Cidades

Moradores do Pontal dizem que não há fiscalização na Lagoa Mundaú

Condutor de jet ski é flagrado com garrafa de bebida e fazendo manobras radicais próximo à margem da lagoa

Por Tribuna Independente 28/11/2016 21h58
Moradores do Pontal  dizem que não há  fiscalização na Lagoa Mundaú
Reprodução - Foto: Assessoria

Atualizada às 13h26 de 29/11

Moradores do Pontal da Barra disseram que a fiscalização de veículos aquáticos na Lagoa Mundaú pela Capitania dos Portos de Alagoas é quase inexistente. Eles reclamam da falta de fiscalização desde que o pescador Osmar Oliveira foi atingido um jet ski, conduzido por José Tavares Malta Neto, no dia 11 de agosto deste ano. Ele foi internado em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE) e faleceu 16 dias depois.

A equipe de reportagem flagrou nesta segunda-feira (28), por volta das 17h, um condutor de jet ski fazendo manobras radicais com o veículo aquático próximo à margem da lagoa. Ele segurava uma garrafa de cerveja. Durante o tempo que a equipe esteve no local não verificou nenhum tipo de fiscalização.

O irmão da vítima, Davisson de Araújo Oliveira, disse que esse tipo de flagrante é comum na região, que é raro ter fiscalização e quando tem é direcionada aos pescadores. “A fiscalização aqui não existe. Agora, se um pescador for pego fora do horário permitido, ele paga multa”, comentou.

Pescadores do bairro também informaram que na lagoa é comum acontecer acidentes envolvendo jet ski, lanchas e canoas de pescadores. Segundo eles, além do acidente com Osmar, outros menos graves já haviam acontecido. “Mesmo após a morte do meu irmão, com um mês e alguns dias outro pescador foi vítima de condutor de moto aquática. Só não houve nada com o pescador porque ele conseguiu pular da canoa”, contou Davisson Oliveira.

Os pescadores também informaram que após a morte de Osmar, a Capitania restringiu a pesca nos fins de semana, deixando o espaço apenas circulação de veículos aquáticos. “Caso um pescador for pego no sábado ou domingo pescando, vai pagar multa”, disse um pescador.

Os pescadores disseram que estão se articulando para realizar uma manifestação a fim de cobrar os direitos de pescar também nesses dias.

O caso do acidente que vitimou o pescador Osmar Oliveira está sendo investigado pelo 22º Distrito de Polícia da Capital, localizado no Trapiche da Barra. Na época, o suspeito de atropelar o pescador na Lagoa Mundaú classificou o crime como um imprevisto, o que chocou os amigos e familiares da vítima.

A equipe do jornal Tribuna Independente entrou em contato com a Capitania dos Portos para saber como está sendo feita a fiscalização na lagoa e foi informada de que a pessoa responsável para responder a esta demanda não se encontrava. 

A equipe do jornal Tribuna Independente entrou em contato com a Capitania dos Portos para saber como está sendo feita a fiscalização na lagoa e foi informada de que a pessoa responsável para responder a esta demanda não se encontrava.

Suspeito de atropelar pescador é flagrado em blitz da Lei Seca

Na noite do último sábado (26), José Tavares Malta Neto, de 35 anos, foi flagrado pela terceira vez dirigindo bêbado durante operação da Lei Seca. Desta vez, no bairro do Barro Duro, em Maceió. Na época do acidente com o pescador, foi levantada a suspeita de que ele estava sob efeito de álcool.

Segundo informações do tenente Emanuel Costa, coordenador das operações da Lei Seca, ao ser abordado, José Tavares tentou enganar a guarnição. “Ele ficou brincando, fazendo gracinhas. Mas era nítido o estado de embriaguez e não havia como ignorar sua situação”, disse o tenente.

Malta Neto foi preso e conduzido ao Complexo de Delegacias Especializadas (Code), onde foi autuado, pagou fiança e, pouco tempo depois, liberado. Ele foi flagrado pelo mesmo crime em abril deste ano.

A família e amigos de Osman Oliveira informaram que já presenciaram José Tavares pilotando veículo aquático na Lagoa Mundaú, mesmo apos ter atropelado o pescado. “Eu não entendo como uma cara desses continua solto. Ele já foi pego outras vezes dirigindo embriagado, foi responsável pelo acidente aquático que matou meu irmão e ainda consegue ficar solto. A Justiça no Brasil é falha. É para os pobres”, criticou Davisson.

A família receia que José Tavares provoque outros acidentes, e cause outras vítimas. “E que outras famílias passe pelo que a gente vem passando. Já faz três meses que a gente vai à Capitania dos Portos para saber como anda o processo e informar que ele continua pilotando sua moto aquática. E toda vez, somos informados de que o inquérito já foi concluído e enviado para Brasília e aguarda retorno para saber as decisões que serão tomadas”, acrescentou Lenilda de Araújo, mãe de Osmar.

Emocionada, a esposa de Osmar fala com tristeza do acidente. “Aqui ficou só os pedaços da canoa, que a Capitania nos enviou. Ele era um homem trabalhador. O criminoso e nem seus advogados nos procuraram para falar nada. O que a gente pede é Justiça só isso”, disse a esposa da vítima dona Eliete Santos.

Em relação ao inquérito sobre a morte do pescador, o comandante Mário Teixeira, da Capitania dos Portos, informou que o inquérito sobre o caso foi encerrado em 16 de novembro e enviado ao Tribunal Marítimo. “E que enquanto não for julgado, José Malta pode continuar transitando em águas normalmente”, explicou o comandante. “Só depois que sair a sentença, ele poderá ser impedido, ou não, de continuar conduzindo a moto náutica”, disse.