Cidades

Projeto de surf para autistas precisa de voluntários

Cerca de 30 pacientes participam das terapias mensais; mas ajuda beneficiaria outros 50 que aguardam em fila de espera

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 26/09/2018 08h47
Projeto de surf para autistas precisa de voluntários
Reprodução - Foto: Assessoria
O surf tem servido como terapia para pacientes autistas em Maceió. A maioria é composta por crianças. Duas vezes por mês, voluntários se reúnem para ofertar uma manhã cheia de sorrisos e muita diversão. No entanto, o projeto, intitulado Onda Azul, que atualmente atende 30 pacientes, precisa de mais voluntários para estender a ação para outras 50, que aguardam numa fila de espera. Segundo a coordenadora do projeto em Maceió, a psicóloga Fabiana Lisboa, cada paciente assistido necessita do suporte de três voluntários, sendo um surfista, um apoio de mar e um apoio de areia. Entretanto, a maior carência é para voluntários que desenvolvam a parte prática, isto é, pessoas que saibam surfar ou saibam nadar bem. “Para cada criança são três voluntários. Voluntários são cíclicos. Tem dias que temos mais e outros, menos. A falta de voluntários não atrapalha o trabalho até o momento. Mas temos uma fila de espera de crianças querendo fazer as aulas. Para aumentar o número de crianças atendidas é preciso aumentar a quantidade de voluntários. Fora que com o maior número, eu aumento o tempo dessas crianças dentro do mar. Nossa maior necessidade hoje são os voluntários de mar. Pessoas que saibam surfar, para serem treinados para surfar junto com as crianças; e apoio de mar, pessoas que nadem bem, bombeiros, professores de natação...”, explica. Atividade ajuda na interação, diz psicóloga Fabiana Lisboa esclarece que a partir dos três anos de idade já é possível participar das aulas. Todo o trabalho é voluntário e oferecido de forma gratuita. “Em todos os locais as atividades são oferecidas de forma gratuita e contam com a ajuda de voluntários. As aulas são exclusivas para pessoas com autismo e independe de idade ou grau dos sintomas”, reforça. Os benefícios do surf como terapia vão desde o desenvolvimento psicológico e cognitivo até a melhoria da interação social, destaca a psicóloga. “O surf permite o desenvolvimento de habilidades psicológicas e cognitivas, percepção do corpo e do ambiente, promove habilidades corporais, propicia iniciativa e tomada de decisão, permite  aprender a regular as emoções para identificar e lidar além de vivenciar uma experiência intensa e única para todos, trabalha as questões sensoriais, interação social além de ser um instrumento de inclusão”, diz. Pequena Laura, de três anos, já apresenta evolução no quadro A pequena Laura, de três anos é uma das crianças assistidas pelo projeto. A mãe dela, Vanessa Menezes, conta que já é possível observar diversos benefícios no comportamento de Laura. “Ela melhorou o equilíbrio ao andar. Ela tem pé plano e faz uso de bota ortopédica. Como no surf fica descalça e fica com o pé na areia isso facilita para ela adquirir essa habilidade. E também ajuda a fazer a cava do pé. A socialização dela também melhorou bastante. Ela passou a balbuciar mais vezes. Passou também a querer estar no ambiente da praia. Muitas vezes crianças autistas não ficam nesses ambientes com muitos estímulos... Muita água, onda, muita areia... Isso incomoda a eles. Antes do projeto, quando íamos a praia ela se pendurava na gente pra não ficar na areia ou simplesmente comia de mãos cheias a areia. Hoje eu sinto que a Laura vai a praia para realmente curtir estar na praia”, detalha a mãe. A mãe de Laura diz que o interesse pelas aulas surgiu na instituição onde a menina já realiza outras terapias. “Eu sou pedagoga e já trabalhava com crianças autistas. Isso inclusive foi o que nos ajudou a ter um diagnóstico precoce. Sempre leio muito a respeito dos benefícios das terapias que ainda não têm comprovações científicas, mas que sem dúvida têm outros ganhos de habilidades sensoriais. Então, como já somos usuárias das terapias na Apae/Cuida, quando surgiu a oportunidade de participar do projeto eu não pensei duas vezes. Laura hoje é acompanhada por uma equipe de profissionais que chamamos de equipe multidisciplinar. E todos falam dos benefícios advindos de um projeto como esse. E a gente percebe a evolução dela”, relata. Vanessa comemora cada avanço da filha. A menina participa das aulas desde o início do projeto, há cerca de quatro meses.  “Ela se diverte e aprende e se supera. Semana passada ela ficou de pé na prancha. E eu vibro e aposto mais ainda no mundo que ela vai desbravar”, revela.