Cidades

“As pessoas deveriam usar mais os coletivos”

Arquiteto e urbanista destaca que investimento em transporte público é a forma mais inteligente para diminuir carros nas ruas

Por Lucas França com Tribuna Independente 16/01/2018 07h58
“As pessoas deveriam usar mais os coletivos”
Reprodução - Foto: Assessoria
O TH Entrevista desta semana recebe o arquiteto e urbanista Renan Silva, que falou sobre a mobilidade urbana na capital. Para o especialista, as pessoas deveriam começar a usar mais o transporte público e o não motorizado. “De fato as pessoas devem começar a usar o transporte público e os meios não motorizados. Mas, para que elas façam isso, é preciso que a infraestrutura e a utilização destes meios de transporte sejam ofertadas pelo poder público com qualidade. Elas são inteligentes e precisam se deslocar pela cidade. Seja para ir ao trabalho, a escola, enfim. E elas vão escolher o meio de transporte que melhor atendam suas necessidades. E enquanto elas colocarem na balança, que os carros, as motos são a maneira mais fácil, irão continuar usando. Porém, quando elas notarem que os meios não motorizados ou que os transportes públicos funcionam, elas migrarão. Pois, colocaram na balança e notaram que é mais benéfico”, comenta Renan Silva, ressaltando que isso só é possível quando o sistema de transporte público for de maior qualidade e com um custo benefício acessível. O arquiteto ainda deu exemplo de cidades onde os transportes públicos funcionam e disse que a população faz uso por conta do custo benefício que é mais atrativo. “A função do Governo é oferecer oportunidades à população. Dar às pessoas a forma de se locomover. Quem gosta de carro tem que ter esse direito como também às pessoas que precisam e quer se locomover de transporte público”, ressalta. Para Silva, investir no transporte público seria a forma mais inteligente para diminuir a quantidade de carros nas ruas. “O mundo todo já comprovou que não é preciso reinventar a roda. A melhor forma de resolver os problemas de mobilidade no trânsito é investir em transporte público de qualidade e incentivar os não motorizados. Isso com certeza diminui o fluxo de carros particulares. Isso é possível notar em época de férias, as pessoas se locomovem menos. Já em épocas de greve de rodoviários a gente vê que todo mundo sai de carro e o trânsito fica mais congestionado”, disse.   Arquiteto diz que cidades compactas são mais eficientes   Em relação ao crescimento imobiliário na região do Litoral Norte da capital, Renan Silva destaca que as cidades deveriam ser menos expandidas e sim mais compactas para ter mais eficiência. “O crescimento na região é horizontal e espalhado e isso prejudica também na questão de mobilidade e, além disso, terá problemas em demais setores, inclusive ambiental”, avalia. Para ele, não há controle da verticalização e nem implantação de infraestrutura de Orla como foi o caso da Ponta Verde. “Notamos isso quando as empresas dizem: Sua moradia próximo ao mar. Pé na areia. Isso muitas vezes não é o correto em relação a coletividade. Está desenfreado e prejudica  a todos, turistas, pescadores, a população de baixa renda, que muitas vezes é expulsa do local para fazerem esses grandes empreendimentos”, ressalta. O especialista fala ainda de alguns impactos ambientais e das mudanças que serão feitas no Código de Obras e Urbanismo, além da questão dos pedestres e das calçadas com desníveis. “Alguns parâmetros serão modificados. A perspectiva é que seja alterado. Às vezes, nem sempre essas obras gigantescas trazem retorno positivo. Por isso, o código trará outros parâmetros’’, opinou.     Assista à entrevista na íntegra https://youtu.be/boXZQNRFT9k