Cidades

Governo gasta R$ 260 mil mensais para tratamento de Guillain-Barré

Hematologista diz que custos poderiam ser maiores se técnica usada não fosse do procedimento plasmaférese

Por Tribuna Independente 18/08/2017 08h09
Governo gasta R$ 260 mil mensais para tratamento de Guillain-Barré
Reprodução - Foto: Assessoria

Nesta quinta-feira (17), o jornal Tribuna Independente publicou que desde o início do surto do vírus zika em Alagoas, em 2015, já foram registrados 140 casos de Guillain-Barré. A síndrome é uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso. É decorrente das complicações infecciosas, a exemplo da arbovirose zika. A informação foi dada pelo médico hematologista Wellington Galvão, responsável pelo acompanhamento da síndrome no Estado. E os custos para tratar a doença segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) desde quando foram notificados os primeiros casos de zika são de R$ 260 mil por mês.

“A Guillain-Barré pode acontecer após qualquer quadro viral ou bacteriano, das diversas formas, desde a mais simples a mais grave. Os sintomas são paralisia dos membros inferiores e depois superiores podendo paralisar o corpo e também os mais graves que acometem a parte do sistema nervoso central. O anticorpo que é produzido para combater a infecção começa a reconhecer o organismo como invasor”, explica o hematologista.

A Sesau informou que desde 2015, quando foram registrados casos de Guillain-Barré em decorrência do vírus zika, a secretária firmou um convênio com a Santa Casa de Maceió para atender os pacientes.

O órgão disse que o tratamento feito na unidade é por meio do procedimento plasmaférese, que extremamente eficaz no tratamento destes pacientes. E para isso, o governo através da Sesau repassa mensalmente R$ 260 mil para esta finalidade.

Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresentado esta semana, avalia os impactos socioeconômicos do zika vírus na América Latina. Nele, figuram as previsões de custos de Guillain-Barré no Brasil.

Segundo as informações divulgadas no relatório, existem custos diretos que envolvem os cuidados médicos e os custos indiretos que se refere à perda de produtividade e mortalidade prematura. Cada paciente ao longo da vida tem despesas estimadas em USD 400 mil ou algo em torno de R$ 1,2 milhão. O montante de despesas estimadas no país desde 2015 chega a USD 222 milhões, quase R$ 700 milhões.

No entanto, segundo o hematologista Galvão, em Alagoas, os custos são menores porque o tratamento feito aqui foi um dos pioneiros entre os demais estados e diferenciado para pacientes com a síndrome.

“A adoção de uma técnica de transfusão e filtragem do plasma sanguíneo contribuiu de forma significativa. Nosso estado foi o com menor mortalidade. Todos os pacientes daqui não morreram porque foram tratados com plasmaférese terapêutica. Enquanto o Brasil inteiro tratou com imunoglobina. Essa foi à diferença, que diminuiu o impacto de mortalidade como o econômico”, acrescenta Wellington.

O médico conta que no estado ele foi o que mais tratou da síndrome e teve semana de atender vários casos. No entanto não confirma se foi por conta da zika, uma vez que existe uma dificuldade de se provar que o paciente teve a doença.

ESTUDO

Segundo um estudo produzido por pesquisadores brasileiros, existe uma relação do zika vírus ao desenvolvimento de síndromes neurológicas em adultos.

A pesquisa produzida por especialistas da Universidade Federal Fluminense indicou que do universo de 40 recrutados 88% apresentaram anticorpos para o zika. Sendo 29 com síndrome de Guillain-Barré, sete com encefalite, três com mielite transversa e um com polineuropatia crônica.

A probabilidade de casos de síndrome de Guillain-Barré entre pacientes infectados pelo zika é de um em 4 mil.

No ano passado foram 60 casos da doença reportados à Sesau. Desde janeiro deste ano outros 30 foram notificados ao órgão.