Cidades

Tradições marcam a noite de Natal

Cada família celebra de uma forma diferente, algumas com certos costumes particulares que atravessam gerações

Por Lucas França com Tribuna Independente 23/12/2017 11h38
Tradições marcam a noite de Natal
Reprodução - Foto: Assessoria

As tradições natalinas parecem ser sempre as mesmas, independente do país ou região. Têm árvores de natal, luzinhas ou os famosos pisca-piscas, ornamentos, Papai Noel, confraternização em família, amigo secreto e outras. Mas, para algumas pessoas existem costumes particulares que passa de geração em geração.

Na casa da jornalista Sílvia Falcão, por exemplo, além das tradições mais conhecidas como decorar a casa com enfeites da época, montar a árvore e reunir toda a família para celebrar o Natal, a família Falcão tem o costume de partilhar tudo que não foi consumido por eles na Ceia com os moradores de rua.

“Todos os anos costumo reunir os familiares e amigos para celebrarmos o Natal. Essa tradição vem desde os nossos avós, passando para nossos pais (que já faleceram) e hoje damos continuidade. A Ceia de Natal segue a tradição com peru, tender, rabanadas, panetone, doces e frutas. E geralmente antes da ceia fazemos o amigo secreto. Também temos um costume que fazemos todos os anos. Tradicionalmente após nossa Ceia costumamos partilhar tudo que não foi por nós consumido e dai montamos pratos (tipo quentinha) e distribuímos no dia 25/12 com os moradores de rua”, contou a jornalista.

Além das tradições, Sílvia conta que para sua família o Natal significa o Nascimento de Jesus. “Somos uma família católica. A data representa o Nascimento de Jesus, que nos leva a refletir sobre a nossa própria vida. Natal é luz e benção, oportunidade de, sobretudo, pensar no verdadeiro sentido Cristão de amor ao próximo. Então, sempre pensamos em renovação, em vida que se renova pelo amor de Deus, por cada um de nós. Para nós, Natal é tempo de partilha fraterna, sobretudo com aqueles que mais precisam”, expôs.

Na família da professora Martha Sany Silva dos Santos, as tradições também seguem a linha das mais conhecidas. No entanto, também tem um diferencial.

“Montamos árvore. Temos a tradição de quem monta e desmonta. A família é pequena, então depois de tudo arrumado, vamos à missa, voltamos para ceia e aguardamos com as crianças para dar meia noite e ver o que o papai Noel deixou no quarto. Fica até uns brilhinhos com o rastro do bom velhinho. Hoje as crianças estão mais crescidinhas, mas a espera parece à mesma, deste momento de estar junto a família. Tenho um irmão que mora em São Paulo. Então, minha mãe gostaria muito que ele estivesse conosco em todos os natais. Por isso, na noite de Natal ligamos para ele  e colocamos um chapeuzinho  no telefone para simbolizar sua presença e batemos a foto”, conta.

  “Importante é celebrar o nascimento de Jesus”  

Para o Padre Elison Silva dos Santos, vice-reitor do Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Assunção da Arquidiocese da Capital, o mais importante no Natal é a celebração do Mistério da Encarnação do Filho de Deus.

“Nesta data, celebramos o mistério da Encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, que se fez homem para realizar a salvação prometida da parte de Deus, o seu Pai. A celebração do Natal nos coloca diante do mistério da fé na presença de Deus entre nós, que, como recentemente nos recordava o Papa Francisco, é a festa da fé no Filho de Deus que se fez homem para devolver ao homem a dignidade filial que havia perdido por causa do pecado e da desobediência”. Diz ainda o Santo Padre que “o Natal é a festa da fé nos corações que se convertem em um presépio para recebê-lo nas almas que desejam que do tronco da sua pobreza Deus possa germinar o broto da esperança, da caridade e da fé”, relembra.

O sacerdote diz ainda que a Celebração da Encarnação nos coloca diante do perdão de Deus oferecido por meio da vinda de Jesus, na vida pobre e humilde. “Na sua proximidade, a humanidade encontrou o verdadeiro perdão de Deus. Ele é a reconciliação do homem com Deus, e somente n’Ele nós temos acesso à graça e à misericórdia de Deus, que perdoa os nossos pecados. Por isso o Natal é a festa do perdão. Deus se faz perdão e amor em seu Filho Jesus. O convite de preparação para o Natal, que a Igreja realiza a cada ano, é o da conversão. E a conversão passa pelo perdão, já que exige reconhecer as próprias culpas e, por isso mesmo, ser instrumento do amor de Cristo que abraça a todos”, ressalta.

De acordo com o Padre Elison, a data deve ser celebrada na liturgia e na vida. “A Igreja nos convida a celebrar a data na liturgia e na vida. Ou seja, a participação da Missa do Natal e as orações desse tempo, seguida das obras de misericórdias, como também pela reconciliação. Já que celebramos Deus Menino na humildade, devemos nos desfazer de toda soberba e seguir o caminho interior. “Deixemo-nos fazer simples por aquele Deus que se manifesta ao coração que se tornou simples (Bento XVI)”, explica.

PSICÓLOGA

A psicóloga Clarice Acosta Duarte explica que a data é para aproximar as pessoas. “Estar com a família no Natal é mais do que nunca o momento de vivenciar a mensagem dada pelos os religiosos, de união, paz, amor e aproximação. Estar com a família no Natal é voltar as nossas origens. Nem tudo na vida foram de momentos bons, mas a data nos pede para reatar os laços. Essa é a importância real”, comenta a psicóloga.

A psicóloga acrescenta que nem todo mundo tem família e muitos estão distantes ou constituíram suas famílias, seja de laços sanguíneos ou não devem vivenciar esse momento de aproximação, de estar juntos, se unir, se sentir amado.

  Pesquisa aponta costumes natalinos mais seguidos no Brasil  

Segundo uma pesquisa do Google Consumer Survey, uma ferramenta de pesquisa on-line, aliados a uma análise de dados de busca e uma pesquisa em parceria com o Ibope, e divulgados pelo Google no início dessa semana, quando se pensa em Natal, os brasileiros lembram-se da figura de Jesus Cristo e afirmam que o mais importante nesta época é estar com a família.

A figura de Jesus foi resposta de 41% dos brasileiros que responderam a pesquisa, confraternizar em família foi resposta de 80% dos entrevistados.

Segundo os dados do estudo, as respostas permitiram fazer um perfil curto, mas reconhecíveis, das tradições mais comuns de Natal para os brasileiros.

Para a maioria dos brasileiros o presente não é o mais importante; a ceia é considerada o item indispensável nessa época; organizar a festa de fim de ano não é estressante; o símbolo de Natal é Jesus; Papai Noel não é a primeira referência de Natal; e Natal é para ficar em família e confraternizar; todo mundo deve ganhar presente.

Os brasileiros normalmente deixam para comprar o presente em cima da hora. As pessoas mais lembradas por eles na hora de presentear são pai e mãe (59%), filhos (50%) e amigos (34%). A maioria não abre mão de participar de amigos secretos.