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Conectados: Alagoas tem 96 celulares ativos para cada 100 habitantes

Dados da Anatel apontam importância do aparelho no dia a dia do alagoano, o que, para especialistas, reforça a democratização ao acesso

Por Texto: Evellyn Pimentel e Lucas França com Tribuna Independente 06/01/2018 16h45
Conectados: Alagoas tem 96 celulares ativos para cada 100 habitantes
Reprodução - Foto: Assessoria

Nos quatro cantos de Alagoas é bem fácil encontrar alguém ligando ou enviando mensagens; jogando ou postando em redes sociais. Seja em casa, na rua ou no trabalho, o aparelho celular faz parte da rotina. O difícil mesmo é achar quem resista aos encantos do dispositivo.

Os dados são incontestáveis. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a cada 100 alagoanos, existem 96 linhas móveis ativas. São mais de 3,2 milhões ao todo, num estado cuja população foi estimada em 3.375.823 habitantes em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E não para por aí! Além de receber e fazer ligações, uma crescente preocupação é se manter conectado à internet. Desconectar-se é uma tarefa complicada, pois por meio da ferramenta é que muita gente fica sabendo de tudo que acontece ao seu redor.

É o caso do autônomo David Benaldo, de 29 anos, que se assume um apaixonado pelo celular. Segundo ele, a conexão com a internet tem que ser constante para o uso em demandas do trabalho, como atender clientes, enviar orçamentos, além de usar redes sociais, e para o lazer. Das cinco pessoas que moram com ele, apenas uma, que por sinal é criança, não tem o aparelho móvel.

“São cinco pessoas e todo mundo tem. Tanto a  gente usa a internet do próprio celular como a de casa. No meu caso, que uso muito para o trabalho, estou sempre olhando, usando a internet. Atendo clientes, faço tudo pelo telefone e me ajuda bastante. É difícil ficar sem ou me imaginar sem”, revela.

Na casa do jovem Kelson Lima, de 18 anos, moram quatro pessoas. Ele conta que todos têm celular, exceto ele. Mas temporariamente. “Lá em casa todo mundo tem celular. Ou a gente usa a internet de dados, ou o Wifi de casa. Só não pode ficar sem. Eu estou sem o meu há alguns dias e já estou aperreado”, conta o rapaz.

A rede mundial de computadores interligados – internet – é uma maneira muito eficiente de se ter acesso a um grande número de informações de forma simultânea, dando oportunidade de interação com outras pessoas e de debate sobre assuntos relevantes.

INTERNET FIXA

Dados da Anatel apontam que, em Alagoas, o acesso à internet fixa tem crescido em todas os municípios. O número de contratos aumentou entre 2016 e 2017. Em todo o estado foram registrados no ano passado 1.550.844 contratos de internet fixa até outubro. No mesmo período de 2016, foram 1.489.005 contratos. O ano de 2016 fechou com 1.786.806 contratos realizados.

Só a capital alagoana registrou 1.167.176 contratos de internet fixa até outubro de 2017. Já em 2016, foram contabilizados pela Anatel 1.394.982 em todo o ano. Em relação a dados de uso de internet móvel, a Anatel explica que não realiza divulgação dos dados mensalmente, como é o caso dos outros segmentos, como banda larga fixa.

Enquanto alguns optam pela utilização de internet fixa ou móvel, em meio às ruas do Centro de Maceió, a doméstica Rosemeire Batista, de 39 anos, usa o telefone para fazer uma ligação já que internet só em casa.

“Quando eu estou em casa uso a internet de casa. Quando saio, fico sem. Mas tudo na minha vida é com celular. São três pessoas na minha casa, três celulares e todos usando a internet o dia inteiro”, detalha a doméstica.

Aparelho móvel é principal meio de acesso à internet no País

O telefone celular se tornou o principal meio de acesso à internet no Brasil. Segundo pesquisa do IBGE, mais da metade dos 67 milhões de domicílios brasileiros passaram a ter acesso à internet em 2014 (54,9%). Em 2013, esse percentual era 48%.

Segundo a assessoria do IBGE, o que provocou o aumento foi a democratização de pacotes de internet oferecidos pelas operadoras de telefonia celular.

“Elas [operadoras] conseguiram ampliar os pacotes, dando mais opções para os usuários, enquanto os provedores aumentaram os preços. Muitas pessoas acessam a internet somente pelo telefone móvel”, explica.

2017

De acordo com dados divulgados pela Anatel, a telefonia móvel registrou 240.850.681 linhas em operação em outubro de 2017 no País. Em relação ao mês anterior, o serviço móvel pessoal apresentou uma queda de 212.274 linhas (-0,09%). Nos últimos 12 meses, houve redução de 6.602.968 linhas (-2,67%).

Do total de linhas móveis do país, 155.058.524 são pré-pagas e 85.792.157 são pós-pagas. No mês de outubro de 2017, quando comparado ao mês anterior, as linhas móveis pré-pagas apresentaram queda de 1.283.676 unidades (-0,82%) e as pós-pagas crescimento de 1.071.402 (1,26%). Em 12 meses, o pré-pago registrou diminuição de 15.063.960 linhas (-8,85%) e o pós-pago aumento de 8.460.992 (10,94%).

TECNOLOGIAS

As linhas 4G apresentaram crescimento de 3.901.301 unidades (4,27%), seguidas das utilizadas em aplicações máquina-máquina com mais 317.299 linhas (2,19%) em outubro quando comparado a setembro de 2017. As outras tecnologias apresentaram redução no período.

Nos últimos 12 meses, as linhas 4G apresentaram crescimento de 42.739.132 unidades (81,23%) e as utilizadas em aplicações máquina-máquina tiveram adição de 2.480.530 linhas (20,12%).

Item considerado “de luxo”, internet tornou-se necessidade

Para o gerente de sistemas de informação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Joathan Silva, o aumento do uso da internet é maravilhoso para o desenvolvimento social.

“Com o avanço da tecnologia e com acessos mais constantes a redes sociais, a população está cada vez mais necessitada de interatividade e informação, assim contratando serviços de internet até então vistos como supérfluos. Com isso, o uso de internet aumenta cada vez mais. E isso é maravilhoso para o desenvolvimento. Quanto mais a sociedade estiver conectada à internet, mais ela está presente nas redes sociais. Com isso, a formação de opinião muda muito. Novos formadores de opinião estão nascendo todos os dias e isso é bom para um desenvolvimento social”, comenta Joathan Silva.

O gerente da Secti lembra ainda de um estudo realizado pela Universidade de Chicago sobre o impacto causado pelas relações online. O estudo acompanhou 205 pessoas por uma semana, chegando à conclusão de que é mais difícil resistir às redes sociais do que dizer não ao cigarro e ao álcool.

“A dependência das redes sociais é uma realidade cada vez mais assustadora. Embora essa dependência tenha seus pontos negativos, que é a compulsividade de estar sempre ‘ligado’ a redes sociais, acaba trazendo também um novo conceito de disseminação da informação, com a propagação de informações de modo fácil, eficiente (quando divulgada corretamente) e muito mais rápida que qualquer meio de comunicação hoje utilizado. Além disso, com a evolução da tecnologia, foi possível que novas ferramentas de comunicação fossem desenvolvidas para viabilizar essa nova visão de propagação da informação. Profissionais até então desconhecidos no mercado de trabalho sugiram, trabalham em casa, vendendo a sua imagem em troca de divulgação de produtos ou serviços, acumulando seguidores que agregam credibilidade a esta inovação e, ao mesmo tempo, fomentando a dependência de estarmos sempre conectados”, ressalta Silva.

ACESSIBILIDADE

O profissional de Tecnologia da Informação, Fernando Pinto, acredita que o crescimento ocorre devido à redução nos custos dos equipamentos, como também a questão da própria junção da tecnologia.

“Esse incremento dá-se a redução no geral, seja relativo a valores ou em preço de equipamentos e com a junção da tecnologia. Telefonia mais acessível e moderna. Além disso, os serviços para acesso de internet móvel e fixo estão se tornando cada vez mais baratos. E sem contar o conjunto de informações quase que de imediato que a internet é capaz de proporcionar. Todo esse conjunto determina o número de usuários. Isso é claro na área da tecnologia da informação, onde se percebe melhor o crescimento do número de pessoas conectadas”, comenta o profissional.

Para o especialista em tecnologia da informação, quanto mais gente conectado mais informações são geradas para tomadas de decisões no contexto de informação. “Quanto mais usuários conectados em uma rede de internet, e gerando informações para o sistema de informações em tempo real, cada vez mais essas informações são tratadas para gerar mais informações e tomadas de decisão. Com a internet, dá para verificar muitos contextos. Isso transforma as cidades em cidades inteligentes, interligadas com várias informações que contribuem para um cenário diferente. A tecnologia sendo bem usada pode trazer benefícios”, destaca Fernando.

Apesar de crescimento, demanda por acesso ultrapassa 11 milhões

No Brasil são mais de 240 milhões de linhas móveis ativas, numa relação de 116,85 linhas para cada 100 habitantes. O número de brasileiros com acesso à internet ultrapassou a marca de 100 milhões em 2015, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número total de pessoas com mais de 10 anos que se conectaram cresceu 7,1% naquele ano, em relação a 2014. O acréscimo de 6,7 milhões de usuários à população brasileira na internet fez esse contingente saltar para 102,1 milhões.

Em 2015, o número de internautas subiu 57,5%. O ano de 2014 contabilizou mais da metade da população conectada à internet, foi a maior marca até então. A conectividade atingiu o patamar de 54,4%. Foi também em 2014 que o total de domicílios online ultrapassou a barreira dos 50%, chegando a 54,9%.

DEMANDA

Mas, mesmo com esse aumento, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disponibilizou, em dezembro de 2017, a íntegra dos resultados do Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo, realizado entre 2016 e 2017, indicou que a demanda reprimida por acesso à internet no País pode chegar a 11,6 milhões de domicílios.

Segundo os documentos publicados pela agência reguladora, no Brasil há 39,1 milhões de domicílios com acesso à banda larga fixa ou 3G e 4G na telefonia móvel e, se o acesso a esses serviços de telecomunicações fosse universalizado, haveria a inclusão de mais seis milhões de domicílios. Assim, o acesso dos domicílios à banda larga fixa passaria de 39,1 para 45,1 milhões.

O objetivo do Acordo Anatel-Ipea é gerar dados que possam orientar a adoção de uma política de expansão da banda larga no Brasil. “Uma boa escolha de política pública deve ser aquela que contempla a priorização com base no mercado potencial, pois é aquela que gera o maior ganho econômico além de atender os diferentes seguimentos da população”, informa o estudo.

De acordo com o texto do documento, na expansão da banda larga, a priorização do mercado potencial é o que gera maior retorno econômico, seguido pelo tamanho da população. Assim, por esses critérios, a população jovem e a de baixa renda seriam mais beneficiadas com a ampliação do acesso à internet.

No entanto, o estudo também informa que no País um domicílio urbano tem três vezes mais chances de ter acesso à internet do que um domicílio rural. Para realização da pesquisa, foram utilizados dados do Censo 2010 e da Pnad de 2015, ambos do IBGE.