Cidades

Nascente do Vale do Reginaldo dá lugar a esgoto, lixo e construções irregulares

Processo de recuperação do manancial pode durar mais de cinco anos, aponta fiscalização

14/02/2017 11h34
Nascente do Vale do Reginaldo dá lugar a esgoto, lixo e construções irregulares
Reprodução - Foto: Assessoria

Mais de cinco anos. Este é o tempo médio estimado pela fiscalização ambiental para tentar recuperar a Bacia do Vale do Reginaldo, que nasce no bairro Santa Lúcia na parte alta de Maceió, e termina com sua foz na Avenida Duque de Caxias, na Praia da Avenida.

Na manhã desta terça-feira, uma força-tarefa esteve reunida no sentido de mapear a situação em que se encontra uma das nascentes do Reginaldo, localizada no eixo principal de sua extensão, e o que foi visto mesmo preocupante não foi inédito.

“A nascente virou esgoto a céu aberto sem vegetação, o que podemos observar é que o lugar é ocupado por construções irregulares, o que não poderia acontecer de forma alguma, há muito lixo também”, frisou José Soares, coordenador geral de fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet).  

“O curso do Reginaldo está todo comprometido, sobretudo no que diz respeito às APAs – Área de Proteção Ambiental, que não condiz com a realidade do recuo, que seria de 15 metros de cada margem”, apontou.   

Na nascente onde existem obras da Prefeitura Municipal de Maceió com galerias de águas pluviais foi dado lugar ao esgoto doméstico indiscriminado. E este é um dos principais problemas encontrados durante a fiscalização ambiental, “se faz necessário implementar um trabalho de educação junto aos moradores”, ressaltou a força-tarefa, que objetiva diagnosticar os impactos ambientais e sociais da poluição da Bacia do Reginaldo.

AÇÃO CONJUNTA

Na ação de hoje, que contou com o apoio do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA), foram identificadas pelo menos dez ligações clandestinas de esgoto diretamente descartadas na nascente do Reginaldo.

José Soares informou que o procedimento seguinte será encaminhar um relatório para o Ministério Público Estadual (MPE) e coordenadores dos órgãos ambientais responsáveis para posteriormente seguir a programação das visitas pelas demais nascentes, e consequentemente autuar ou notificar, até se for o caso remover as famílias.

“A gente sabe que fica complicado desocupar as construções irregulares haja vista são mais de 400 famílias que vivem ás margens do Vale do Reginaldo, mas teria que ver uma solução, uma rede coletora de esgoto para evitar que chegue nesse prejuízo. O Reginaldo precisa ser recuperado não em curto prazo porque não há condições, é mais de cinco anos para desocupar a área, fazer reflorestamento, entre outros, o número pode ser ainda mais superior”, explicou.        

CRONOGRAMA

O cronograma de visitas à extensão do leito principal é de 13,5 Km do Vale do Reginaldo até o trecho mais famoso ‘Riacho do Salgadinho’ e deve durar cerca de quatro meses, intercalando entre terças e quintas.

A Bacia do Reginaldo ocupa uma área de 30 Km² e é uma homenagem ao juiz Reginaldo Correia de Melo, que atuava junto a órfãos da Vila Massayo, antigo nome da cidade de Maceió, no final do século XIX. Também chamado de Massayo ou Rego da Pitanga.