Cidades

Contágio pelo Aedes cai 98% comparado ao mesmo período de 2016

Mesmo com a redução expressiva de mais de 90%, não é hora de comemorar; novo surto ainda é possível, diz poder público

Por Tribuna Independente 28/03/2017 09h14
Contágio pelo Aedes cai 98% comparado ao mesmo período de 2016
Reprodução - Foto: Assessoria

Os casos de zika e chikungunya no estado tiveram redução de 98% em relação ao mesmo período de 2016.

A diminuição também ocorreu nos casos de dengue, foram 95% de retração. Mas para os órgãos responsáveis, a queda é vista com cautela, pois novos casos podem surgir ainda no primeiro semestre.

Nos três primeiros meses de 2017, foram 215 ocorrências de dengue, 12 de zika e 25 de chikungunya. No mesmo período do ano passado foram 4.819 notificações de dengue, outras 743 de zika e 1.387 de chikungunya.

Alagoas, que chegou a ter uma média de 63 casos de dengue por dia no primeiro trimestre de 2016, apresenta agora uma média de 3 notificações por dia em todo o estado.  Ao todo foram 252 notificações das doenças em 2017, contra 6.949 do mesmo período anterior.

Apesar da retração expressiva, para os órgãos públicos responsáveis, não é momento de comemorar. Os resultados ainda estão sob análise e um agravo no número dos caos ainda é possível com o início do período chuvoso, garante a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). 

Especialistas afirmam que três fatores são determinantes para a redução: escassez de chuvas, ciclo da doença e circulação viral.

Sesau Baixos índices de chuvas estão associados com queda nos casos

Para Daniele Castanha, da gerência de vigilância e controle de doenças da Sesau, ainda não há uma definição para o que realmente motivou a diminuição dos casos de dengue, zika e chikungunya em Alagoas.

Mas segundo ela, é possível estabelecer uma ligação entre chuva e proliferação do vetor. Também é possível haver um aumento expressivo de casos ao longo do ano, uma vez que os criadouros de mosquitos podem ser acionados com a chegada do período chuvoso.

“O que a gente alega, porque a gente não pode afirmar nada, é em relação ao clima. A gente esperava chuva e não teve chuva. A gente sabe que o ovo fica em local seco até 450 dias esperando o acúmulo de água para eclodir. A gente se preocupa com as chuvas que estão para chegar, para que quando comecem, este ovos não encontrem água para eclodir”, argumenta.

Daniele diz que é preciso haver conscientização da população para o combate efetivo do mosquito.  “A gente não pode dizer que essa redução é pela ação da população. A gente não sabe o comportamento dessas doenças no organismo das pessoas, a gente está pedindo que as pessoas não achem confortável a redução. Se tivermos um período chuvoso e não atingirmos esse ‘boom’, um aumento expressivo nos casos, aí sim podemos dizer que houve redução de fato”, ressalta.

Maceió registrou este ano 82 casos de dengue, 24 de zika e 96 de chikungunya. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aumento no número de casos é algo esperado. “Apesar de estar num período de intenso calor, as chuvas estão previstas para maio. Assim, espera-se um aumento de casos para maio, junho e julho, uma vez que ainda há muitas pessoas suscetíveis, principalmente para zika e chikungunya”, afirmou o órgão por meio da assessoria de comunicação.

Infectologista Zika e chikungunya podem ter mesmo sintomas da dengue

A infectologista Luciana Pacheco explica que o ciclo epidemiológico da dengue, isto é, o período em que a doença apresenta surtos, pode durar entre dois e três anos. Esta seria, segundo ela, uma possível causa na redução de notificações das doenças, já que zika e chikungunya podem apresentar a mesma forma de atuação.

“Temos observado que o ciclo da dengue dura dois anos a três e neste período a doença  apresenta um avanço nos casos. Isto explicaria porque temos em 2017 menos casos da doença. Como zika e chikungunya são doenças novas e não sabemos ao certo como se comportam é possível que tenham o mesmo padrão”, expõe Pacheco.

Para a especialista, a redução não pode ser associada ao cuidado da população, que segundo ela, não acontece como deveria. O engajamento no combate ao vetor ainda é o principal complicador para o controle da doença, afirma.

“Definitivamente não foi a ação da população que resultou nisso [a queda]. Na verdade ainda temos grandes dificuldades porque parece que a população não se incomoda muito com o combate ao aedes aegypti”, garante a infectologista.