Cidades

Alagoano pode estar consumindo carne estragada de empresas JBS e BRF

Vigilância Sanitária ainda não tem posicionamento sobre que ações adotará

18/03/2017 08h16
Alagoano pode estar consumindo carne estragada de empresas JBS e BRF
Reprodução - Foto: Assessoria

Os alagoanos podem estar consumindo carne estragada. Uma operação da Polícia Federal (PF) desencadeada na sexta-feira (17), denominada ‘Carne Fraca’, apurou que vários frigoríficos do Brasil vendiam carne vencida. Entre produtos químicos e produtos fora da validade, há casos até de inserção de papelão em lotes de frango e carne de cabeça de porco em linguiça. Segundo a PF, também há casos de troca de etiquetas de validade.

A operação envolve grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Em Alagoas, os principais órgãos fiscalizadores do setor, incluindo a Vigilância Sanitária, foram pegos de surpresa.

Alguns desconheciam o assunto, enquanto outros ainda vão tomar medidas preventivas. O coordenador da Vigilância Sanitária de Maceió, Ednaldo Balbino, foi procurado pela reportagem e afirmou que já existem agentes do órgão fazendo um trabalho de fiscalização rotineiro em frigoríficos e supermercados localizados no município.

“Primeiro, esses produtos passam pelo Ministério da Agricultura e pela Adeal [Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas], e depois repassam para os fornecedores”, afirmou o coordenador, que desconhecia a operação da PF e também disse não haver um posicionamento, no momento, da Vigilância Sanitária Municipal quanto ao assunto, tendo apenas a fiscalização de rotina.

A assessoria da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) afirmou não ter também nenhum posicionamento quanto ao assunto e que todo município tem uma vigilância municipal de Saúde, que tem a função de fazer a inspeção em feiras livres, supermercados e açougues, do pescado e da carne consumida. “Esse é um trabalho de fiscalização de rotina, não é só porque teve essa operação”, disse a assessoria do órgão.

A Sesau também informou que as vigilâncias municipais têm poder de polícia e, se encontrarem irregularidades em carnes vendidas em supermercados e açougues, por exemplo, podem lavrar um auto de infração. Podem ainda interditar e multar o estabelecimento, além de caçar o alvará de funcionamento. 

ADEAL

Agência deve traçar metas sobre o assunto

O presidente da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), Rui Alves, disse que, na segunda-feira (20), irá se reunir com representantes do Serviço de Inspeção Estadual de Produtos de Origem Animal (SIE) para traçar metas sobre o caso.

“Vamos ficar a par de todas essas notícias sobre o assunto e investigar se, aqui em Alagoas, entrou alguma carne [alvo da operação] ou não entrou, embora que nós sejamos responsáveis apenas pelas inspeções dos matadouros de Alagoas. Essas carnes que vêm de fora geralmente são fiscalizadas pela Vigilância Sanitária. Essas carnes também tem o SIF [Serviço de Inspeção Federal], ou seja, têm trânsito livre no Brasil todo. Vêm naqueles baús refrigerados, entram no Estado e automaticamente são distribuídas para os supermercados”, afirmou.

Rui Alves também disse que vai tentar marcar uma reunião com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para planejar ações que visem fiscalizar se há algum produto alvo da operação ‘Carne Fraca’ no Estado.

O superintendente do Ministério da Agricultura em Alagoas, Alay Correia, manifestou o desejo de que o caso continue sendo apurado pela Polícia Federal. “Acho que é uma vontade geral de todos os servidores do Ministério de que se apure e aqueles que têm desvios de conduta que sejam afastados, pois eles geraram um prejuízo para o Brasil inteiro e para a relação da confiança que a sociedade tem para o trabalho que o Ministério faz”, disse o superintendente.

COR E ODOR

Especialistas falaram à imprensa nessa sexta-feira sobre o assunto e afirmaram que carnes impróprias para consumo, sejam bovina, suína ou de frango, apresentam, normalmente, a cor e o odor alterados.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também falou à imprensa e recomendou que o consumidor priorize alimentos ‘in natura’ ou minimamente processados e não os embalados. Também disse para evitar alimentos ultraprocessados, seguindo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira.