Cidades

'Papai Noel dos Correios' nasceu há 28 anos em AL e ganhou o País

Coordenador do projeto diz que 1.800 cartas ainda esperam por adoção

Por Bruno Martins com Tribuna Independente 19/12/2017 08h09
'Papai Noel dos Correios' nasceu há 28 anos em AL e ganhou o País
Reprodução - Foto: Assessoria
O TH Entrevista desta semana recebeu Carlos Gonçalves, coordenador da campanha Papai Noel dos Correios, que nasceu em Alagoas há 28 anos e hoje está em todo o Brasil. Em 2017, já foram mais de 5 mil cartas adotadas desde 16 de novembro e ainda existem 1.800 à disposição dos interessados em fazer uma criança feliz ainda este ano. A campanha segue até sexta (22). Com bom tempo em atividade, o Papai Noel dos Correios já fez milhares de crianças felizes em Alagoas. O coordenador do projeto no Estado  citou o alcance da campanha com a história de uma mulher que teve o pedido atendido na infância e em 2017 estava ajudando uma criança. “Nós recebemos lá no Maceió Shopping a visita de uma mulher que morou até os 18 anos num orfanato e ela disse que aos nove anos ela escreveu para o Papai Noel dos Correios e recebeu o presente que foi uma boneca. Ela disse chorando que isso marcou demais a vida dela e que hoje, aos 27 anos, casada e trabalhando, veio retribuir a sensação que ela teve. Então é um projeto muito gratificante para todos nós que fazemos”, relata Carlos Gonçalves. O público-alvo da campanha são as crianças até 10 anos, que estão matriculadas em escola pública até o quinto ano do ensino fundamental. Caso as cartas sejam de jovens de 11 a 13, mas que ainda fazem o quinto ano, são recebidas normalmente. As escolas iniciam o envio das cartas já durante o mês de outubro. “São cartas que não precisam ser postadas. Não precisa pagar. Então, você pode deixar nas mãos do carteiro que passa na tua rua ou numa agência dos Correios mais próxima da tua casa e é um trabalho que os diretores de escolas recebem ofício em setembro”, afirma o coordenador. Gonçalves ressalta também que uma das partes importantes do projeto é manter a escrita ativa. “Nós sabemos que cada vez mais todos nós estamos abreviando muito as palavras principalmente na área da tecnologia. Então logicamente essas crianças que já nasceram dentro dessa tecnologia estão também com a escrita muito limitada e a gente faz com que com essa orientação do ofício permita que o aluno fale de sua vida para que quem for adotar”, destaca. As cartas que já foram atendidas, receberam automaticamente pelos Correios. Um exemplo de entrega foi a carta de um garoto de seis anos morador do bairro de Rio Novo, em Maceió, que pediu uma cadeira de rodas. “Chamou muito a atenção o pedido dele. A cadeira de rodas estava muito velhinha, caindo aos pedaços e ele tinha dificuldade. A gente foi conhecer a história dele. Conversamos com a mãe dele e fomos até onde ele mora. É uma espécie de grota que tem umas escadarias de difícil acesso. Como ele é cadeirante e a mãe mora só, ela tem que pedir ajuda aos vizinhos para carregá-lo até um local plano para que ele possa ir para a escola. Fizemos uma surpresa para o André e ele ficou muito feliz”, disse Carlos Gonçalves. CARTAS MARCANTES Carlos falou também dos pedidos inusitados nas cartinhas. “Teve um pedido bem engraçado. Ele disse: ‘- Papai Noel, não vou dizer a você que fui uma criança comportada, quebrei o sofá, quebrei o brinquedo da minha amiga da sala de aula. Eu não gostaria de nada pra mim, mas eu queria para a minha amiga que eu quebrei o brinquedo’. Aí a pessoa que leu a cartinha achou muito interessante. Ganhou o garoto e ganhou a coleguinha dele.” Outros casos relatados foram o de uma garota de oito anos que ganhou uma festa de aniversário com tema da Moranguinho e de uma jovem que se destaca em suas notas e pediu uma bolsa de estudos para ter oportunidade de dar uma vida melhor à sua família. “Temos os mais variados pedidos, mas lógico que tem pedido de iPhone, tablet, viagem pra a Disney, porque a gente não pode podar e nem chegar pra a criança e dizer: ‘- não, você não vai sonhar’. Ela já vive numa vulnerabilidade social extrema. A maioria não tem pai, são famílias compostas por mães ou avós, muito mal tem alimento”, frisou Carlos Gonçalves. Como o intermediário entre as crianças e os Correios é a escola, a maioria tem pedido material escolar.   Assista à entrevista na íntegra:   https://youtu.be/q2bnCssRs60