Cidades

Estudantes não vão aceitar reajuste da passagem de ônibus calados

Representante de movimento estudantil diz que quer audiência e auditoria dos gastos do transporte público

Por Tribuna Independente 13/01/2017 09h42
Estudantes não vão aceitar reajuste da passagem de ônibus calados
Reprodução - Foto: Assessoria

Representante de movimento estudantil, Amanda Balbino diz que os estudantes não irão aceitar o reajuste passivamente. “Se me perguntarem se o movimento estudantil irá aceitar calado, afirmarei com toda certeza que não. Precisamos de um transporte público de qualidade e não sucateado com cores novas e superlotados. Queremos uma audiência e uma severa auditoria dos gastos do transporte público. Se não, continuaremos a ser a terceira capital do Nordeste a ter uma das maiores taxas do transporte público”, afirmou Amanda, representante do Movimento Correnteza (DCE/Ufal) e discente do Conselho Universitário (Consuni).

Amanda também criticou a postura do gestor de Maceió que anunciou a reunião para tratar do novo reajuste, mas não divulgou data e nem local. “A reunião para tratar do reajuste da tarifa de ônibus da capital já foi anunciada pelo prefeito essa semana, mas em nenhum momento nenhum movimento estudantil ou a sociedade civil organizada foi informada de data, horário ou local dessa reunião. Isso demonstra uma fragilidade da gestão de Rui”, comentou.

Para Amanda, o aumento da tarifa não dialoga com a realidade estadual nem Nacional.  “Afirmo isto com base nas lutas que já vêm sendo travada nos outros estados do Nordeste, como no Recife e Teresina. Dentro do contexto de crise política e econômica na qual o país vem passando, se pegarmos agora os dados do último reajuste salarial que foi por sinal o menor dos últimos anos, só prova o quanto nós estudantes e toda classe trabalhadora sentirá no bolso. Agora teremos que trabalhar para nos locomover e não mais nos locomover para trabalhar. Será que esta colocação é justa por parte dos órgãos estaduais de transporte? A quem esse reajuste beneficiará? A classe trabalhadora com certeza não é”, ressaltou.

Além da crise econômica a estudante reclama também do sucateamento dos ônibus que circulam na capital. “Enquanto a prefeitura e o Conselho fecham os olhos para a realidade socioeconômica do nosso município, as pessoas permanecem a pegar ônibus ainda sucateados, mesmo com as inúmeras promessas que a última licitação ‘vendeu’ de melhoria que na prática não vem acontecendo”, criticou Amanda.

USUÁRIOS

A incerteza do novo valor da tarifa e quando ela começa a vigorar está deixando os usuários preocupados.  Alex Santos, que precisa usar o transporte público da capital diariamente, diz que o aumento é um absurdo e nenhum usuário vai ser a favor.

“Sou contra o aumento, não só porque prejudica no orçamento da casa. E sim porque para aumentar algo, o serviço deve ser melhor. A prefeitura deveria melhorar a frota. Sei que colocaram ônibus ‘novos’. Já viajei para várias cidades do Nordeste e realmente pude constatar que temos bons ônibus. Porém, poucos”, reclama.

O que mais o incomoda é a demorada dos ônibus. “Às vezes, a gente chega a ficar 40 minutos esperando no ponto e nada de vim e, quando vem, chega lotado. Isso é revoltante. Mas mesmo assim eles querem aumentar o valor. Quem necessita é que sai perdendo, paga caro por um desconforto”, reclamou. 

Reajuste deve acontecer ainda este mês

O reajuste da passagem de ônibus na capital alagoana deve acontecer ainda em janeiro. A confirmação foi dada pelo  prefeito  Rui Palmeira (PSDB),  em entrevistas para veículos de comunicação locais na última quarta-feira (11). De acordo com o prefeito, a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) deve convocar nos próximos dias, o Conselho Municipal de Transporte para definir o novo reajuste da passagem de ônibus na capital.

A nova tarifa ainda não foi anunciada, mas se for considerado só o Índice Nacional de Preços ao Consumidor  (IPCA)  a tarifa passaria para  R$ 3,35. Mas a readequação da tarifa, que está  prevista no edital de Licitação do Transporte Público Coletivo de Maceió, também é feita com base no cálculo da inflação dos principais insumos do serviço, como combustível, manutenção dos veículos e salários dos rodoviários, “buscando manter o equilíbrio financeiro do sistema de ônibus urbano da capital”.

Atualmente a passagem de ônibus em Maceió é de  R$ 3,15. Esse valor passou a  vigorar no dia 10 de janeiro de 2016. Os R$ 3,15 pagos pelos usuários tornou  a cidade a terceira capital do Nordeste com a maior tarifa de ônibus urbanos, ficando atrás, apenas, de Recife (PE) com a tarifa de R$ 3,35  e Salvador (BA) com R$ 3,30 respectivamente.

Outras cidades do Nordeste também anunciaram o reajuste. Fortaleza (CE), onde atualmente a passagem é de R$ 2,90 vai passar a ser de R$ 3,20 e Terezina (PI), que vai de R$ 2,75 vai para R$ 3,30.

O aumento da tarifa em Maceió já havia sido anunciado no final de 2016. Segundo o prefeito Rui Palmeira, a mudança leva em conta os índices inflacionários registrados pelo município no ano passado. O prefeito informou que quem está à frente da negociação é o secretário municipal de Transporte e Trânsito de Maceió, Antônio Moura. O secretário ficou encarregado de escolher a data para a reunião com os conselheiros nesses próximos dias.

Ainda de acordo com Palmeira, no edital do sistema de integração do transporte público da cidade, consta um valor máximo que não pode ser ultrapassado. Mesmo sem dizer ao certo qual seria, ele garante que o valor tabelado evita que a passagem chegue a ser cobrada de forma abusiva.