No último dia 20 de junho, o jornal Tribuna Independente publicou reportagem mostrando que quase 70 árvores caíram na capital alagoana. A maioria das ocorrências foi entre os dias 26 de maio e início de junho, devido às fortes chuvas no Estado.

Com a chegada do inverno e a maior incidência de ventos fortes outras árvores caíram causando transtornos em várias partes de Maceió. Em menos de 24 horas, a Defesa Civil Municipal registrou aproximadamente 10 quedas de árvores em regiões da capital nesta terça-feira (4).

De acordo com os dados da Defesa Civil entre janeiro e o dia 20 de maio, quando as precipitações pluviométricas permaneciam em níveis normais, foram registradas quatro quedas de árvores. Após o dia 20 de maio, seguindo até segunda (3), já são 75 registros de quedas em decorrência das fortes chuvas e das rajadas de vento. Em 2016, de janeiro a dezembro, foram registradas apenas nove ocorrências deste tipo.

Técnicos do órgão informaram que além do volume de chuva em dias seguidos, o que deixou o solo encharcado, as rajadas de ventos anunciadas pela previsão do tempo são outro fator que aumenta a possibilidade deste tipo de ocorrência.

A equipe técnica da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds) ressalta que além dos fatores citados, outras questões também ocasionam a eminência de risco de queda, como o local onde a árvore foi plantada, a idade da planta e a questão sanitária, como pragas e doenças no caule e no solo.

PREVENÇÃO

Segundo informações da Semds, para evitar o tombamento de árvores, o órgão realizou nos últimos oito meses um trabalho preventivo que abrangeu as avenidas da cidade.

O acompanhamento feito pelo Núcleo de Monitoramento Arbóreo (Numa) realizado após uma avaliação técnica identificou preventivamente árvores com risco eminente de queda por conta dos fatores naturais e sanitários.

De acordo com a Semds foi necessária à supressão de aproximadamente 300 plantas, metade delas foram na extensão das avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima, entre o bairro Forene e a Praça do Centenário, no Farol.

O órgão esclareceu que a saúde da maioria das árvores de Maceió é satisfatória, mas isso não significa que elas não possam representar perigo durante um temporal.

REGISTROS

Ontem, uma árvore centenária de grande porte caiu na Avenida Gustavo Paiva, no bairro de Cruz das Almas, em Maceió deixando o trânsito congestionado. Equipes do Corpo de Bombeiros trabalharam no corte do tronco e galhos liberar a via. O fornecimento de energia também foi interrompido, já que o tronco caiu em cima de fios de alta tensão. 

Além desta, outra árvore tombou no bairro do Farol. O registro aconteceu quase em frente ao Quartel do Exército. No conjunto Teotônio Vilela, no bairro da Serraria, também houve registro de queda de árvore, no entanto sem prejuízos. Na reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), também houve queda de árvore. Apesar do susto em nenhuma ocorrência houve feridos.

O engenheiro agrônomo e coordenador do Numa, Valdir Martiniano explica que a chuva forte e o vento são os principais fatores de risco que ocasionam a queda de árvores. “Outro ponto que deve ser observado é o fato de que, na maior parte dessas ocorrências, as árvores que caíram foram em áreas de risco e de difícil acesso. As árvores que hoje são plantadas na parte urbana devem seguir critérios e o plantio deve ser feito de forma orientada, com esclarecimentos técnicos para evitar a necessidade da supressão ou até uma eventual queda, como temos registrado”, diz.

Poda incorreta de árvores contribui para queda

Para o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL) ocorrem muitas podas incorretas e elas prejudicaram a saúde de algumas árvores.  “Quando a árvore fica com a saúde vulnerável ela começa a apresentar galhos frágeis e podres e a população pode perceber estes detalhes e entrar em contato com a Secretaria do Meio Ambiente Municipal e outros órgãos que atuam na preservação do meio ambiente. Assim, eles enviam suas equipes para avaliar o estado de saúde da árvore e efetuar podas corretas ou abate da árvore”, disse a major Elaine Monteiro, da assessoria do CBM/AL.

Para o CBMAL, a efetuação do serviço emergencial quando a árvore está pondo em risco uma casa ou área em que haja circulação de pessoas. No entanto, a corporação informou que só faz esse serviço em situação de risco iminente porque caso contrário cometeria crime ambiental. Por isso, antes de qualquer eventualidade a orientação é esperar a secretaria responsável.

ESPECIALISTA

A botânica Flávia Moura disse que quedas de árvores em época de bastante chuva e ventos fortes são comuns.

“As quedas dessas árvores são comuns também em zonas rurais, mas os transtornos causados são menores. Na zona urbana geralmente causam prejuízos por isso é muito importante planejar a espécie e o local a ser plantado”, comentou a botânica.

DEFESA CIVIL

A Defesa Civil reforça que, em caso de qualquer ameaça ou até suspeita por uma avaliação leiga tecnicamente, a população deve acionar o atendimento emergencialmente por meio dos números 0800 030 6205 ou 3315-1437. O órgão também orienta aos condutores a evitar que veículos sejam estacionados próximo de árvores, já que as rajadas de vento podem ocasionar a queda de galhos ou da própria planta.

Previsão é de chuvas e ventos no litoral nos próximos dias

De acordo com o meteorologista Vinícius Pinho, da Sala de Alerta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), a previsão do tempo para os próximos dias em Alagoas é de chuva até amanhã (6). A Sala de Alerta também emitiu um aviso meteorológico em relação ao aumento na intensidade dos ventos na faixa litorânea do Estado.

“Emitimos um alerta na noite da última segunda-feira (3) e seguiu até a noite de ontem (4). Há possibilidade de rajadas de vento, que podem atingir a velocidade de até 50 km por hora”, explica.

Para hoje (5), a previsão é de tempo instável com chuvas isoladas nas regiões do Litoral e Zona da Mata. No Agreste e Sertão, existe a possibilidade de chuva leve e passageira intercalando com períodos de sol entre nuvens. E para amanhã (6), a previsão continua de tempo instável com chuvas isoladas, nas regiões do Litoral e Zona da Mata. No Agreste e Sertão, existe a possibilidade de chuva leve e passageira intercalando com períodos de sol entre nuvens.

RIOS E LAGOAS

De acordo com o monitoramento realizado pela Sala de Alerta e a Agência Nacional de Águas (ANA), verifica-se que os rios estão com seus escoamentos um pouco elevados, porém sem risco a população. O nível das lagoas encontra-se elevado, principalmente na foz da Lagoa Mundaú, porém a tendência é que os níveis das lagoas estabilizem e comecem a baixar na quarta-feira (6).