Cidades

Alagoas reduz disponibilidade de água

Levantamento aponta queda no fornecimento entre os anos de 2016 e 2017

Por Lucas França com Tribuna Independente 09/08/2018 07h58
Alagoas reduz disponibilidade de água
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma pesquisa divulgada em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 15 das 27 Unidades da Federação do país tiveram redução na disponibilidade diária de água fornecida pela rede geral ao longo de 2017. Em Alagoas houve redução. Enquanto em 2016 a disponibilidade da rede geral era de 79,7% diariamente, em 2017 passou a ser 74,8%. Dentre as grandes regiões, somente a Sudeste registrou aumento da oferta do recurso hídrico. A maior redução foi observada na região Centro-Oeste. No estado, apesar da queda, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), disse que não houve desabastecimento nas cidades em virtude de falta de água nos mananciais. As chuvas do segundo semestre de 2017 foram suficientes para garantir níveis elevados nos mananciais explorados pela Casal. Com isso, as áreas urbanas abastecidas pela companhia nas 77 cidades não estão sendo afetadas por redução na oferta de água. E garantiu que neste primeiro semestre de 2018 também não há desabastecimento. BRASIL Segundo o levantamento, feito a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), 86,7% dos domicílios de todo o Brasil contaram com o fornecimento de água diariamente em 2017. Na comparação com o ano anterior, houve uma redução de 0,6 pontos percentual nesta frequência. O IBGE destacou que não há dados anteriores a 2016 que sejam comparáveis para poder analisar uma série histórica desta disponibilidade hídrica. Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, o fornecimento de água diariamente para o total de domicílios entre 2016 e 2017 aumentou de 93,3% para 94,8% no Sudeste; caiu de 94,8% para 81,4% no Centro-Oeste; caiu de 98,1% para 97,5% no Sul; caiu de 88,2% para 88,1% no Norte e também registrou queda em todo o Nordeste de 66,6% para 66%. Segundo o ranking de abastecimento de água do ano passado, em Pernambuco, Acre e Distrito Federal, menos da metade dos municípios recebiam água diariamente no passado. No infográfico (ao lado) é possível notar quantos por cento dos estados brasileiros recebem água diariamente e os estados que tiveram mais redução. OFERTA HÍDRICA A pesquisadora do IBGE, Maria Lúcia Vieira, ressaltou que o país já tem quase a totalidade de seus domicílios (97,2%) com água canalizada. Mas ela explica que isso não significa que a canalização esteja conectada à rede geral de distribuição. Entre o total de domicílios do Brasil, 85,7% tinham a rede geral como fonte de abastecimento de água, enquanto 6,6% dependiam de poço artesiano, 3,3% de poços rasos, 2,1% de fontes ou nascentes e 2,3% tinham outra fonte de abastecimento. Maria Lúcia observou ainda que ter a rede geral como fonte de abastecimento não garante disponibilidade de água. “No Nordeste, 80% dos domicílios têm a rede geral de distribuição, mas destes só 66% têm disponibilidade diária. Enquanto isso, o Norte tem 59,2% dos domicílios ligados à rede, mas destes 88,1% tem disponibilidade diária”, ressaltou a pesquisadora. Segundo Casal, desabastecimento acontece mais em áreas urbanas   Na semana passada, o governador Renan Filho assinou um decreto de emergência em virtude da seca que abrange 38 municípios de Alagoas. O decreto foi feito após parecer técnico da Defesa Civil Estadual e é válido por um período de 180 dias. O estado em conjunto com as cidades que estão em situação de emergência solicitou ao Ministério da Integração Nacional que a avaliação do decreto seja antecipada e a Operação Carro Pipa, seja retomada de imediato. A Casal explica que o decreto de situação de emergência em algumas cidades alagoanas não tem como causa o abastecimento das áreas urbanas. “A estiagem atual, que levou o Governo do Estado a decretar situação de emergência em alguns municípios, não tem como causa o desabastecimento das áreas urbanas. O abastecimento para as áreas atendidas pela companhia continua normal. A estiagem afeta, de forma mais intensa, a zona rural e as atividades produtivas, como agricultura e pecuária, bem como a população que não dispõe de rede de distribuição de água e depende apenas de carros-pipa e de cisternas”, explica. Apesar disso, a companhia analisa que a redução na vazão do Rio São Francisco compromete de certa forma a captação de água feita pela entidade desde 2015, mas vem conseguindo manter o abastecimento. “Não é uma condição nova. A companhia fez ajustes operacionais e investimentos para garantir o abastecimento das mais de 40 cidades que dependem da água do rio. O abastecimento dessas cidades com água do rio se mantém normal até agora”, afirma. Em relação a falta de água que pode ser considerada na pesquisa do IBGE, a Casal explica que os locais que, eventual e temporariamente, deixam de ser atendidos possuem como causa problemas estruturais ou operacionais, como faltas de energia, que paralisam as bombas das estações da companhia, redução de pressão nas adutoras devido ao furto de água ou a vazamentos, e ainda paradas programadas e momentâneas para manutenção ou obras de modernização. Mas o órgão reafirma que não há, no momento, nenhuma cidade abastecida pela Casal com problemas de abastecimento por falta de água no manancial. DEFESA CIVIL Os municípios que estão no decreto são: Água Branca, Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Craíbas, Coité do Nóia, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Inhapi, Igaci, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Lagoa da Canoa, Major Izidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Quebrangulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu. A situação de anormalidade é válida apenas para as áreas dos municípios comprovadamente afetadas pelo desastre, conforme prova documental estabelecida pelos respectivos Formulários de Informação de Danos (Fide). No decreto consta ainda que há redução das precipitações pluviométricas que continua assolando os municípios do semiárido alagoano para níveis sensivelmente inferiores aos da normal climatológica e a queda intensificada das reservas hídricas de superfície provocada pela má distribuição pluviométrica na região.