Cidades

“Brincar traz ganhos consideráveis”, diz psicólogo

Na semana mundial das brincadeiras livres, psicólogo explica que atividade lúdica ajuda na formação da personalidade das crianças

Por Tribuna Independente 26/05/2017 08h27
“Brincar traz ganhos consideráveis”, diz psicólogo
Reprodução - Foto: Assessoria

Estimular a brincadeira ao ar livre e de forma lúdica. Esta é a proposta da Semana Mundial do Brincar, desenvolvida internacionalmente pelo Instituto Aliança pela Infância. Entre os dias 21 e 28 de maio ocorrem ações voltadas para a primeira infância. No Brasil o projeto acontece desde 2009. Em Alagoas a mobilização quer destacar importância das brincadeiras.

O psicólogo Edberto Lessa explica que dar espaço para que as crianças brinquem e se relacionem de forma livre é fundamental para o desenvolvimento psicoemocional. Segundo ele, é por meio disto que a criança consegue se desenvolver como pessoa.

“Para a criança é uma coisa muito boa o incentivo a brincar. A criança não tem formação, o desenvolvimento da personalidade acontece a partir do relacionamento com o mundo e o ato de brincar é algo extremamente positivo. Quando uma criança tem oportunidade de brincar efetivamente com brinquedos, pessoas, ela se desenvolve como uma criança com estrutura emocional saudável. O brincar traz ganhos consideráveis”, aponta.

O correr, pular, gritar e usar o corpo, segundo o psicólogo deveria ter mais estímulo. Lessa acrescenta que os brinquedos de manipular, jogos de tabuleiro, também são importantes e utilizados até no tratamento de crianças com dificuldades emocionais.

“Antigamente, o brincar era muito mais lúdico, a crianças brincavam com outras na porta de casa, com brinquedos artesanais. Hoje, o brincar é com Ipad, celular. Ela [a criança] mergulha no mundo dos jogos e deixa tudo. Alguns pais acham aquilo ali positivo, mas isso é muito ruim, pelo fato da criança ficar presa nos jogos e na internet. Essa iniciativa [do brincar livre] proporciona uma oportunidade dela brincar com coisas que talvez nem tenha visto antes. É um resgate do lado lúdico. Até no tratamento psicológico são utilizados brinquedos para que o psicólogo identifique o problema em si. A partir daquele objeto ela começa a demonstrar dificuldades com o mundo. O brincar serve até para tratar a criança, cuidar da criança”, expõe.

Crianças têm momentos especiais em instituição

Em Maceió, a sede da Legião da Boa Vontade dedicou a semana para a interação das crianças assistidas pela entidade. Crianças a partir de 6 anos participam das atividades que envolvem brincadeiras corporais, jogos e oficinas, tudo que envolva a liberdade de ser criança.

A educadora Mirtes Santos destaca a necessidade da iniciativa.“É importante o lúdico para eles. Toda semana eles têm um dia para brincar, mas esta semana é inteira dedicada às brincadeiras. Campeonato de vôlei, futebol, totó. Mas na sala também fazemos atividades. Para eles até pequenas brincadeiras são importantes”, diz.

As crianças Alice Joana, de 7 anos, Lucas Gabriel, de 8, e Jenifer Marques, de 10, não escondem a preferência pela brincadeiras em grupo. Nas brincadeiras eles usam bolas, gestos, a voz e gastam toda a energia.

“É muito legal. Gosto de brincar com meus colegas. A brincadeira que eu mais gosto é essa com a bola”, conta Alice.

Renata Tenório, educadora social da LBV, acrescenta que a Semana do Brincar é um momento especial para as crianças. Segundo ela, os pais são peças chave no tema.

“Os pais são convidados a participar das brincadeiras coletivas tipo gincana, competição entre os pais, que é muito importante para eles. Os ganhos para as crianças são produtividade, cooperação, respeito ao próximo, que nós tentamos passar para eles e eles aprendem com muito afinco”, afima Renata Tenório.

Ainda segundo ela, a limitação de espaço, comum nos dias de hoje, atrapalha o desenvolvimento das brincadeiras por isso a importância do estímulo à liberdade de brincar e se relacionar.

“Na maioria das vezes essas crianças vivem em espaço pequenos, onde não há espaço para brincar. Só tem a rua e os pais quase não deixam por causa da violência. O uso da tecnologia também atrapalha. Aqui a gente evita, porque eles já usam muito em casa. Aqui priorizamos os jogos tradicionais, as brincadeiras tradicionais, cooperativas para que eles se aproximem mais das pessoas”, explica.