Cidades

Viver sem WhatsApp é a opção de 9% da população, diz pesquisa

Algumas pessoas acreditam que aplicativo pode atrapalhar rotina

Por Tribuna Independente 25/08/2017 07h52
Viver sem WhatsApp é a opção de 9% da população, diz pesquisa
Reprodução - Foto: Assessoria

Com 120 milhões de usuários do aplicativo Whatsapp no Brasil, fica até difícil imaginar alguém que não o utilize. Segundo pesquisa do Ibope, 91% dos internautas brasileiros são adeptos da tecnologia. Mas há quem não faça parte dessa maioria. É o caso dos professores alagoanos Guido Lessa e Laudiene Oliveira.

Professor de alemão, música e também pianista, Guido tem 53 anos e garante ser amante das tecnologias. No entanto, as redes sociais estão fora de suas preferências.

“Eu gosto muito de tecnologias. Gosto muito de carro de luxo porque vem com muitas opções de tecnologia. Tenho um robô que varre a minha casa. É sério. Também tenho máquina de lavar pratos. Sou super adepto a tecnologias. Tenho Ipad, dois computadores, mas o problema é a minha privacidade. Só não gosto dessa invasão de redes sociais”.

Ele atribui essa aversão a dois fatores: falta de sociabilidade e desejo de privacidade. O primeiro aparelho celular de Guido só foi comprado há cinco anos. O professor também não utiliza outras redes sociais como o Facebook.

“Há cinco anos atrás é que vim ter um celular para começar. Na verdade, eu não sou uma pessoa muito sociável. Eu não gosto de visitar as pessoas nem de ser visitado. Quando alguém quer me ver, tem que me ligar para saber se estou disponível. Tem esse meu lado de ser reservado e segundo porque não quero perder tempo na frente do computador. Tenho tanta coisa pra fazer na minha vida que não tenho tempo a perder. Eu não tenho Facebook. Não tenho porque não quero saber da vida de ninguém e não quero que ninguém saiba da minha vida”, argumenta.

Até os amigos já encaram a opção como natural. Ele diz que o estranhamento ocorre quando conhece alguém. Aí é necessário explicar o porquê de não usar o aplicativo.

“As pessoas reclamavam, mas hoje em dia já sabem, porque já me conhecem. Meus amigos sabem como eu sou e me protegem. Quando alguém me pergunta, eles dizem que eu não gosto”.

Guido diz também que usar o Whatsapp atrapalharia sua rotina, programada rigorosamente.

 “Sou professor universitário. Em período de provas, se tivesse Whatsapp, minha vida seria um inferno com os alunos enchendo meu saco [risos]. Eu não quero esse tipo de coisa para mim. O máximo que tenho é um e-mail. Quer falar comigo? Manda um e-mail. Estudo três horas por dia. Se eu ficar no Whatsapp ou Facebook, tenho certeza que vai me roubar tempo. Também faço academia. Essa é uma opção de querer viver minha vida”.

Professora diz que não tem tempo para aplicativo de mensagens

Com a professora de história Laudiene Oliveira, de 48 anos, os motivos são semelhantes. Ela afirma ‘não ter tempo’ para o aplicativo de mensagens. Dando aulas nos três turnos ela diz que seria inviável dispor tempo e energia para trocar mensagens instantâneas.

“Eu não gosto, mesmo assim eu não tenho tempo para ficar utilizando. Até tenho Facebook, mas não dá tempo de atualizar. Realmente, eu não tenho tempo para ficar mexendo. Eu ensino nos três horários. Aí a correria é grande. Se usasse me atrapalharia muito”.

O filho dela, Caio de 10 anos, é que utiliza o aplicativo quando algum familiar quer se comunicar ou mandar e receber uma foto. O telefone para a professora é estritamente para atender e receber ligações. “Meus amigos e familiares não reclamam. Não vejo necessidade de ter ou de usar. Quando eles [família] querem, falam pelo do meu filho”, pontua.

Para o Mestre em Modelagem Computacional, Fernando Pinto, o uso do aplicativo de mensagens instantâneas se tornou cultural. Segundo ele, é um facilitador para relacionamentos e até profissionalmente.

“Do ponto de vista estratégico, o aplicativo é muito utilizado para dirimir as dificuldades de comunicação. Dentro desse contexto a gente utiliza muito no meio corporativo. A minha equipe mesmo utiliza o e-mail apenas para a comunicação formal, mas de modo informal é pelo Whatsapp. A ideia de grupos é muito importante também”, esclarece.

Ele, que também é professor, diz que uso, no entanto, precisa ser baseado em regras para não atrapalhar a vida do usuário.

“Eu sou professor universitário e utilizo. Têm pessoas que não gostam e acham invasivo. Vai muito do perfil do profissional, porque você não controla horários das mensagens. Com o e-mail, você pode controlar quando responder. Já com o Whatsapp não. Caso você visualize e não responda pode ser considerado deselegante. É muito invasivo e imediato. É preciso estabelecer regras”.