Cidades

Número de casos registrados de HIV cresce 39% em Alagoas

Entre janeiro e julho deste ano foram 442 registros em todo o Estado, contra 318 notificações em 2016

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 06/12/2017 07h54
Número de casos registrados de HIV cresce 39% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O registro de casos de HIV no Estado teve crescimento de 39% entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período deste ano. Foram 442 notificações de janeiro a julho de 2017, contra 318 em 2016. O registro de Aids, isto é, a manifestação da doença, também cresceu, foram 188 casos no primeiro semestre de 2016, já este ano, o número chegou a 202. O quadro reforça a preocupação de especialistas em torno da prevenção do contágio. É o que afirma a infectologista Margareth Monteiro. “É uma doença que vai influenciar em longo prazo. Mas muitas pessoas estão contaminadas e não sabem. As que têm consciência vêm ao consultório e quando descobrem já contaminaram outros. Por isso, a importância de conscientizar nas campanhas educativas, embora muita gente ainda tenha medo de fazer o teste”, diz. De acordo com a infectologista, o preservativo continua sendo o melhor aliado na prevenção. “Hoje em dia não se tem mais público de risco. Isso tem causado preocupação. Pessoas com múltiplos parceiros não fazem as precauções efetivas. Tudo isso faz com que a gente receba todo dia gonorreia, clamídia, todas DST’s, além do HIV. É preciso haver essa preocupação e a camisinha ainda é a forma mais segura”, reforça. A médica acrescenta que de um modo geral as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) têm apresentado alta nos índices o que demonstra uma banalização com os cuidados. “Não existe mais aquele medo de quando a epidemia começou, o receio de se contaminar embora se saiba que é uma doença que não tem cura. Talvez por muitas pessoas acreditarem que a doença está sob controle, que existem remédio, tratamento, que ninguém morre mais disso. Enfim, uma série de fatores que contribuem para essa despreocupação. Não apenas do HIV/Aids, mas de todas as DST’s, da sífilis por exemplo, que tem apresentado um aumento assustador nos casos”, pontua. Em todo o país a estimativa da Unaids, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) de combate à doença, é que tenham ocorrido 48 mil novas infecções de HIV em 2016. A também infectologista Luciana Pacheco avalia que a despreocupação, aliada com a inserção de públicos diversificados contribui para o aumento de casos. “A coisa está muito banalizada, as pessoas não estão mais se preocupando, acham que o coquetel é curativo. E aí se banalizou muito isso. Não há cuidado com as exposições. Tanto jovens como idosos, que ampliam a vida sexual, sem parceiro fixo e não têm essa cultura de proteção”, diz a infectologista. “Em Maceió, têm as unidades de referência que são o PAM Salgadinho, HU e Hospital Escola Hélvio Auto que fazem os testes de detecção. Mas precisa haver uma conscientização das pessoas, que precisam ter mais atenção a isso”, destaca Pacheco. Margareth Monteiro explica que, caso haja uma suspeição da doença, o paciente deve fazer o teste de detecção. Mesmo com resultado negativo, o acompanhamento pode chegar a seis meses para descarte do caso. “Com os exames sofisticados que temos hoje entre 20 e 30 dias já temos o resultado de uma possível sorologia positiva, mas o acompanhamento desse paciente deve ser de até seis meses. Só aí fechamos o caso. O acompanhamento vai do primeiro dia depois da relação sexual sem proteção que chega ao consultório até seis meses depois”, esclarece.