Cidades

Faltam remédios para tratar crianças com microcefalia em Alagoas

Descontinuidade pode atrapalhar e até agravar quadros clínicos dos bebês

07/04/2017 08h53
Faltam remédios para tratar crianças com microcefalia em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Os medicamentos Gardenal e Sabril, indispensáveis para o acompanhamento da microcefalia tem faltado há meses em Alagoas e prejudicado os pacientes. As Secretarias de Saúde do Estado e de Maceió reconheceram a falta, mas não têm prazo para chegada de novos lotes.

“O Gardenal faz efeito durante uns três ou quatro dias, no máximo. O gardenal é o mais barato de todos, nem justifica estar faltando. Mas o Sabril tem uma ação mais rápida. O certo é não passar nenhum dia”, expõe a neurologista Lúcia Helena Reis.

A interrupção do tratamento é extremamente danosa aos pacientes com microcefalia. Segundo a neurologista além de atrapalhar a falta pode agravar os casos.

“A criança pode vir a ter crises convulsivas e piorar o déficit na cognição, déficit motor. Na criança que tenha esse problema [microcefalia] pode acarretar nisto. Parar a medicação prejudica a evolução do tratamento. Na verdade, não poderia passar nenhum dia sem o medicamento, porque é muito danoso para o cérebro”, aponta.

As crianças que necessitam das medicações são cadastradas para receberem de forma gratuita nas centrais de distribuição tanto do município como do estado. A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió confirmou a falta do medicamento Gardenal, que é anticonvulsivante, isto é, controla as crises convulsivas comuns nas crianças com microcefalia. O órgão informou, por meio de nota, que a aquisição de novos lotes não tem prazo para ser concluída.

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que a compra do medicamento Fenobarbital (Gardenal) para crianças com microcefalia foi licitada (processo nº 23766/2016) e está aguardando a conclusão do processo para aquisição do produto”, diz o texto.

Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclareceu que o Sabril será adquirido em processo emergencial, embora não haja prazo para que seja finalizado. Segundo o órgão, os responsáveis podem solicitar novas prescrições com medicamentos disponíveis nos estoques enquanto o processo seja resolvido.

“As mães dos pacientes com microcefalia podem solicitar aos médicos que prescrevam, ao invés do Sabril, os medicamentos lamotrigina, topiramato ou gabatentina, que também são anticonvulsionantes e estão disponíveis no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf)”, informa a Sesau.

Segundo Lúcia, a substituição só pode ocorrer para o medicamento Sabril. No caso do Gardenal a substituição é inviável. A médica também afirma

“No caso do Sabril pode haver uma substituição que não gere prejuízos, com outros medicamentos. O gardenal é o melhor para crianças, porque são novinhas. Os outros dão efeitos colaterais muito grandes para as crianças”, ressalta.