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Editorial Dia das Mães: ser mãe é também ser consciente

Por Meire Martinho/Abracopel 06/05/2024 12h44
Editorial Dia das Mães: ser mãe é também ser consciente
Mães dos pequenos sabem que, como a maioria das crianças, eles são muito arteiros, inquietos, curiosos, exploradores. - Foto: Divulgação/Abracopel

Criança pequena exige cuidados constantes. São grades em janelas para evitar quedas, produtos de limpeza em locais inacessíveis para os pequenos, panelas tampadas e com os cabos voltados para dentro do fogão e protetores de tomadas para evitar choque elétrico.

Ok, todas as iniciativas acima são válidas e necessárias. Porém, se você não cuida da instalação elétrica da sua casa, o protetor de tomada não vai adiantar para nada, pois existem outros perigos que rondam as crianças dentro de casa.

As mães dos pequenos sabem que, como a maioria das crianças, eles são muito arteiros, inquietos, curiosos, exploradores... Tudo isso é ótimo. Sinal de saúde, certo? Certíssimo! É maravilhoso ver os pequenos crescerem e se desenvolverem, explorando o mundo à sua volta. Mas, entre tantas características que nós, mães, precisamos ter, uma precisa se destacar: precisamos estar o tempo todo em alerta! Eu sei que muitas mães podem até me criticar por dizer algo que ‘naturalmente toda mãe é’.

Afinal, que mãe não é alerta em se tratando de seus filhos? Certo? Infelizmente, a resposta é: errado! E digo isso com dor no coração. A mesma dor que sinto quando abro meus alertas de notícias para computar os dados estatísticos de acidentes com eletricidade pela Abracopel, e me deparo com notícias de crianças eletrocutadas e até queimadas dentro de casa.

Em 2023, segundo dados do Anuário Estatístico de Acidentes de origem elétrica da Abracopel, 28 crianças entre zero e 10 anos morreram por choque elétrico, se estendermos para até 15 anos, esse número quase dobra para 50 mortes. Em 11 anos de levantamento estatístico temos o triste número de 396 crianças que morreram em algum acidente por choque elétrico. E quando acrescentamos os adolescentes até 15 anos? Foram mais 341 vidas perdidas, muitas delas usando o grande vilão dos novos tempos: o celular. Quantas vezes, você, mãe de adolescente não o pegou jogando com o fone de ouvido e o celular ligado à tomada carregando? Muitas vezes? Eu tenho certeza que sim!

Eu tenho um adolescente em casa, totalmente conscientizado e, mesmo assim, estou sempre de olho. Por que o pior de todos esses números é que cerca de 60% destas mortes aconteceram dentro de casa, o local onde consideramos o mais seguro do mundo para nossos filhos. E pouco antes de enviar este material, recebi a notícia ao lado. A criança morreu dentro de casa segurando uma extensão. Sabem quantas mortes dentro de casa em 2023? 210 mortes. Sabem quantas crianças? 23 crianças morreram. E em 05 destas mortes, a causa foi extensão ou benjamins (TE’s) ou tomadas.

Ou seja, esta notícia não é um caso isolado. E o que mais dói é saber que esta morte poderia, não, deveria ter sido evitada.

Sinto muito, mas não consigo aceitar esses dados, essas notícias. Não consigo achar normal, obra do destino, uma fatalidade. Não aceito nem a palavra ‘acidente’. E sabe por quê? Porque na esmagadora maioria destes casos específicos de morte por choque elétrico, o ‘acidente’ não teria acontecido se um adulto tivesse observado um fio descascado, uma tomada sem proteção, uma gambiarra ligando um eletrodoméstico em outro, um fio passando por uma área molhada. Todos estes cenários e muitos outros são armadilhas, mas também são chamarizes para as crianças, principalmente as pequenas.

Elas olham o fio, pegam e fazem o que? O que toda criança pequena faz: coloca na boca! Eu sei que é uma tarefa ‘inglória’ para nós, mães. Eu sei também, que no menor dos descuidos, tudo pode acontecer. Eu sei! Mas não podemos nos dar ao luxo de um descuido, principalmente quando o assunto é eletricidade! Vários outros acidentes dentro de casa são perigosos e até fatais. Mas nenhum deles leva uma vidinha tão rápido quanto um choque elétrico. Pense nisso, mamãe! Dê uma vasculhada na sua casa e procure identificar os problemas com eletricidade: tomadas sem proteção, benjamins lotados de tomadas, extensões de fácil acesso. Sua casa já passou por uma revisão da instalação elétrica?

E aqui vai uma dica técnica que talvez você não saiba, mas que pode ser a solução para sua ‘neura’ em ter uma casa segura quando se fala em eletricidade. Peça para um profissional eletricista instalar um IDR na sua casa. IDR? O que é isso? O Interruptor Diferencial Residual ou IDR é um aparelhinho parecido com um disjuntor. Este dispositivo detecta fugas de corrente, – quando ocorre vazamento de energia, desarmando o circuito onde está ocorrendo o problema, evitando que uma pessoa possa levar um choque.

É coisa de milissegundo, acredita? Se seu bebê estiver colocando uma chave em uma tomada, o IDR vai desligar tudo, impedindo que a corrente elétrica chegue até ele. Não é incrível?

Você sabia disso, mamãe? Sabia que no Brasil este dispositivo é obrigatório desde 1997? Pois é, e você nunca ouviu falar, né? Mas não é só você não, a maioria das pessoas não conhece e nem sabe que este maravilhoso aparelhinho existe. Mas sabe o que é pior? Pior é quando um profissional consciente te orienta a instalar o iDR e você acha que ele é caro! Vamos combinar que um aparelho que custa de R$ 80,00 a R$ 200,00 sai bem mais barato do que um enterro, certo? Peguei pesado? Mas, tenho certeza de que você não vai esquecer!

Bom, comecei este artigo pensando em falar de proteção contra eletricidade perigosa para nossos pequenos. Espero que você tenha lido, pensado e se conscientizado. E mais importante: que compartilhe estas informações com todas as pessoas que você puder. Combinado?

Então só me resta desejar a você, um feliz e muito, muito seguro Dia das Mães!