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Chuvas amenizam seca no Agreste e Sertão de Alagoas

Meteorologista diz que volume de água armazenado dará autonomia de quatro meses às regiões

Por Tribuna Independente 02/06/2017 08h57
Chuvas amenizam seca no Agreste e Sertão de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Para uns, as fortes chuvas dos últimos dias trouxeram calamidade e perdas, mas para a população do Agreste e Sertão de Alagoas as águas trouxeram alívio.

Até abril deste ano 77 municípios alagoanos estavam em situação de emergência por conta da seca nos níveis mais críticos, extrema (S3) e excepcional (S4). No entanto, os grandes volumes de chuvas registrados na última quinzena de maio já são percebidos no mapa hidrológico do estado.

Segundo o meteorologista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) Vinícius Nunes Pinho, as mudanças por conta da chuva já são observadas. No Agreste e Sertão as chuvas ultrapassaram a média prevista. O relatório com os índices de pluviosidade do mês de maio será divulgado na próxima semana pela Sala de Alerta da Semarh.

“Já foi possível ver uma mudança no mês de maio. A tendência é que no próximo mapa a intensidade da seca seja bem menor do que a registrada nos últimos meses. Na faixa leste do estado, onde estava oscilando entre os índices mais críticos, hoje já não tem mais seca”, afirma.

O meteorologista acrescenta que as barragens e reservatórios que estavam completamente secos em muitos municípios, foram abastecidos quase em totalidade por conta do volume inesperado das últimas chuvas. 

“Hoje tem água para pelo menos três, quatro meses. O quadro mudou muito rápido. Ninguém esperava um evento como este. Foi totalmente imprevisível. A gente tinha previsão de chuvas fortes, mais intensa, mas ninguém esperava que fosse uma chuva tão intensa como foi”, diz Pinho.

Segundo o coordenador regional da Defesa Civil do Sertão, Valter Madeiro, as chuvas renovaram a esperança dos agricultores que enfrentavam a forte seca.

“Nossa realidade é a seguinte: Os tanques estão cheios, graças a Deus. Eu vou fazer 60 anos e nunca aconteceu um ano como esse com uma quantidade de chuva de forma tão rápida”, detalha.

O coordenador afirma que as regiões que estavam sendo atendidas por carros-pipa conseguiram um alívio  com o acúmulo de água nos tanques e cacimbas. O problema, segundo ele, estava em nível muito crítico e caso não tivesse chovido a situação seria desoladora.

“A gente estava numa situação crítica. Para se ter uma ideia, não tinha água nem para os passarinhos beberem. Muitas pessoas vendendo animais, agricultores vendendo tudo. Agora água tem. Os animais estão tendo água para beber. Vamos ficar numa situação mais folgada com todo mundo com um pouco de água acumulada ”, pontua o coordenador.

Mas segundo Madeiro, o problema agora é a falta de recursos para que os agricultores aproveitem o momento para novos plantios.

“O grande problema é que os agricultores estavam muito sofridos, venderam tudo para aguentar o período de seca, para dar comida aos animais. Agora chegou a hora de plantar e eles estão com dificuldades porque não têm dinheiro para as plantações”, diz.

Chuvas melhoram qualidade da água

Além de abastecer as reservas hídricas das regiões castigadas pela seca, a água armazenada servirá para melhorar a qualidade nos poços e lençóis freáticos, é o que observa o meteorologista da Semarh.

“Isso é uma coisa boa para o Sertão e o Agreste porque hoje se tem muito abastecimento por perfuração de poços. Com essa chuva, a qualidade da água desses poços tende a melhorar significativamente. Porque houve a reposição de água no solo e essa água diminui significativamente a salinidade desses poços perfurados e contribui para a melhora da qualidade da água. Além de também haver essa reposição que há muito tempo não havia”, explica.

As chuvas de maio garantiram reservas para os próximos meses nas duas regiões. Segundo Vinícius Pinho, a situação pode melhorar porque o período de chuvas está apenas no começo, com novas chuvas, mas em volume reduzido, a tendência é que as reservas aumentem, aponta o meteorologista.

“A perspectiva agora é boa. Se torna melhor ainda, porque como a gente ainda está no período chuvoso, ainda tem possibilidade de chuva. Não como essa que tivemos agora, porque foi uma chuva totalmente fora do normal. Mas a gente tem uma previsão de chuvas próxima da normalidade. Com essa quantidade de água armazenada, o quadro mudou consideravelmente para melhor, apesar dos desastres nas outras regiões”.