Saúde

Celular contribui para evolução da miopia em crianças

Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta para necessidade de exposição aos ambientes externos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 07/09/2018 14h11
Celular contribui para evolução da miopia em crianças
Reprodução - Foto: Assessoria
O médico Milton Ruiz Alves, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) afirmou, em entrevista ao jornal Tribuna Independente, que o uso excessivo de aparelhos celular e tablets contribui para a evolução da miopia em crianças. “Toda a literatura diz que submeter os olhos a isso você vai trazer toxicidade à retina e você vai trazer degeneração da mácula relacionada à idade mais cedo, por esse estímulo exagerado. Pode desenvolver glaucoma, catarata, degeneração e perder a visão mais cedo.” O oftalmologista está em Maceió na 62º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, evento lançado oficialmente na noite da quarta-feira (5). À Tribuna o médico, que participa de duas apresentações relacionadas ao assunto, fez um alerta para o que ele considera um problema de saúde pública. “A miopia tem graus variados, a estimulação da luz do sol é que faz o olho crescer de forma harmônica. A criança quando nasce e não tem estimulação visual o olho cresce em demasia. Quando você analisa o uso da tecnologia, são duas coisas que a gente tem que separar: uma é o esforço acomodativo para manter  o foco e contração continuada pode levar ao crescimento do olho, toda tarefa de perto de forma continuada poderia estar relacionada ao crescimento do olho. Quando se diz que usa tablete, celular, desde pequeninho, poderia fazer o olho crescer? Poderia. Em segundo lugar, isso tira o tempo dela da exposição externa das atividades outdoor, a criança acaba ficando muito tempo no interior da casa”, aponta “Hoje todo mundo sabe que um ambiente com iluminação natural faz a retina liberar dopamina, que é um hormônio que impede o crescimento em demasia do olho. Outra coisa que hoje está bem acertado é que se pegar uma criança míope ou com fator genético, pais ou familiares míopes, se você não a coloca exposta a luz solar, ela desenvolve mais miopia do que a que não tem fator de risco. Essas coisas que impedem que o olho não cresça de forma normal também funcionam naquelas que têm propensão.” Mesmo para as crianças que não possuem fatores de risco como os pais ou familiares com miopia, o médico esclarece que há chance de aumento no risco com a exposição prolongada às telas, principalmente as de tablets e smartphones. “As Sociedades Brasileira de Pediatria e de Oftalmologia Pediátrica chamam atenção para que as crianças não tenham acesso a isso antes dos dois anos de idade, porque faz mal, e faz mal mesmo, pela radiação, que é a luz azul, e afaz mal porque a atividade de perto mantida favorece o aparecimento da miopia.” Segundo o médico, a parcela da população no país com miopia já chega a 13%, o que na avaliação dele deve ser encarado como um problema de saúde pública, porque traz danos e a longo prazo representa um risco para a população. “Sabe-se que o uso de smartphones, de toda essa traquinagem tecnológica impede a liberação de hormônios, de diversos hormônios, como a dopamina, cortisol... afeta a memória. Uma série de fatores que influenciam em todo o equilíbrio do organismo”, pontua.