Cidades

Alagoas não tem praia “excelente” para banho

Segundo o IMA, nenhum dos 63 trechos de 15 cidades analisados semanalmente é classificado como 100% balneável

Por Tribuna Independente 04/02/2017 11h39
Alagoas não tem praia “excelente” para banho
Reprodução - Foto: Assessoria

É inquestionável que Alagoas tem um dos litorais mais bonitos do Brasil. E suas praias estão entre os principais atrativos para o turismo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado possui 27.848,158km² com uma costa que tem 230 quilômetros de litoral. Então, seja indo para o Litoral Sul ou Litoral Norte, ou decidindo ficar na capital, o cidadão estará rodeado de belíssimas praias.

Mas apesar de toda beleza, o que as pessoas não sabem é que nenhuma praia do litoral alagoano tem condições de balneabilidade classificada como “excelente” pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA). A informação é do Laboratório de Estudos Ambientais do instituto, que realiza semanalmente monitoramento em 63 trechos litorâneos em 15 cidades alagoanas. A equipe do IMA classificou os trechos monitorados entre bons, regulares, ruins e péssimos para banho. Foram avaliados 21 trechos no Litoral Norte, entre as praias de Paripueira e Maragogi; 22 no Litoral Sul, entre Marechal Deodoro e Piaçabuçu; e 20 em Maceió, entre os bairros do Pontal da Barra e Ipioca.

A classificação final dos 63 pontos analisados ficou definida em: nove péssimos, sete ruins, oito regulares e 39 bons. Nenhuma praia monitorada foi definida como excelente. Segundo o IMA, para analisar uma praia como excelente, teria que ser utilizado outro método (que consta na resolução 274/2000 do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama) e que não foi o utilizado pelo Laboratório. Para se chegar aos resultados das melhores e piores praias alagoanas, foram avaliados os relatórios semanais produzidos durante todo o ano de 2016. A partir deles, foram organizadas as praias boas, que deveriam estar próprias em 100% das análises; as regulares, que foram impróprias em até 25% das vezes; as ruins, que deram impróprias entre 25% e 50% do tempo; e as péssimas, em mais de 50% dos resultados.

No Litoral Sul está a maior quantidade de trechos classificados como bons: 18. Enquanto três apareceram como péssimos: rios Niquim, na Barra de São Miguel, e São Francisco, em Piaçabuçu. Já no Litoral Norte, entre Paripueira e Maragogi, foram registrados 13 pontos bons, três regulares e outros três ruins, no Rio Tatuamunha; e mais três péssimos, também em Maragogi. Naquela região, a maior quantidade de praias péssimas, ruins e regulares aparece no município de Maragogi. De acordo com o gerente do Laboratório de Estudos Ambientais do IMA, Manoel Messias, o resultado ruim da balneabilidade nessas localidades citadas se dá por forte influência das fozes dos rios Salgado, Persinunga e Maragogi. A situação na capital do Estado também não é das melhores. Apenas oito trechos foram classificados como bons: quatro analisados como regulares estão situados no Pontal da Barra, Pajuçara e Jacarecica; cinco ruins, na Ponta Verde, Cruz das Almas e Pratagy; e três péssimos, na Avenida e Jatiúca. Para Manoel Messias, as condições de balneabilidade estão sendo afetada diretamente pela presença de rios e galerias de águas pluviais. Um exemplo citado por ele é a situação encontrada na praia da Avenida em Maceió, onde os piores pontos são os que estão localizados próximo ao Riacho Salgadinho.

IMPRÓPRIOS

Período chuvoso faz crescer número de trechos

Trecho da Praia da Avenida está entre os locais considerados péssimos Toda semana equipes coletam amostras e realiza a análise conforme o que determina a resolução 274/2000 do Conselho Nacional de Meio ambiente (Conama). Os relatórios de balneabilidade são divulgados e disponibilizados no site do IMA. A qualificação é feita, conforme o que preconiza a referida Resolução, e os trechos de praias são classificados como próprios ou impróprios para banho. Geralmente no período de chuvas mais intensas há um aumento na quantidade de praias consideradas impróprias para banho, por causa da quantidade de dejetos que podem ser carregados para o mar, na maioria das vezes através de galerias de águas pluviais ou rios. Segundo os técnicos do Laboratório de Estudos Ambientais e do Gerenciamento Costeiro do IMA, a região de fozes de rios e galerias de águas pluviais devem ser evitada pelos banhistas, principalmente nos períodos de fortes chuvas.

BALNEABILIDADE

A balneabilidade é o parâmetro que permite a recreação de contato primário ou o contato direto do usuário com os corpos de água como, por exemplo, as atividades de natação e mergulho. Os critérios são definidos pela Resolução do Conama, considerando as águas doces, salobras e salinas. As praias são classificadas como próprias se em 80% ou mais de um conjunto de amostras, obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, houver no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou ainda 100 enterococos por 100 mililitros de água. A variação entre excelente e satisfatória vai depender dos números registrados por amostra analisada. As praias são consideradas impróprias, quando o trecho avaliado não atende aos critérios estabelecidos para as águas próprias. Outros fatores também são levados em consideração para avaliar a balneabilidade da praia, como a presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável à recreação; assim como a proliferação excessiva de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana.