Cidades

Calçadas escorregadias são proibidas e responsáveis podem responder judicialmente

Apesar da norma proibir calçadas feitas de azulejos, por exemplo, basta caminhar pelas ruas de Maceió e perceber que boa parte é feita com o material, que se torna mais escorregadio com as chuvas

Por Thayanne Magalhães 01/08/2017 09h21
Calçadas escorregadias são proibidas e responsáveis podem responder judicialmente
Reprodução - Foto: Assessoria

Pela Norma Brasileira (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as calçadas das cidades não devem ser construídas com piso escorregadio, como azulejos, por exemplo. Mas, basta andar pelas ruas de Maceió, principalmente na parte baixa, para se deparar com calçadas brancas, de azulejos escorregadios, que se tornam ainda mais perigosos nos dias de chuvas.

“É uma questão de estética que vai de encontro às normas técnicas. Caso alguém se acidente em uma dessas calças, principalmente em dias de chuva quando o piso fica ainda mais escorregadio, o profissional, seja arquiteto, engenheiro, responsável técnico pela obra, pode ser acionado judicialmente pela pessoa. Qualquer pessoa que se sinta prejudicada por acionar o responsável pelo projeto da calçada”, explicou Vivaldo Chagas, conselheiro estadual do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU/AL) e professor do curso de Arquitetura.

Vivaldo Chagas explica que a terceira parte da NBR 15.575 foi uma das que sofreu mais modificações durante o processo de revisão, que se estendeu de 2011 até fevereiro de 2013, quando a versão final foi publicada.

“O texto agora não normatiza somente os sistemas de pisos internos, como constava na versão original, mas também os externos. Outro acréscimo foi a definição mais clara do sistema de pisos como a combinação de diversos elementos, o que inclui o contrapiso, por exemplo, e não somente a camada de revestimento ou acabamento”, explicou.

Ainda de acordo com o conselheiro, o novo texto da norma trouxe definições mais claras para coeficiente de atrito e resistência ao escorregamento.

“O escorregamento é um decréscimo intenso e rápido no valor do coeficiente de atrito entre o corpo em movimento e a superfície de apoio. O coeficiente de atrito, por sua vez, é uma propriedade intrínseca da interface dos materiais que estão em contato”, continuou.

Eu já caí

Muitos moradores de Maceió já se acidentaram escorrendo e caindo nessas calçadas, mas poucos sabem que podem processar o responsável. “Eu estava andando na calçada do prédio do meu namorado, na Ponta verde, e caí! Tem que mandar trocar porque as pessoas se acidentam, principalmente nesse clima, com chuva”, contou a jornalista Laura Pedrosa, de 23 anos.

Outro que já escorregou e caiu em uma dessas calçadas foi Marcelo Neves, de 31 anos. “Com certeza precisa mudar esse ‘padrão’ de calçadas. Semana passada caí na calçada do edifício Pallazo Torino, na rua Dr° Noel Nutels, na Jatiúca. Tive sorte de ter tido apenas um hematoma no quadril, do lado esquerdo. Mas já cai uma vez, numa rua próxima da Praça do Skate também, que foi mais grave. Resultou numa Lombalgia mais pesada, e foram quase 3 meses de dor. O problema desse tipo de piso é quando ele fica molhado, seja pela chuva ou um funcionário do edifício fazendo a limpeza com água, fica extremamente escorregadio. É bonito, mas não adequado quando pensamos do ponto de vista usual e aplicando condições variadas a ele. Outra coisa que me faz ser a favor da mudança desses pisos são as pessoas em idade mais avançada, que tendem a ter lesões muito mais graves em quedas”, opinou Marcelo, que é estuda para concursos e é formado em Publicidade e Propaganda.

A advogada Bruna Bertolino, de 30 anos, reclama que no bairro do Tabuleiro, na parte alta de Maceió, as calçadas, além de serem feitas coo azulejos, são inclinadas. “Lá no Tabuleiro, além de serem com cerâmica que escorrega, são super inclinadas. Tem umas que eu nem arrisco a andar. Já escorreguei, mas não cheguei a cair. Mas minha mãe já caiu e se machucou”, relata.

Ressaltando a informação do conselheiro do CAU/AL, o responsável pelo projeto dessas calçadas pode ser processado por quem se acidentar.