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ONG faz manifestação em memória aos quase 100 mil brasileiros mortos pela Covid-19

Pequeno tumulto ocorreu no calçadão após homem criticar o ato. 'Eu tive que pegar o corpo do meu filho e botar dentro do caixão em um saco, então você não pode falar que é fake news', defendeu pai que perdeu o filho por causa da pandemia.

Por G1 08/08/2020 13h53
ONG faz manifestação em memória aos quase 100 mil brasileiros mortos pela Covid-19
Reprodução - Foto: Assessoria

A ONG Rio de Paz realiza, na manhã deste sábado (8), uma manifestação em memória aos quase 100 mil brasileiros mortos pelo novo coronavírus na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. O grupo também protesta e faz críticas contra a administração do poder público durante a pandemia.

Nesta sexta (7), o país atingiu o número de 99.702 mortos pelo novo coronavírus, sendo 1.058 deles nas últimas 24 horas. Só no Rio de Janeiro, mais de 14 mil mortes foram confirmadas. Em 24 horas, foram registrados 87 novos óbitos e 1.632 novos casos confirmados no estado.

Na última manifestação da ONG, um homem derrubou algumas cruzes e o taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva as recolocou na areia. O novo ato conta com a participação dele, que perdeu um filho de 25 anos para a Covid-19 (confira abaixo relato do pai ao RJ2 em junho deste ano). Neste domingo (9), Márcio passará o primeiro Dia dos Pais sem o filho.

Na manhã deste sábado, um homem passou pelo calçadão e fez críticas ao ato. Márcio foi até ele e explicou que o ato é legítimo e que muitas pessoas morreram nessa situação, inclusive seu próprio filho. "Eu tive que pegar o corpo do meu filho e botar dentro do caixão em um saco, então você não pode falar que é 'fake news'", afirmou Márcio.

Ele foi convidado para ONG depois de sua participação no último ato, quando imagens dele recolocando as cruzes arrancadas da areia viralizaram na internet.

"Não é fácil estar aqui, não é fácil, não é fácil relembrar isso tudo. Amanhã seria o Dia dos Pais. Eu como muitos pais e muitos filhos não vamos estar ao lado dos entes queridos. Então, estar aqui para mim representa muito. Se eu puder conscientizar apenas uma pessoa, eu já fico muito feliz e acho que meu filho não passou em vão. Eu não posso mudar o mundo, mas se eu puder ajudar alguma pessoa, já é importante", garantiu.

“Poder público e sociedade precisam responder a uma questão: por que somos o segundo país em número de mortos? Da resposta racional, isenta e honesta a essa pergunta dependem as mudanças pelas quais o Brasil precisa passar a fim de vivermos num país no qual a santidade da vida humana seja respeitada”, disse Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.

Na areia da praia, 100 cruzes pretas foram fixadas com balões de gás vermelhos biodegradáveis. Outros 900 balões, que simbolizam as vidas das vítimas da Covid-19, são espalhados pelo restante do local. No fim do ato haverá a soltura dos balões.

O ato tem, ainda, um cartaz de quatro metros com a frase “100 MIL: Por que somos o segundo país em número de mortos?”.