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Cidades do Grande Recife têm abertura de novas covas e contêiner para armazenar corpos

Com o cenário de colapso em outros estados do país, contêiner foi levado ao Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa para 'aumento proporcional do necrotério'. Covas foram abertas nos cemitérios Parque das Flores, no Recife, e Guadalupe, em Olinda

Por G1 03/03/2021 16h25
Cidades do Grande Recife têm abertura de novas covas e contêiner para armazenar corpos
Reprodução - Foto: Assessoria

A prefeitura do Recife instalou, na terça-feira (2), um contêiner do lado de fora do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa, no bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. A medida, tomada diante do crescimento dos casos de Covid-19, já havia sido adotada no hospital de campanha montado em abril de 2020 nos Coelhos, no Centro da cidade (veja vídeo acima).

Nesta quarta (3), a prefeitura confirmou que a estrutura colocada na área externa da unidade de saúde deve ser usada para armazenar corpos de vítimas do novo coronavírus. "A ampliação da oferta em 300% de novas vagas de UTI no hospital para pacientes com Srag exige adequação específica da unidade, como o aumento proporcional do necrotério", disse a Secretaria de Saúde do Recife, em nota. A unidade que recebeu o contêiner tem, nesta quarta (3), 40 leitos de terapia intensiva.

Também nesta quarta, o Globocop sobrevoou as áreas dos cemitérios Parque das Flores, no bairro do Sancho, na Zona Oeste do Recife, e de Guadalupe, em Olinda. Nas imagens, foi possível ver dezenas de novas covas abertas em ambos os locais.

A situação se assemelha ao que ocorreu em abril de 2020, quando covas foram abertas nos dois cemitérios.

Em nota, a Emlurb informou nesta quarta que a abertura de covas e gavetas "é uma constante e faz parte da rotina dos serviços funerários dos cemitérios públicos".

O texto, no entanto, prossegue dizendo que "os cemitérios Parque das Flores e de Santo Amaro foram preparados com construção de gavetas e abertura de covas para receber os sepultamentos em decorrência de Srag e de Covid-19".

"A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife tranquiliza a população e esclarece que a cidade não corre o risco de colapso funerário, pois possui plena capacidade para sepultamentos relacionados à covid-SRAG nos dois cemitérios", disse a Emlurb, ainda na nota.

Com mais de 90% de ocupação de leitos de UTI até a terça (2), Pernambuco vive risco de colapso na saúde pública por conta da alta do número de pacientes.

De acordo com dados da Central de Regulação de Leitos obtidos pela TV Globo, Pernambuco tinha, até esta quarta-feira (2), 16 pessoas à espera de vagas em UTIs para Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) do estado. [caption id="attachment_430970" align="aligncenter" width="726"] Contêiner para armazenar corpos foi levado ao Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa, em Areias, no Recife (Foto: Reprodução/TV Globo)[/caption]

A Secretaria de Saúde do Estado (SES) explicou que os pacientes esperam enquanto são transferidos para os leitos, mas garante que não faltam leitos em Pernambuco. Ainda de acordo com a SES, no início da tarde desta quarta, havia 72 vagas de UTI para Covid-19.

Segundo dados da SES atualizados na noite da terça (2), a taxa de ocupação dos leitos de UTI na rede púbica era de 92%. Na rede privada, a ocupação era de 87%.

Restrições para evitar aglomerações

Com o "sistema de saúde chegando no limite", segundo disse o secretário estadual de Saúde André Longo na segunda-feira (1º), o estado determinou restrições para o funcionamento de estabelecimentos e atividades.

A partir desta quarta (3) até 17 de março, atividades não essenciais podem ser feitas das 5h às 20h. Aos sábados e domingos, somente serviços essenciais podem funcionar. Nesta quarta (3), a Secretaria Estadual de Saúde determinou a suspensão de cirurgias eletivas em todo o estado entre os dias 8 e 19 de março. A determinação leva em conta a necessidade de "destinar o maior número de leitos disponíveis para pacientes diagnosticados ou com suspeita de infecção pela Covid-19".

No dia 25 de fevereiro, o estado havia suspendido cirurgias eletivas em unidades públicas e privadas de 63 cidades do interior. Em 18 de março de 2020, a mesma medida também foi tomada para conter o avanço da doença.

Atividades presenciais em órgãos públicos e em universidades também foram implementadas na tentativa de restringir a circulação de pessoas.