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Chuvas durante o mês de abril ficam abaixo da média esperada em Alagoas

Primeiro mês da quadra chuvosa não atende expectativas e situação continua crítica em municípios afetados pela seca

Por Tribuna Independente 03/05/2017 10h23
Chuvas durante o mês de abril ficam abaixo da média esperada em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

As expectativas de chuvas durante o mês de abril em Alagoas não foram confirmadas. Os serviços meteorológicos do estado e Defesa Civil afirmam que as precipitações continuam abaixo da média, não resolvendo a situação da seca, que continua crítica em todo o estado.

O meteorologista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Vínicius Pinho diz que as previsões para o mês de abril eram de chuvas acima do que havia sido registrado em anos anteriores, contudo, os volumes não corresponderam.

“Abril com certeza vai ficar abaixo da média e com isso, a questão da seca permanece no estado. Porque essa chuva no mês de abril,  com volumes razoáveis, apesar de abaixo da média, não é suficiente para resolver o problema da seca. Estávamos com uma expectativa boa, o que não se confirmou. Ainda nos primeiros dias do mês tivemos chuvas generosas, mas não ocorreu no restante do mês. A gente precisa de muito mais chuva para resolver”, afirma.

As perspectivas, segundo o meteorologista, é que nos três meses seguintes haja um volume considerável e intenso. “Maio, junho e julho a tendência é que tenhamos volumes significativos de chuva, próximos da normalidade. A perspectiva se mantém essa”, explica.

Segundo Pinho, os volumes registrados ainda não foram suficientes para acúmulo. Caso a situação continue, há a preocupação de que não se acumulem reservas nos mananciais para o período do Verão.

“Nossa preocupação é exatamente quando acabar o período chuvoso. Será que vai ser suficiente para armazenar para o próximo período chuvoso se continuar da maneira que está? Do jeito que está com certeza não vai dar. Isso vai ser um grande problema, porque no último ano [2016] choveu muito pouco. Nos dias de inverno tinha um pouco de água, mas no momento que parou de chover não se tinha água armazenada e o pós período chuvoso foi muito seco, não se tinha água nem para beber”, acrescenta.

Segundo Massilon Mendes, coordenador regional da Defesa Civil do Vale do Paraíba, as chuvas foram insuficientes. “Aqui na região do vale do Paraíba choveu 150mm. Não passou disso. A perspectiva era de 230mm. Foi muito abaixo da média. É uma seca verde, as águas molham, fazem a vegetação crescer, mas reserva hídrica nenhuma. São chuvas isoladas, não são chuvas uniformes. Esperamos que melhore. Não é ser pessimista, é ser realista. Vamos esperar esses meses para que nesse ínterim tenha chovido mais um pouco e abastecido pelo menos a metade dos mananciais que estão totalmente vazios.”

Chuva resolve problemas pontuais no Estado, que depende de vários rios

As chuvas registradas em abril serviram para amenizar as dificuldades de abastecimentos em cidades servidas pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). As cidades de Maceió, Capela e Paulo Jacinto, por exemplo, tiveram melhora na vazão dos reservatórios. No entanto, só a chuva não resolve o abastecimento no estado, diz Casal.

O presidente da Companhia Clécio Falcão afirma que as chuvas em Alagoas foram razoáveis, embora não tenha chovido em todas as regiões. Segundo ele, em Maceió, havia a preocupação de rodízio pelo baixo volume nos reservatórios. No entanto, a chuva, apesar de pouca, amenizou a situação.

(Foto: Sandro Lima)

Falcão diz que baixa vazão do São Francisco aumenta despesas de captação

“A chuva deu uma ajuda boa. Nós tivemos cidades que tiveram melhora. Em Capela, que a captação fica no rio Paraibinha, mais um mês ou dois teríamos que precisar de carro pipa. Ele secou totalmente, permitindo até uma limpeza profunda. Mas agora a água está vertendo. Já em Palmeira dos Índios, não houve chuva significativa que pudesse acumular água na barragem Carangueja, que abastece 70% da cidade. Lá continua crítico. Em Maceió melhorou na bacia do Pratagy e Paulo Jacinto também. Tem que ver caso a caso”.

Para Casal a preocupação com o volume dos reservatórios está relacionada também com a vazão do São Francisco, de competência federal.

Clécio Falcão, afirma que dos 77 municípios alagoanos abastecidos pelo serviço, metade deles, depende das águas do Rio São Francisco, o que problematiza ainda mais a questão.

É que o Rio São Francisco, teve redução de vazão autorizada pela Agência Nacional de Águas na semana passada. De 700m³/s passará para 600m³/s, o que dificultara a captação nos 14 pontos de coleta que a Casal tem ao longo do Velho Chico.

“A vazão foi reduzida e a situação piorou. O Rio baixa seu nível, se afasta das margens e fica mais difícil de captar. Boa parte do estado tem como única fonte de abastecimento, o São Francisco. Isso prejudica todo o sistema do Sertão, Região da Bacia Leiteira, Agreste. Não tem propriamente o risco de desabastecimento, mas nós ficamos com mais dificuldades, temos que fazer mais investimentos”, diz.

“Tudo isso aumenta muito as despesas e traz uma série de problemas. Há uma redução, mas não desabastecimento. Não conseguimos manter a vazão. Em Arapiraca mesmo reduzimos em 50%, quando há a redução pode nos obrigar a fazer rodízio, mas não chega a desabastecer”, esclarece Falcão.