Cidades

Defensoria Pública quer auditoria em vestibular da Uncisal

Resultado considerado oficial foi anulado pela Justiça

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 30/01/2018 08h29
Defensoria Pública quer auditoria em vestibular da Uncisal
Reprodução - Foto: Assessoria
O imbróglio envolvendo o resultado do vestibular da Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal) ganhou mais um capítulo. Agora, a Defensoria Pública do Estado recomendou auditoria nos resultados, o que segundo o coordenador do Núcleo de Direitos Coletivos e Humanos Djalma Mascarenhas é “uma tentativa de salvar o certame”. “A recomendação nossa é uma tentativa de salvar o certame. É uma recomendação, não quer dizer que eles vão acatar ainda. Até para privilegiar os verdadeiros aprovados. De fato existem pessoas aprovadas, o que nós entendemos é que se existe agora essa falta de credibilidade e desconfiança da sociedade inteira em relação à banca examinadora, é preciso uma auditoria externa para fazer análise com os espelhos de provas, cartões e respostas de alunos para divulgar uma lista real, séria e sem sombra de dúvida. Tudo vai depender do resultado disso aí [auditoria]. Mas há possibilidade de anulação”, garante o defensor público. De acordo com a Defensoria Pública, a recomendação foi encaminhada durante reunião entre o coordenador Djalma Mascarenhas, o defensor público Daniel Alcoforado, o reitor da Uncisal, Henrique Costa, a vice-reitora, Ilka Soares, o presidente da Comissão Organizadora do vestibular, Alberto Monteiro e o setor jurídico da instituição. Segundo a assessoria de comunicação da Defensoria Pública, na reunião a Uncisal apresentou os motivos da anulação do primeiro resultado. “De acordo com os representantes da Universidade, o Instituto AOCP, empresa responsável pela aplicação das provas, informou, na última segunda-feira, que havia ocorrido um erro na verificação dos gabaritos - os gabaritos do primeiro dia de prova foram analisados como do segundo e os do segundo como do primeiro dia, além disso, não houve análise das redações”, diz o órgão. À reportagem da Tribuna Independente, Djalma Mascarenhas afirmou que as informações repassadas pelo Instituto AOCP são desencontradas e que a empresa pode ter cometido erros em outros processos seletivos pelo país. “A própria Uncisal ainda tem colhido informações que são muito desencontradas, por parte da empresa. Tive a informação a respeito de equívocos em outros certames realizados por esta empresa, não de vestibular, mas concursos públicos, não no sentido de fraude, dolo, mas de erros. Independente de qualquer situação a empresa tem que ser chamada à responsabilidade”, pontua.   Uncisal afirma cumprir decisão judicial e matrículas estão suspensas até esclarecimento   Durante o fim de semana, o juiz Antônio Emanuel Dória Ferreira determinou a anulação do segundo resultado, além da suspensão das matrículas, que começariam nesta segunda-feira (29). A decisão veio após um pedido de 15 candidatos aprovados na primeira lista e excluídos na segunda. De acordo com a decisão, as matrículas ficam suspensas até que a Uncisal preste esclarecimento e seja comprovada a necessidade e legitimidade da anulação. “O ato de anular o primeiro resultado, por influenciar na esfera de direitos de tantas pessoas, e por se tratar de uma medida tão drástica, deveria ter sido minuciosamente motivado, expondo e demonstrando o que de fato ocorreu caso a caso individualmente. Em sentido oposto, a autoridade coatora, por meio da instituição contratada para organizar o certame, limitou-se a aduzir que ‘a nulidade é decorrente de problemas técnicos no sistema de cálculo de resultado’”, afirmou  o juiz Antônio Emanuel Dória Ferreira. [caption id="attachment_58346" align="alignright" width="300"] Juiz Antônio Emanuel Dória Ferreira concedeu liminar a candidatos prejudicados no certame (Foto: Dicom/TJAL)[/caption] Com a suspensão, alguns alunos ainda conseguiram realizar a matrícula no início da manhã desta segunda-feira, mas a Uncisal garantiu que cumpre a decisão judicial e que as matrículas realizadas, cerca de dez não têm efeito. Ainda conforme a assessoria de comunicação da Universidade a possibilidade de anulação tem sido avaliada. “O reitor disse que há esta possibilidade [anulação] desde que o resultado não seja confiável, caso a empresa não consiga comprovar. A partir dessa reunião vamos correr atrás, pode atrasar o semestre, mas não inviabilizar”, explicou.  “ESTRANHÍSSIMO” O promotor Sidrack Nascimento explicou à reportagem que a liminar não altera o curso das investigações por parte do Ministério Público Estadual (MP-AL).  O promotor classificou o caso como ‘estranho’, no entanto, afirmou que não é possível emitir ainda qualquer juízo de valor. “A gente pode dizer que houve algo estranhíssimo neste concurso. O que a gente pode dizer que a empresa que escolheram é de péssima qualidade. Basta jogar no Google essa empresa é possível observar que por onde passaram deixaram rastros, e um rastro horrível. Agora, isso vai depender do final das investigações. Se o caminho for a anulação, a gente vai pedir que seja feito assim”, diz o promotor que não descarta também a possibilidade de convocação da antiga gestão da Uncisal para prestar esclarecimentos sobre o caso. A apuração continua e esta semana tanto Uncisal como Instituto AOCP devem prestar esclarecimentos. Os depoimentos, previstos para hoje (30) foram transferidos para amanhã (31). “No caso do MP na quarta-feira de 9h o pessoal da Uncisal e da empresa vêm trazer essa documentação para a gente investigar. Provas, relações, espelhos de provas para saber se houve fraude.  E se houve fraude quem as cometeu. Depois dessa análise o MP entra com a ação que for necessária, ou para pedir anulação do concurso, ou ratificar a primeira ou segunda relação... Enfim a gente vai obter um juízo de valor sobre o caso”, explica. A Uncisal garantiu um novo pronunciamento após apresentar as informações solicitadas tanto pela Justiça quanto pelo Ministério Público. “Na quarta-feira haverá uma reunião com o Ministério Público e foi convidado um representante do Instituto AOCP e aí a Uncisal vai se pronunciar. Todos esses questionamentos a respeito do espelho de prova e correção eles vão ter que explicar lá. Vamos aguardar o posicionamento deles para comentar”, informou a Uncisal por meio de assessoria.