo”, orientou a presidente da ONG. Sobre os exames, ela afirmou que atualmente temos em alagoas um grande privilégio, que é o acesso à mamografia. “Lutamos para que o acesso fosse mais fácil, isso a gente conseguiu. Nos últimos 4 anos a gente conseguiu avançar muito nisso. A mulher com mais de 40 anos pode procurar um posto de saúde do seu bairro, e até mesmo a enfermeira pode fazer a mamografia. Depois disso, encaminhar para o especialista”. O problema, segundo ela, é que para fechar o diagnóstico demora até 9 meses, por dificuldade de acesso ao mastologista. A recomendação é que o tratamento seja iniciado em 60 dias. ONG sobrevive de bazar e dá assistência gratuita A Mama Renascer funciona dando apoio a mulheres com câncer de mama, em qualquer período. Seja no início, na descoberta, até o cuidado paliativo. “A gente acolhe essa paciente do primeiro momento até o final da sua vida. No sentido de dar um suporte para que ela tenha um resgate da autoestima para que enfrente esse tratamento de uma forma mais leve”. Naydja explica que é muito importante tanto o apoio da família, quanto o apoio de outras pessoas que já passaram pelo tratamento. “Isso te dá forças, ajuda você a superar. Ele mostra ali que se a outra pessoa superou, você também vai superar. Muitas vezes o familiar fica sem saber o que falar, os amigos se afastam porque ficam com pena, choram. Já uma pessoa que já passou, ela não tem isso. Ela quer dar força, dizer ‘é difícil, mas eu consegui’”. Sem parceria com o governo ou instituições privadas, o projeto sobrevive exclusivamente de doações e das vendas do brechó, situado no centro de Maceió. E aceita ajuda de voluntários de várias formas. Tanto doação de dinheiro, objetos para o bazar, como o próprio tempo e talento de cada um. Profissionais das mais diversas áreas (assistentes sociais, enfermeiras, nutricionistas, fisioterapia, direito, artes) estão sempre em falta por lá. Comprar no bazar também ajuda, claro.