Cidades
TJ diz que suspeitos detidos em Marechal vendiam terrenos que não possuíam
Levantamentos iniciais apontam que prejuízo de vítimas pode ter chegado R$ 2 milhões
Atualizada às 13h05
As Polícias Civil e Militar cumpriram mandados de prisão preventiva de cinco pessoas, condução coercitiva de outras cinco e busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (27), em cumprimento a decisão do juiz Hélio Pinheiro, da 2ª Vara Cível e Criminal de Marechal Deodoro. A operação investiga uma quadrilha que estaria praticando estelionato por meio da venda de terrenos sem sequer possuí-los. Todos os envolvidos foram conduzidos ao Complexo de Delegacias Especializadas (Code), no bairro de Mangabeiras, em Maceió.
“Segundo revelou o Delegado de Polícia, levantamentos iniciais apontaram que as condutas ilícitas praticadas pelos agentes lhes renderam vultosas quantias, causando um prejuízo de 2.000.000,00 (dois milhões de reais) a pessoas humildes, que perderam todas suas economias, sendo que tal dinheiro era, inclusive, destinado ao financiamento de campanhas políticas nessa cidade de Marechal Deodoro/AL”, diz a decisão que determinou as prisões e buscas no município.
A ação teve a participação de policiais civis do Tigre (Tático Integrado de Grupos de Resgates Especiais), Asfixia, delegacia local e militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope). De acordo com delegado Rodrigo Colombelli, de Marechal Deodoro, que coordenou a operação, a investigação durou cerca de dois meses.
A vereadora Larissa Ruana Pereira Lopes de Sena, de Marechal Deodoro, está entre os acusados e deve prestar depoimento por condução coercitiva; além do seu pai, João Reinaldo de Sena, que teve a prisão preventiva decretada. Eles são acusados de associação criminosa, estelionato e desmembramento irregular do solo urbano.
O presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Militares de Alagoas (Assmal), Theobaldo de Almeida, também deve ser conduzido coercitivamente para depor.
“Várias pessoas humildes perderam todas as suas economias apostando em um sonho que virou pesadelo, havendo indícios de que os investigados causaram um prejuízo de dois milhões de reais às vítimas”, observou Hélio Pinheiro na decisão. A Polícia Civil afirma que o dinheiro era utilizado para financiamento de campanhas políticas.
A ação do grupo criminoso ocorreria em dois loteamentos. João Reinaldo de Sena lideraria as atividades no loteamento Jeová Jireh. Três filhas de Reinaldo auxiliariam na elaboração dos contratos e recebendo os pagamentos: a vareadora Larissa Ruana, Lídia Juliana Pereira Lopes Sena e Luana Cristina Pereira Lopes Sena.
No Loteamento Acauã, a ação seria comandada por Eronildo dos Santos Costa. O subtenente Theobaldo de Almeida teria levado para conhecer esse empreendimento seus colegas associados da Assmal.
Além de João Reinaldo, foi decretada a prisão preventiva de Eronildo dos Santos Costa, José Paulo Roque de Arcanjo, Ycaro Roque Santos de Archanjo e José Luiz Da Silva.
Os mandados de condução coercitiva têm com alvo, além dos já mencionados, Lidia Juliana Pereira Lopes Sena, Luana Cristina Pereira Lopes Sena, Walter Torres da Cunha, e uma pessoa identificada até o momento apenas por “engenheiro Toni”.
Foi determinada busca e apreensão em quatro residências onde moram seis dos acusados, inclusive da vereadora Larissa Ruana e seu pai.
“O perigo de os investigados permanecerem soltos está evidente, pois já vendem terrenos há pelo menos dois anos e mesmo após as investigações, agora em 2016, eles continuam anunciando os terrenos para venda”, destacou o juiz Hélio Pinheiro.
Juiz Hélio Pinheiro, da 2ª Vara Cível e Criminal de Marechal Deodoro (Foto: Dicom / TJ-AL)
O golpe já era aplicado, pelo menos desde 2014, e o valor dos lotes variava entre R$ 20 mil e R$ 40 mil. Na operação, foram apreendidos: um cofre, na casa do sargento Roque, computador, documentos, seis veículos – uma Pajero TR4, uma caminhoneta Toyota/Hilux, duas Hilux SW4 e uma caminhoneta Amarok. Armas foram apreendidas, mas como têm registro serão devolvidas.
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