Cidades

Inovação na produção de brinquedos

Peças educativas rendem 1ª colocação em prêmio nacional a artesão alagoano

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 14/07/2018 11h07
Inovação na produção de brinquedos
Reprodução - Foto: Assessoria
Largar o trabalho e correr atrás de um sonho. Foi isso que o artesão Gleydson Maciel Araújo da Silva, de 29 anos, resolveu fazer. Ele mora no conjunto Virgem dos Pobres I, no bairro do Vergel do Lago, em Maceió. Há pouco mais de um ano vem traçando planos, que só há um mês conseguiu colocar em prática. Gleydson foi primeiro colocado numa premiação nacional promovida pela Secretaria Nacional de Juventude, o prêmio Inova Jovem. Ele esteve em Brasília sexta-feira (13) para receber o troféu. “Eu tive outros trabalhos durante minha vida. Já trabalhei de muitas coisas, mas insatisfeito sempre buscava algo para mim, um negócio próprio. E pesquisando sobre isso, junto com minha esposa Renata, que é terapeuta ocupacional, resolvi colocar em prática o ofício de artesão que aprendi com meu tio quando era mais novo. Há um mês deixei meu trabalho e comecei a fazer os brinquedos”, diz Gleydson. O apelido “Pantera” pôs nome também à marca dos brinquedos. Todo o planejamento rendeu brinquedos de encaixe, quebra-cabeças, brinquedos para pintura, baseados no conhecimento e experiência da esposa dele. As ideias tomaram forma e eles passaram a produzir brinquedos pedagógicos em madeira reaproveitada. O intuito é criar possibilidade para as crianças a partir de itens que teriam outro destino. “Nós utilizamos madeira que ia ser queimada para as peças decorativas e para os brinquedos a gente compra para garantir um produto de qualidade”, conta Renata. “Como ele já trabalhava com artesanato, fazia algumas peças, a gente vinha refinando para montar alguma coisa para a gente. Na terapia ocupacional, existem recursos terapêuticos que são muito caros, são específicos para o problema do paciente, aí a gente pensou em fazer, mas viu que precisava ser muito específico. Então, pensamos nos brinquedos, acabamos optando por fazer brinquedos artesanais que não deixam de ser educativos. Eu tenho as ideias, mas quem faz é ele”, diz. Confecção própria de ferramentas A criatividade é tanta que ele mesmo confeccionou a mesa de trabalho e as ferramentas necessárias para as primeiras peças. Eles alugaram um imóvel nas proximidades de casa e montaram uma pequena oficina. O desejo agora é expandir a produção à medida que conseguir adquirir outros equipamentos. “Eu aprendi com o meu tio, a gente fazia no quintal do meu avô há um bom tempo atrás. Eu lembrei do artesanato e resolvi unir o útil ao agradável. A gente usa madeiras de pallets, madeira que ia para o lixo, madeira reciclada. Tenho alguns animais aqui, alguns em formato de quebra-cabeça, tenho alguns em casa também, Tenho objetos decorativos... Tem tubarão, peixe, tartaruga... É tudo artesanal. Eu fiz a marreta, a bancada, tudo fui eu que fiz”, explica. Com uma produção ainda limitada, eles contam que os brinquedos são produzidos em duas opções: pintados ou na cor natural. Os brinquedos são produzidos para várias faixas etárias das crianças, até mesmo de 0 a 3 anos. Gleydson afirma que toda a produção é voltada para a necessidade das crianças. “Nós preferimos vender assim natural e fazemos o acabamento com algum óleo mineral ou vegetal, como o óleo de semente de uva. Mas tem gente que prefere que coloque alguma cor, então a gente tem o cuidado de pintar com uma tinta atóxica. Com ele na cor natural a criança pode interferir, pinta um hipopótamo não necessariamente com a cor de hipopótamo. Para eles, é mais divertido. Eu faço pato, jacaré, tartaruga, tem porta celular, tem um jacaré que eu faço de reco-reco...”. Entrevistado antes da viajem para receber o prêmio, Gleydson ainda não acreditava que pudesse ser o ganhador. “Tomara né! Só o reconhecimento já é muito importante. Se vier o troféu é melhor ainda”. Destaque entre mais de 2 mil empreendedores [caption id="attachment_116791" align="aligncenter" width="300"] Após planejamento, peças desenvolvidas pelo artesão alagoano ganharam forma, baseadas no conhecimento e experiência da esposa de Gleydson (Foto: Adailson Calheiros)[/caption] O Prêmio Inova Jovem Empreendedor é promovido pela Secretaria Nacional de Juventude e reuniu 10 finalistas de todo o país. Eles foram selecionados após realizar um curso sobre empreendedorismo “partindo do zero”. Cerca de dois mil jovens moradores de comunidades periféricas de todo o Brasil participaram da capacitação, segundo a organização. Além de Gleydson a nutricionista Thaís Firmino da Silva, de 23 anos, também participou do curso. A partir do conteúdo apreendido ela colocou em prática um negócio de alimentação saudável no pote, a Tenutri. Ela utiliza as redes sociais para divulgação e vendas. A ideia do empreendimento é comercializar uma refeição equilibrada. “É uma refeição completa com direito a um carboidrato, uma proteína, um molho, um acompanhamento e quatro opções de salada”.