Cidades

Projeto realiza sonho de crianças

Meninas de instituição de acolhimento ganham festas de aniversário temáticas; foram dez em quase um ano

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 27/07/2018 08h46
Projeto realiza sonho de crianças
Reprodução - Foto: Assessoria
Realizar o sonho de uma festa de aniversário. É com este intuito que um projeto Vovó Ivete realizou 10 comemorações em pouco mais de um ano para 24 meninas do Lar Batista Marcolina Magalhães, em Maceió. A jovem Emilly Joyce, de 22 anos é idealizadora do projeto. Ela mora na cidade de Santa Luzia do Norte e iniciou as atividades em 2014 com a realização de festas natalinas para crianças. O nome do projeto vem da avó de Emily, dona Ivete, que faleceu há 13 anos. Como a relação das duas sempre foi de muito apego, ela explica que desejava fazer algo que transmitisse aos outros todo o carinho que recebeu. “O projeto surgiu quando eu tive a intenção de levar todo o amor e carinho que recebi de minha avó Ivete, que infelizmente nos deixou a 13 anos. Ela era uma mulher de um coração enorme. São 10 integrantes, todos da mesma família. A ideia foi minha. Contei para minha mãe e oito primos meus nos ajudam. O trabalho é totalmente voluntário e dependemos exclusivamente da ajuda de pessoas que abraçam a causa.” Como a jovem explicou, as festas de aniversário são organizadas por meio de doações. A mobilização é feita por meio das redes sociais. Além disso, eles vendem rifas e lanches para dar continuidade às ações. Nas festas, as crianças ganham bolo, doces, salgados, decoração completa e até presentes. Emilly conta que o trabalho começou em maio do ano passado e 24 meninas já tiveram o “sonho realizado”. No início, as festas eram feitas no dia de aniversário de cada menina. Entretanto, desde o início deste ano, com dificuldades para manter o projeto, eles passaram a realizar as comemorações a cada dois meses. E as meninas mergulham no sonho. Emilly diz ainda que elas pedem o tema, dizem o que gostariam, mas por nunca terem tido festas na vida, sempre se surpreendem quando sua vez chega. Uma das festas mais emocionantes, segundo a jovem, foi uma de 15 anos, realizada no mês de março para três adolescentes do abrigo. “Elas pedem de vários temas, pedem das princesas, em março deste ano realizamos um Baile de 15 anos. Lá no abrigo elas não têm a oportunidade de ter uma festa assim, do jeito que sonharam. Para mim elas são princesas, que merecem ter seus sonhos realizados”, diz. NATAL As festas de aniversário acabam recebendo maior destaque no projeto, porque são realizadas durante todo o ano. Mas o Vovó Ivete realiza também festas natalinas para crianças carentes em Santa Luzia do Norte. Segundo Emilly, foram quatro festas até agora, beneficiando 240 crianças. “A gente faz um cadastro nas áreas mais carentes da cidade para que as crianças participem da festinha. Desde 2014 realizamos o Natal. Distribuímospresentes, lanches, tudo com doações que arrecadamos”, conta. “Festas são o resgate da infância delas”   Devido à situação de vulnerabilidade, as crianças não serão expostas na matéria. De acordo com a assistente social do acolhimento, Suane Cardeal as festas de aniversário são realizações de sonhos para meninas que passaram por diversas dificuldades. “De fato é uma realização de sonhos para elas. Porque a maioria chega na nossa instituição com idade avançada, de 9, 10 anos e nunca teve uma festa de aniversário só sua. Quando vem de outro acolhimento, às vezes acontece de ter tido uma festa coletiva. Mas com isso elas têm o direito mesmo de sonhar. Elas sonham muito, escolhem o tema, e esperam o dia chegar. As festas são o resgate da infância delas porque toda criança sonha em ter uma festinha”, diz a assistente social. Os benefícios para as meninas vão além dos presentes, do bolo e do parabéns, garante Suane. “É uma ajuda na autoestima da própria criança, porque elas se sentem acolhidas. Elas ficam tão realizadas, na verdade a palavra é essa, em algo tão comum se for considerada a realidade de outras crianças”, aponta. A maioria das crianças chega ao acolhimento após situações de negligência, explica Suane. Elas são encaminhadas pelo Conselho Tutelar ou Vara da Infância. “A gente acolhe no lar dos 4 aos 12, mas elas podem permanecer até aos 18 anos. E chegam a partir de várias demandas, geralmente por negligências, mas também por abusos, físicos e sexuais. O intuito da criação do abrigo era a orfandade, mas hoje tem poucas, a maioria é pela negligência”, explica.