Cidades

29% dos alagoanos têm até quatro anos de estudo

Pesquisa aponta ainda taxa de analfabetismo de 19,9% na faixa etária entre 15 e 17 anos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 22/12/2017 08h18
29% dos alagoanos têm até quatro anos de estudo
Reprodução - Foto: Assessoria
Pouco mais de 29% da população em Alagoas tem até quatro anos de estudo ou nunca estudou. O número foi divulgado pela Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considera informações de 2016. Os que não têm nenhum nível de instrução ou até quatro anos de estudo chegam a 29,4% da população. De quatro a sete anos de estudo representam 23,9%. Já de oito a dez anos somam 45,7%. E onze anos ou mais de estudos chegam a 31%. A média regional é de 19,9% das pessoas sem instrução. Além disso, 52,5%  da população no Nordeste não alcançou o ensino fundamental completo. Outro detalhe da pesquisa que chama a atenção é taxa de analfabetismo de alagoanos que entre 15 e 17 anos ficou em 19,4%. A média alagoana ficou abaixo da média do Nordeste que foi 14,8% e também da nacional que ficou em 7,2% para o grupo etário acima de 15 anos. Isto representa 11,8 milhões de analfabetos no país. Entre os idosos alagoanos, o percentual é ainda mais alarmante: 46,1%. De acordo com o IBGE, quanto maior a faixa etária, maior também é o percentual de analfabetos. No Brasil, inteiro houve uma relação direta do analfabetismo com a idade. A estimativa é de que 20,4% das pessoas com 60 anos ou mais estavam no grupo dos analfabetos em 2016. O percentual de homens analfabetos em Alagoas chegas a 20,2%, já entre as mulheres 18% são analfabetas. Em Alagoas, entre pretos e pardos o número de pessoas sem instrução ou com até quatro anos de estudos alcança a marca de 31,2%, enquanto brancos somam 23,3%. Segundo o IBGE, as diferenças entre raças são predominantes no país, “enquanto 7,3% das pessoas brancas não tinham instrução, 14,7% das pessoas pretas ou pardas estavam nesse grupo”, aponta o Instituto. “A taxa de analfabetismo para as pessoas pretas ou pardas (9,9%) foi mais que o dobro da observada entre as pessoas brancas (4,2%). Essa relação foi constatada em todas as Grandes Regiões”, observa o relatório do IBGE. “Falta efetividade nas políticas públicas”, afirma professora A média anual de estudo do alagoano é de 6,6 anos. A média nordestina ficou em 6,7 anos e a nacional 8 anos de estudo. De acordo com a secretária de Assuntos Educacionais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Edna Lopes, a problemática reflete a falta de efetividades das políticas públicas. “O resultado das políticas que não se efetivam aqui faz a gente pensar que não ia ser diferente. As coisas aqui não são efetivadas. Infelizmente a gente tem que de novo falar disso. Esses dados vão repercutindo, o trabalho que não se efetiva. Em Maceió, temos 82 mil analfabetos segundo o Mapa do Analfabetismo. Mas isso não é só um trabalho de Governo que resolve isso. A sociedade toda precisa se envolver também”, destaca. Edna que é também membro do Conselho Estadual de Educação acrescenta que os grupos de pretos e pardos estão em nível de vulnerabilidade mais acentuado, o que confirma os índices. “No caso das políticas públicas, a educação de Jovens e Adultos, você vai ver que a população jovem e negra é semianalfabeta ou analfabeta e a que mais morre também. É a mais vulnerável hoje”, reforça Lopes. O IBGE apontou ainda que as metas previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei n. 9.394, de 20.12.1996) para 2015 ainda não foram cumpridas. A proposta era chegar a 6,5% de analfabetismo, mas a meta ainda está longe, ficando em 7,2%  no ano de 2016 em todo o país. Segundo Edna, precisa haver comprometimento nas ações voltadas para a população em processo escolar, principalmente para os que estão longe da sala de aula. “Temos 20 anos da Lei de Diretrizes Básicas da Educação e isso não se efetivou. A garantia das políticas públicas ainda não é concreta. De fato, apostar em ações que vão para além dos programas. Porque só programas que aparecem não garantem  que o sujeito prossiga. As políticas de fato são colocadas, mas falta a preocupação em associar a escolarização do adulto, do jovem que passou da idade e não concluiu o ensino fundamental. São pessoas que estão excluídas dos empregos formais e isto nos preocupa”, diz. A reportagem da Tribuna Independente procurou a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para comentar os índices divulgados pelo IBGE. Segundo o órgão, há um trabalho de combate ao analfabetismo visando reduzir os números negativos. “A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) está combatendo o analfabetismo em Alagoas e, gradativamente, reduzindo os índices negativos no estado, tendo em vista que no ano de 2012, o índice de analfabetismo era 21,8% dos habitantes com 15 anos ou mais, e em 2016, este número caiu para 19,4%”, explicou o órgão Ainda segundo a Seduc, existem programas em atividade principalmente em relação  à educação de Jovens e Adultos. “Entre as iniciativas de redução adotadas pela Seduc está o Programa Uma Escola em Cada Esquina/Programa Brasil Alfabetizado (PBA), realizando o processo de alfabetização durante um curso de oito meses. Desde de 2015, mais de 10 mil pessoas concluíram este curso. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) também está sendo ampliada e cresceu de 18.713 matriculados em 2015, para 22.760, em 2016, só no Ensino Médio”, garante a Seduc.