Cidades

Geólogos concluem primeiras análises sobre tremor em Maceió

Ainda não foi possível chegar a nenhuma explicação do que pode estar causando as rachaduras no bairro do Pinheiro

Por Lucas França com Tribuna Independente 14/03/2018 11h48
Geólogos concluem primeiras análises sobre tremor em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Os geólogos do Serviço Geológico do Brasil, também chamado de Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) – nome de fantasia que advém da razão social da companhia, ainda não chegaram a uma conclusão do que está causando as fissuras em ruas do bairro do Pinheiro. Segundo eles, uma nova etapa de estudo deve ser feito nas próximas semanas. Os técnicos concluíram os primeiros levantamentos sobre as possíveis causas de fissuras nesta terça-feira (13) após reuniões, apresentação de relatórios e visitas nos locais onde houve o registro do fenômeno. A reunião foi viabilizada pela Defesa Civil junto a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com os professores Ricardo Queiroz e Roxana Campos, que têm suas teses de pesquisa relacionadas ao assunto e que podem colaborar com a identificação das possíveis causas para subsidiar os técnicos da CPRM no estudo, acrescentando as informações já repassadas pelo Município sobre a situação. As reuniões também foram acompanhadas por interagentes da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. O pesquisador em geociência lotado na superintendência da CPRM em Recife, Raphael Melo esclareceu o trabalho iniciado. “Inicialmente viemos identificar a ocorrência das fissuras. Pelos relatos, o processo teve início no dia 15 de fevereiro, quando houve um volume de chuva alto na cidade, e no dia 3 de março, após outra chuva e o sismo, este processo se intensificou. Então um dos primeiros pontos que podemos inferir com base nestes registros é que a água está induzindo o processo e o tremor foi apenas um catalizador, visto que é um fenômeno natural. O que precisamos entender agora é o que está gerando essa concentração de água, o que está fazendo com que ocorram as fissuras e o motivo da propagação”, disse Raphael Melo. Uma nova visita será programada para as próximas semanas, e uma nova etapa do estudo. Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, Dinário Lemos, desta vez será realizada uma investigação geofísica de subsuperfície com a utilização de um georadar, conhecido como GPR, para penetrar o solo e obter informações que podem esclarecer as causas, além de definir soluções. Ao final da visita, os técnicos da CPRM informaram que ainda não é possível falar em prazos para a conclusão.  Segundo eles, é primeiro preciso entender o fenômeno para que sejam dadas respostas. Os técnicos afirmaram, ainda, que os relatórios serão emitidos à medida que o fenômeno registrado em Maceió seja entendido. “Vamos apresentar o relatório à medida que entendermos o processo. A primeira opção é a utilização do GPR para conseguir o levantamento dos dados que a gente precisa e, caso não seja viável, outros meios geofísicos serão utilizados. É importante frisar que necessitamos entender bem o que está acontecendo e, a partir disso, poderemos explicar as causas e orientar a Defesa Civil. Obviamente que entendemos o temor da população e vamos tentar buscar estas respostas no menor espaço de tempo possível”, enfatizou Raphael Melo ao ser questionado em relação a prazos para a conclusão do estudo. O equipamento está sendo providenciado pela CPRM e, quando houver a disponibilização, os técnicos voltam a Maceió para a continuidade do trabalho. Defesa Civil Municipal recomenda desocupação de casas e edifícios A Defesa Civil Municipal recomendou que os moradores de dois prédios do Residencial Divaldo Suruagy desocupassem seus apartamentos. Do total de 24 apartamentos, apenas três famílias permanecem nos imóveis, mas estão sendo orientadas a deixaram o local por precaução, visto que ainda não há uma causa definida sobre o que ocasionou as fissuras. A recomendação ainda não foi formal, já que a maior parte dos moradores deixou a parte mais afetada do residencial. A Defesa Civil continua monitorando a região diariamente está em contato permanente com os moradores e, caso seja avaliada a necessidade, pode haver a determinação de interdição. Em relação às casas, uma delas, próxima à Igreja Menino Jesus de Praga, no Pinheiro, foi imediatamente desocupada após as fissuras. Nos outros três imóveis onde as fissuras foram registradas em maior proporção, parte do interior das casas está isolada, medida seguida pelos moradores conforme recomendação. De acordo com Dinário Lemos, a recomendação foi feita por sensibilização com os moradores e, em maior parte, foi atendida. “Caso a Defesa Civil avalie a necessidade de outras desocupações ou agravamento das fissuras nos imóveis que permanecem sendo utilizados pelos proprietários, pode ser determinada a interdição”, ressalta. Ontem, a equipe de reportagem da Tribuna Independente voltou ao bairro do Pinheiro para verificar as fissuras e tentar falar com moradores das casas interditadas, mas não conseguiu ouvir nenhum. As rachaduras nas ruas e crateras a equipe constatou que algumas ficaram maiores que as registradas no mês de fevereiro.