Cidades

Nenhuma cidade tem frota de ônibus totalmente adaptada em Alagoas

Dos 17 municípios que têm transporte coletivo, 11 não ofertam acessibilidade, nos outros seis a adaptação é parcial

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 06/07/2018 09h17
Nenhuma cidade tem frota de ônibus totalmente adaptada em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que nenhuma cidade alagoana tem a frota de coletivos totalmente acessível. Dos 102 municípios, 17 possuem transporte público e 35% destes, ou seis cidades, têm a frota parcialmente acessível. Ou seja, são 11 cidades sem a mínima oferta de acessibilidade no transporte público. Em todo o país a média de cidades com o transporte público totalmente acessível é de 11%. São 1.679 municípios brasileiros com transporte coletivo, sendo 820 com a frota parcialmente adaptada, 197 totalmente adaptada e 662 sem nenhuma acessibilidade. O presidente da Associação de Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), João Ferreira Lima, classifica a situação como “a pior possível”. A acessibilidade no transporte coletivo é garantida desde 2014 por Lei Federal. “A situação é a pior que se possa imaginar, é a pior possível. A gente vem lutando há muitos anos e embora exista uma legislação para os transportes, essa legislação nem é cumprida. Nós sempre estamos cobrando isso. Mas infelizmente ninguém é punido e nós continuamos andando devagar e bem devagar. Quem sofre é quem está na ponta, é quem depende do transporte público”, destaca. Segundo o presidente da entidade, a situação no interior do estado passa por outros complicadores como o transporte intermunicipal que também não tem adaptação. “No interior é pior. Na capital ainda encontramos alguns ônibus adaptados, mas no interior é bem mais difícil, também no transporte entre os municípios, feito por vans é muito difícil, porque elas não são adaptadas.” Para João, falta interesse político na questão. “A gente vê que isso está muito longe de ser cumprido. O que nós sabemos é que precisa ter uma vontade política, o que se espera é uma vontade política para isso ser cumprido, enquanto não houver isso, infelizmente vai ficar muito difícil”, avalia. A superintendente da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Estado da Mulher, Direitos Humanos e Cidadania, Dilma Pinheiro reforça que os municípios precisam cumprir o previsto na legislação. “Essa condição de pouquíssimos carros adaptados para  pessoa com deficiência demonstra o não cumprimento da legislação da Lei Brasileira da Inclusão (LBI). É preciso que haja uma movimentação tanto das entidades das pessoas com deficiência, quanto dos órgãos públicos. No ano passado a gente teve uma reunião com o pessoal da Arsal questionando o transporte alternativo, porque muitos municípios nem têm o transporte público”, salienta Dilma que é também presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência. OUTROS NÚMEROS O Perfil dos Municípios Brasileiros (2017) foi divulgado pelo IBGE e contém outras informações sobre a situação das cidades em relação a diversos aspectos. Em relação à mobilidade, um dado que também chama atenção é o número de municípios alagoanos com ciclovias, apenas 6%. Aspectos como o tipo de transporte também foram avaliados. Em Alagoas, o serviço de van está presente em 98 municípios. Em segundo lugar vem o serviço de mototáxi que ocorre em 90 cidades. Já os táxis são realidade em 67 municípios do estado.