Cidades
"Dependentes químicos não podem ser palanque eleitoreiro", diz dom Antônio Muniz
Presidente da federação Recriar esclarece motivos para assinar decreto que regulamenta comunidades cristãs
O arcebispo de Maceió recebeu a imprensa alagoana para esclarecer o decreto e o manifesto que regularizam as comunidades que desenvolvem trabalhos com dependentes químicos para uma coletiva na Cúria Metropolitana na manhã desta quarta-feira (4). Dom Antônio Muniz declarou que a Arquidiocese não vai permitir que políticos utilizem as instituições como palco eleitoreiro. O líder religioso é presidente da Rede Cristã de Acolhimento e Recuperação do Dependente Químico do Estado de Alagoas (Recriar), federação que tem como objetivo acompanhar e promover as comunidades terapêuticas intituladas cristãs. Questionado sobre o que motivou o posicionamento da Igreja, o arcebispo disse que é fruto de um diálogo iniciado há 10 anos.
"Desde que cheguei na Arquidiocese de Maceió, em 2007, estive reunido e sempre dialoguei com os responsáveis por essas instituições para alertá-los sobre a verdadeira missão de uma casa de acolhimento que é de beneficiar aqueles que precisam e não os seus gestores", informou dom Muniz. "A ingerência política continua, há político mantendo as comunidades pensando na próxima eleição e se ele perder? os trabalhos serão encerrados?". A Recriar defende que as instituições continuem recebendo os recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, FECOEP, e outras participações do governo estadual, mas que o controle financeiro não seja centralizado em secretarias. "A utilização de secretaria só aumenta os custos internos de gerenciamento, o que já poderia ser usado para os custos dos próprios internos", explicou o arcebispo.
Os jornalistas questionaram se as onze comunidades, que já são credenciadas na Rede Recriar, se sentiam com receio de perder os benefícios concedidos por políticos ou instituições governamentais. O arcebispo foi direto: "Se for preciso, vou chamar os responsáveis pelos centros de acolhimentos, os padres e os fiéis e vamos às ruas pedir no trânsito". "O que não podemos deixar é que apenas comunidades que tenham dedo de políticos sejam beneficiadas por recursos governamentais", esclareceu.
A partir de agora, a comunidade terapêutica que quer ter vínculo com a Recriar, receber benefícios espirituais, como Missa e outras programações religiosas, e ser intitulada como cristã, ela deve seguir as orientações publicadas no decreto, assinado em dezembro de 2016, e no manifesto, divulgado na última segunda-feira (2). "As Comunidades Terapêuticas, que fizeram uma opção político-partidária e de poder, tornando-se subsidiárias, estão proibidas de usar o nome “católica” e beneficiar-se dos ritos católicos", diz o decreto.
Atualmente, cerca de 1.200 dependentes químicos estão passando por tratamento nas instituições ligadas à Rede. Na coletiva, foi divulgada a informação de que em breve será inaugurada a Unidade Rural Santa Zélia e São Luís, uma extensão da Casa do Servo Sofredor, na cidade de Messias para receber os internos da Casa, que fica localizada no Complexo Juvenópolis, em Bebedouro, e alguns apenados do sistema carcerário. A instituição vai desenvolver trabalhos no campo, com agricultura e pesca, além de desenvolver produtos artesanais.
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