Cidades

Ambulantes tomam conta do Calçadão do Comércio e causam transtornos

Falta de fiscalização possibilita invasão de mercadorias avulsas no comércio

Por Daniele Soares com Tribuna Independente 22/06/2018 08h29
Ambulantes tomam conta do Calçadão do Comércio e causam transtornos
Reprodução - Foto: Assessoria

Por dois dias, ambulantes tomaram conta das ruas do comércio da capital e prejudicaram lojistas e consumidores. A invasão dos ambulantes se deu porque servidores públicos do município de Maceió aderiram a uma paralisação de 48 horas, iniciada na última terça-feira (19), deixando o comércio no Centro sem fiscalização ativa. A paralisação aconteceu com o intuito de cobrar da prefeitura melhoria salarial para as categorias.

Para o presidente da CDL, Fernando Azevedo, os ambulantes trazem prejuízos aos lojista, já que os consumidores ficam divididos na hora da compra. “Quando ocorre o aumento de ambulantes no centro comercial, existe um esvaziamento dos consumidores nas lojas. Isso prejudica demais nossas vendas. Como se trata de uma área pública só o poder público pode fiscalizar e usar a lei de acordo com o código de postura. Estamos marcando uma reunião com os órgãos municipais para que seja dada uma solução o mais breve possível”, informou Fernando Azevedo.

E o resultado negativo já é notadamente visível no caixa registrador. Isso é o que afirma Thaís Karyne, gerente de uma loja de acessórios. Ela disse que essa invasão tem feito cair o movimento. E que o maior incômodo é ter que ver os ambulantes chamando a atenção dos clientes que iriam entrar na loja e não poder fazer nada. “Todo dia tem ambulante aqui em frente à loja. Mas nesses últimos dias aumentou bastante. Como eles não pagam impostos vendem o produto mais barato e muitos clientes deixam de vir aqui. Isso nos prejudica muito”, informa Thaís. Ela também explica o benefício de se comprar as mercadorias na loja ao invés de barganhar com ambulantes.

“A gente fala para os consumidores que não adianta ir em busca do mais barato. Aqui na loja os produtos têm garantia e eles são originais. Se der algum problema, podem vir trocar. Já com ambulantes, será uma compra perdida”, adverte.

Já para o ambulante Luan de Almeida, o fato de ter fiscais no Centro de Maceió, não o inibirá a ponto de ele parar as vendas. Ao ser questionado do porquê de estar comercializando naquela localidade, visto que é uma situação irregular, foi direto ao responder. “Não tenho outra escolha. Eles (a prefeitura) não dão oportunidade. Se nos dessem algum lugar pra trabalhar a gente iria. Mas o local que eles disponibilizam não dá pra conseguir o dinheiro para a bolacha dos meninos. Aí eu prefiro ficar assim, arriscando a perder tudo”, informa o ambulante.

Consumidores se dividem sobre camelôs no comércio  

As opiniões a respeito da legalização dos ambulantes nas ruas do Centro de Maceió divergem de pessoa para pessoa. Conforme Rute da Silva, consumidora que estava passando pelo calçadão, não há incômodo nenhum em dividir o espaço com os camelôs. “Mesmo que os ambulantes estejam de forma ilegal eu não me importo. Eles estão fazendo o trabalho deles. Acho que deveria legalizar esse serviço porque estão todos se esforçando para ganhar o pão de cada dia”, recomenda Rute.

Em contrapartida, Rogério Pereira que também estava passando pelo calçadão de Maceió, diz ficar muito incomodado com o número de ambulantes que transitam pelo Centro. “Me incomoda bastante. Eles não têm um padrão certo. Colocam as bancas de qualquer forma, impedindo e atrapalhando a gente de passar. Acho que deveria haver uma fiscalização mais intensiva”, sugere.

Ainda no Centro da cidade, a equipe da Tribuna Independente registrou fiscais da Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (SEMSCS) aglomerados em um ponto do calçadão. Ao serem questionados a respeito da falta de fiscalização, eles apenas informaram não terem a guarda para fazer as apreensões. “Estamos esperando o resultado da assembleia que está acontecendo agora pela tarde, (ontem). Só então vamos ver de que forma nos posicionaremos”, explica um dos fiscais que não quis ser identificado.

Já em contato com assessoria de comunicação da SEMSCS, fomos informados que o órgão não aderiu a paralisação, e que o trabalho de fiscalização segue normalmente no Centro de Maceió, inclusive com o apoio da Guarda Municipal.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió (Sindspref), Sidney Lopes, no dia 9 de julho haverá uma reunião com a prefeitura, a fim de entrar em um acordo que satisfaça as categorias. Até lá, os serviços funcionarão de forma regular.