Cidades

Licença-paternidade ampliada reforça vínculo entre pai e filho

Com tempo maior, bancário diz que pode curtir mais a filha e ajudar a esposa em tarefas voltadas para a pequena

Por Lucas França com Tribuna Independente 11/08/2018 09h52
Licença-paternidade ampliada reforça vínculo entre pai e filho
Reprodução - Foto: Assessoria
Embora a licença de trabalho mais famosa relacionada ao nascimento de uma criança seja a das mães, os homens também têm direito a se ausentar do trabalho quando se tornam pais. A chamada “licença-paternidade” dá aos pais o direito de acompanhar de perto os primeiros momentos do bebê, a diferença é a duração menor. A lei estabelece a ampliação da licença-paternidade, de cinco para 20 dias. A regra, contudo, vale apenas para os trabalhadores de empresas inscritas no Programa Empresa Cidadã. A lei agradou aos papais que a partir daí passaram até um tempo maior com o recém-nascido. O bancário Diego Mota de Almeida gozou do direito e disse que nesse tempo ajudou a esposa Maria Sonia Andrade dos Santos Mota em quase tudo. “Ajudei no banho, na troca de fraldas, nas idas ao pediatra, vacinação e na hora de dormir durante a noite e madrugada”, disse o bancário. Diego afirma que esse tempo é importante nesses primeiros dias do nascimento por que amplia o vínculo familiar. “Como sou pai de primeira viagem, essa licença me foi útil, pois teve uma ampliação do vínculo entre mim e a minha filha e apoio emocional a minha esposa no dia a dia e nos cuidados com a bebê”, ressalta o bancário. Diego vai comemorar seu primeiro Dia dos Pais e disse que se sente muito feliz. “É uma data muito importante. Não alcancei o prazo de cinco dias da licença, pois, nossa bebê [Marina] nasceu no dia 20 de novembro de 2017, já vigorando o novo período. Mas, com certeza, a regra anterior não ajudava”, comemora. Além de mimar bastante a filha, o bancário conta que aproveitou sua licença para tentar ajudar a esposa no que fosse possível. “Ela só mamava, então ajudei nos outros afazeres. Tive um contato muito especial nesses 20 dias e tento ter até hoje”. Para o bancário, o tempo com a bebê passou dos 20 dias de licença porque ele pode conciliar com mais 20 dias de férias.  “Após a licença, pensava naturalmente no bem estar e no que ainda poderia fazer por ela e no fato de não ter mais tempo para tal devido ao término do período de 20 dias, que ainda considero pouco. Sendo assim, planejei a licença junto com as férias, para poder aproveitar esse momento único”, ressalta. VIGOR A Lei nº 13.257 foi sancionada em 2016 no Dia Internacional da Mulher, de 8 de março. Ela modifica legislação de 2008 que já havia concedido a licença-maternidade ampliada de 4 para 6 meses. Segundo a lei, a licença-paternidade ampliada vale para as empresas participantes do programa Empresa Cidadã - são 19,6 mil no país. A licença de 20 dias para os pais tem algumas condições. Durante o afastamento não pode exercer nenhuma atividade remunerada. Para ter direito deve pedir a ampliação da licença em, no máximo, dois dias úteis depois do parto e por fim, o pai deve participar de algum programa ou atividade de paternidade responsável. Estes cursos costumam durar um dia e são oferecidos por hospitais, associações e sindicatos. A mesma regra vale para pais adotivos. A lei não detalha isso, mas empresas vêm aceitando documentos que comprovam que o funcionário participou de atividades desse tipo em igrejas, hospital ou mesmo por cursos públicos e particulares. EMPRESA A empresa que dá esse benefício ao funcionário, em troca, tem isenção em impostos. Assim como na licença-maternidade, a companhia arca com o tempo a mais que a pessoa ficará em casa. Para saber se a empresa em que trabalha está inscrita no programa, o funcionário pode perguntar ao departamento de recursos humanos e quando for pai, pode solicitar o uso do benefício. Psicólogo: “Figura do pai é importante em todas as fases do crescimento” O psicólogo Carlos Gonçalves ressalta que a figura do pai é importante em todas as fases do crescimento do filho. Ele explica que nesse novo cenário globalizado surge a figura do novo pai. “O mundo vem mudando, a cultura, as pessoas, nesse cenário globalizado surge à figura do novo pai, aquele que cuja presença é importante em todas as fases do crescimento do filho, mas a infância merece um cuidado especial. Homens com filhos recém-nascidos ou adotados também possuem direito à folga remunerada, chamada de licença paternidade. É tudo muito novo, quando há um recém-nascido em casa, e muitas adaptações devem ser feitas para que tudo transcorra da melhor maneira possível”, explica o psicólogo. Gonçalves ressalta que nesse momento, o pai ajuda não somente em relação às questões práticas do dia a dia, como apoiar a mãe que se recupera do parto e cuidar dos afazeres domésticos, mas na construção do afeto, no amor que nasce literalmente em seus braços. “Temos que entender que o pós-parto é um momento de transição para o pai, seja no aspecto psíquico e afetivo, já que a mãe, pela própria natureza, percebe a maternidade bem antes, uma vez que ela sofre as alterações no corpo, sente o bebê se mexer na barriga. Já o homem, em sua maioria, começa a sentir-se efetivamente pai após o parto, quando se concretiza a paternidade e ele pode segurar o filho no colo. Isso não acontece de uma hora para outra. É um processo no qual o homem fica ali, entre a relação da mãe com o filho, procurando onde ele se localiza nessa nova relação que é apresentada a ele. Sem dúvida esse laço tem um papel importante: contribuir para a formação de uma criança mais segura e emocionalmente mais equilibrada”, comenta Carlos Gonçalves. De acordo com o psicólogo, as crianças que têm um pai participativo, desde seu nascimento, apresentam nível de autoestima superior àquelas que têm pai ausente. “Quanto maior é a participação e o envolvimento do pai no crescimento e na educação do filho, melhor é qualidade da interação de ambos. É por meio da interação com o pai que o filho aprende a lidar com a agressividade, com a afirmação de si mesmo, a se defender e a explorar o ambiente, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade”, diz. Ainda segundo Gonçalves, em contrapartida, o pai que realmente se dedica a esse novo papel, torna-se uma pessoa mais centrada, responsável, mais feliz e acima de tudo terá como missão uma das melhores oportunidades que é educar e amar um filho. “E te digo por experiência própria que é a melhor coisa do mundo. Não perca a chance de vivenciar esse momento”, relata.