Cidades

Compra de material escolar é desafio para pais

Preferência das crianças afeta decisão dos consumidores, que procuram conciliar qualidade, preço e desejo dos filhos na hora da escolha

11/01/2017 09h17
Compra de material escolar é desafio para pais
Reprodução - Foto: Assessoria

O ano começa e a rotina de muitos volta ao normal, as férias vão terminando e é hora de planejar a volta às aulas. Neste período começa a corrida das compras de material escolar, diversão para as crianças e sufoco para os pais, que tentam conciliar qualidade, preço e o desejo dos pequenos, mas a tarefa não é fácil.

O bancário Aparício Santos costuma levar a filha Kaleandra, de 10 anos, para comprar o material todos os anos. Para ele, a pesquisa de preços é fundamental, mas na hora de levar, a menina, que irá cursar o 5º ano, tem voz ativa nas decisões.

“Ela vai comigo para comprar o material, sempre vejo o que é necessário na lista que a escola fornece, vejo o que ela realmente vai precisar, mas entre menor preço e o que ela quer, termino levando o que ela quer”, diz.

O diálogo entre pais e filhos ajuda a resolver os impasses. Maria Selma da Silva, vendedora, sabe bem disso.   Acompanhada da filha Bruna, 10 anos, Selma prefere comprar os itens com os preços mais acessíveis.

Edinha Santos vai ceder aos desejos do filho Pedro Gabriel, que quer caderno e mochila do Homem-Aranha

“Eu já me acostumei a comprar nesta loja, procuro as coisas que estão mais em conta e converso com minha filha sobre os preços do que ela quer levar. A gente entra em acordo quando ela quer levar alguma coisa de personagem. A gente vai se entendendo”, afirma a vendedora.

Estreante no quesito compras com as crianças, Edinha da Silva Santos, diarista, vai ceder aos desejos do filho Pedro Gabriel Vasconcelos, de 5 anos. O menino vai cursar o 1º ano e já definiu que quer o caderno e a mochila do Homem-Aranha, seu personagem preferido.

NOVIDADES

Apostando todas as fichas no público infantil, as lojas especializadas investem em novidades: cadernos de personagens do momento, borrachas e apontadores de vários tamanhos, cores e formas, as famosas massinhas de modelar, além das disputadas mochilas que quanto mais diferentes melhores para atrair a criançada.

Segundo Wilker Costa, gerente de uma papelaria no Centro de Maceió, o movimento é considerado intenso nas primeiras semanas de janeiro. Ele explica que a loja esperava um crescimento ainda em dezembro do ano passado, algo que não aconteceu. A expectativa é que a procura aumente nos próximos dias. Para isso a loja já preparou o estoque com lançamentos. 

“Inserimos no estoque lançamentos em algumas áreas, como cadernos e mochilas com novos personagens como a Miraculous e a Dora Aventureira, aqueles da moda e as crianças gostam bastante. Quando os pais se antecipam, normalmente vêm sem as crianças, mas agora em janeiro é bem comum as crianças virem e decidirem o que vão levar”, frisou o gerente.

Mas levar as crianças pode não ser um negócio tão vantajoso. Agradar os pequenos pode causar desconforto aos pais que vão precisar desembolsar mais. Numa loja especializada em bolsas, a variação de preços é considerável. Enquanto um kit de bolsa e lancheira simples, sem personagem, custa R$ 120,00, outro de marca licenciada e com personagem chega a custar R$ 540,00.

Segundo o gerente, Eduardo Barbosa, alguns produtos são vendidos em duas versões, a licenciada e a imitação. “Temos várias opções, para agradar todos os gostos. Quem estiver disposto a desembolsar mais com certeza vai levar esse com o preço mais elevado, que é licenciado. Mas também temos um produto semelhante com um valor reduzido”, explica.

Procon orienta checar itens e alerta sobre exigência abusiva

As instituições de ensino fornecem listas contendo os materiais para as atividades realizadas durante o ano. O Procon-AL orienta a checagem dos itens antes de ir às compras e alerta sobre a exigência abusiva de alguns materiais.

“Os pais e responsáveis possuem liberdade de escolha para pesquisar preços e marcas. Além disso, não se pode exigir que o material seja adquirido em determinado estabelecimento, ou seja, de marca específica”, explica  a assessoria do órgão.

Edinha da Silva Santos conta que realiza a compra de todo o material solicitado pela escola, mesmo sabendo que alguns itens são dispensáveis. “Eu faço pesquisa de preço, vou em algumas lojas, olho bem os preços, mas compro sempre o que a escola pede, acho que ele vai precisar usar”.

Já o bancário Aparício, prefere optar pela seleção dos itens fornecidos pela escola, que segundo ele garante economia na hora de pagar.

O Procon divulga anualmente uma lista baseada na Lei 12.886/2013. São ao todo 42 itens que não podem ser solicitados pelas instituições de ensino. Outros 24 itens podem ser exigidos, mas com restrições de quantidade e utilização etária. 

“Dentre os materiais que não podem ser exigidos estão itens de higiene pessoal (papel higiênico, creme dental e palito de dente), medicamentos, material de escritório (caneta para lousa, fita durex, papel-ofício e toner para impressora) e outros tipos de material (como argila, brinquedo, canudinho e esponja para pratos)”. A lista pode ser consultada pelo site www.procon.al.gov.br

Outro item controverso na lista de material é o fardamento. Segundo o órgão, as escolas podem indicar locais para compra desde que possua especificidades, isto é, a farda produzida contenha detalhes que em outros lugares não seria possível confeccionar. No caso de outros estabelecimentos produzirem o mesmo item, atendendo tais necessidades, os pais podem fazer a opção de comprar em outro lugar.

Algumas escolas oferecem o serviço de taxa de material inclusa na matrícula, para o Procon esta prática pode ser desenvolvida desde que a escola ofereça também a opção de compra em outros estabelecimentos, fornecendo a lista de materiais.  Para os livros e módulos, a regra é a mesma: os pais não podem ser obrigados a comprar num estabelecimento determinado, a menos que seja comprovada a exclusividade do material.

“A instituição de ensino pode determinar qual tipo de módulo ou livro irá usar. Mas quando mais de um estabelecimento comercializa, não é permitido determinar o local em que o material será comprado”.

Pesquisar preços e ficar atento às práticas abusivas é essencial para os consumidores terem seus direitos respeitados. Os órgãos de defesa do consumidor podem e devem ser acionados em caso de atuações abusivas dos estabelecimentos comerciais e de ensino.