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País desenvolve tecnologia para lavouras mais resistentes ao calor

A alface registrada como BRS Leila leva mais tempo para florescer e suporta dez dias a mais sob temperatura acima dos 25°C, limite máximo que a hortaliça original tem sua produção favorecida

Por Agência Brasil 25/08/2019 13h42
País desenvolve tecnologia para lavouras mais resistentes ao calor
Reprodução - Foto: Assessoria
Contornar os efeitos do calor na lavoura tem ocupado os pesquisadores da Embrapa no desenvolvimento de técnicas de plantio, manejo e novas cultivares que garantam a produtividade. É o que acontece, por exemplo, com duas novas variedades criadas de alfaces crespas (folhas verdades) que já estão sendo comercializadas. A alface registrada como BRS Leila leva mais tempo para florescer e suporta dez dias a mais sob temperatura acima dos 25°C, limite máximo que a hortaliça original tem sua produção favorecida. No caso da BRS Mediterrânea, o metabolismo da planta, ao contrário, é mais precoce e atinge o ponto de colheita sete dias antes do que o tipo mais comum plantado no Brasil e fica menos exposta ao calor. A elevação das temperaturas repercute na plantação de alface e de outras culturas porque, com mais calor, se intensifica a “evapotranspiração”, termo que reúne a evaporação da água armazenada na planta e a transpiração do solo, que causa deficiência hídrica no cultivo. Temperatura do ambiente e água, junto com a recepção de luz e o gás carbônico, são fatores que alteram a fotossíntese, a capacidade da planta transformar a energia solar em energia química e se desenvolver. Sistemas integrados “Estamos verificando, com dados observados desde 1980 e com modelos [matemáticos de previsão] até 2040, que a deficiência hídrica está aumentando e que isso pode trazer problema na oferta de alimentos”, alerta Eduardo Assad, especialista em mudanças climáticas da Embrapa Informática Agropecuária. Segundo ele, além de cultivares mais resistentes ao calor, “o Brasil implantou a melhor política pública do mundo para fazer mitigação da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera pela agricultura, que chama agricultura de baixa emissão de carbono (ABC)”. O especialista se refere à adoção de sistemas integrados duráveis, presentes já em quase 13 milhões de hectares (4,8% das terras destinadas à agricultura e à pecuária), que combina atividades no campo, para garantir a produtividade em tempo mais quente e também para evitar mais emissões de gases que favorecem o aquecimento. “Não devemos ter grandes extensões de plantação de soja, vai ser soja, pasto e árvore. Isso provoca diminuição de carbono na atmosfera, alta produtividade e diversificação de atividades”, exemplifica. “Com o sistema integrado todos ganham. A soja sozinha não remove carbono da atmosfera. O pasto melhorado remove, o pasto degradado emite. A floresta é quem mais remove carbono da atmosfera. Os três juntos são campeões de remoção de carbono e são campeões na rentabilidade para o agricultor”, descreve Assad - acrescentando a possibilidade que haja sistemas integrados agroflorestais com culturas como açaí, cacau e café.