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Chuva causa mortes, deslizamento de barreiras e alagamentos no Grande Recife

Mortes foram registradas no Recife, em Olinda e em Abreu e Lima pelo Corpo de Bombeiros

Por G1 PE / TV Globo 24/07/2019 22h40
Chuva causa mortes, deslizamento de barreiras e alagamentos no Grande Recife
Reprodução - Foto: Assessoria
As chuvas que atingem a Região Metropolitana do Recife (RMR) desde a madrugada desta quarta-feira (24) levaram à morte de 11 pessoas, segundo o Corpo de Bombeiros. O temporal também derrubou barreiras e árvores e causou diversos pontos de alagamento, que dificultaram a circulação dos ônibus. Em algumas cidades da RMR, aulas da rede municipal foram canceladas. Quatro mortes registradas pelos Bombeiros ocorreram em Olinda, sendo duas no bairro de Águas Compridas e duas no Passarinho. Outras quatro mortes ocorreram em um deslizamento em Caetés, em Abreu e Lima. Três pessoas morreram na Zona Norte do Recife, nos bairros de Dois Unidos e Passarinho. O deslizamento em Caetés também deixou a jovem Maria Eduarda, de 21 anos, desaparecida. Ela está grávida de 8 meses e os bombeiros seguem fazendo buscas para encontrá-la. Na mesma família, ficou ferida Ariana Tereza Xavier da Silva, de 39 anos. Ela está internada no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, onde passou por cirurgia e segue internada na Unidade de Terapia Intensiva. Ariana está em estado grave, sedada e está respirando com a ajuda de aparelho. Ela parente das três pessoas que morreram morreram e da grávida de 8 meses que desapareceu após ser soterrada. Veja quem morreu devido às chuvas no Grande Recife Natalicio Vicente da Silva, 69 anos, no Passarinho, no Recife Ivonete Maria da Silva, 63 anos, no Passarinho, no Recife Josafá Barbosa da Costa, 34 anos, em Dois Unidos, no Recife Mariana Xavier, 18 anos, em Caetés, em Abreu e Lima Luiz Henrique, 15 anos, em Caetés, em Abreu e Lima Adalmir Ferreira dos Santos, 53 anos, em Caetés, em Abreu e Lima Silvano Silva, 49 anos, em Caetés, em Abreu e Lima Iraci Maria da Conceição, 78 anos, em Águas Compridas, em Olinda Abraão Batista da Silva, 25 anos, em Águas Compridas, em Olinda Diego, de idade não informada, no Passarinho, em Olinda Elisângela, de idade não informada, no Passarinho, em Olinda Outros deslizamentos Em Dois Unidos, no Recife, cinco vítimas foram soterradas após um deslizamento de barreira. Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), elas foram retiradas do local com escoriações. No Córrego do Joaquim, em Nova Descoberta, no Recife, uma barreira deslizou e duas casas foram atingidas. Ao todo oito pessoas estavam nas duas residências atingidas. Sete ficaram feridas e foram socorridas para UPA de Nova Descoberta. Em seguida, foram encaminhadas ao Hospital da Restauração. Em Jaboatão dos Guararapes, sete barreiras deslizaram. Segundo a prefeitura, ninguém ficou ferido, mas as famílias precisaram deixar suas casas. A Defesa Civil pode ser acionada, no município, pelos telefones 0800 281 20 99 ou (81) 9 9195 6655. Houve 18 ocorrências envolvendo deslizamentos de barreiras, nos bairros de Vila Torres Galvão, Mirueira, Artur Lundegren II e Jardim Paulista. Não houve vítimas e 12 casas foram interditadas. A população pode acionar a Defesa Civil no telefone 153. Acionado para socorrer feridos, o Samu também registrou deslizamentos de barreiras em Olinda, no Córrego do Abacaxi, Estrada do Passarinho e no Alto Nova Olinda; na Rua do Bosque, em Paulista, e em Caetés, em Abreu e Lima. Até as 19h desta quarta (24), a Coordenadoria da Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) contabilizou 1096 pessoas desalojadas em Abreu e Lima, Paulista, Igarassu, Jaboatão e no Recife. Em Olinda, a prefeitura informou que havia 110 pessoas fora de suas casas, até pouco antes das 17h. O total é de, ao menos, 1206 desalojados. Dos desalojados em Olinda, 70 estão na escola municipal Pró-menor e 40 pessoas no estádio Grito da República, ambos abrigos no bairro de Rio Doce. Na capital, a prefeitura contabilizou, até as 16h40, 56 famílias desalojadas, com 224 pessoas fora de casa. Nenhuma foi para abrigos. No Recife, a Defesa Civil do município informou às 11h desta quarta (24) que o acumulado de chuvas de mais de 241 mm nos últimos cinco dias equivale a 20 dias da média histórica do período, o que corresponde a 357 mm, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em Paulista, choveu 140 mm, até as 19h30 desta quarta (24). Isso equivale ao esperado para 15 dias do mês de julho. A Defesa Civil do município atendeu a 174 chamadas, sendo 88 de aplicação de lonas, 67 para vistorias técnicas e 20 pedidos de orientações. Em Igarassu, até as 18h, cerca de 300 pessoas estavam desalojadas. Alguma delas foram para a casa de parentes e outras, levadas para a Escola Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Agamenon. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), as chuvas no Grande Recife e Zona da Mata devem diminuir de intensidade, mas persistem durante todo o dia. Na terça (23), a Agência havia renovado o alerta para chuvas moderadas a fortes nas duas regiões. Barco, caiaque e trator para locomoção Devido aos alagamentos na BR-101, no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife, o enfermeiro André Cavalcanti pagou R$ 10 para atravessar a rodovia e conseguir chegar a Igarassu, também na Região Metropolitana. Em Olinda, os moradores do Residencial Jardim Olinda, no bairro de Casa Caiada, contam que foram acordados por volta de 1h30 e orientados a retirar os carros da garagem para a água poder escoar. No mesmo bairro, moradores usaram um barco para se locomover. Em Paulista, por causa das chuvas, moradores do Loteamento Nossa Senhora da Conceição tiveram que usar a criatividade para sair de casa. Um deles pegou um caiaque para passar pela Rua Alfa, no fim da tarde desta quarta-feira (24). Animais nas ruas Porcos foram levados pela correnteza do Rio Beberibe, num trecho da Zona Norte do Recife, e um jacaré foi encontrado por moradores do Prado, na Zona Oeste da capital pernambucana. Através de um vídeo enviado ao WhatsApp da TV Globo, é possível ver que os porcos estão sobre uma pilha de lixo que boia no rio. Já o jacaré foi encontrado na Rua Manoel de Arruda Câmara. Alagamentos Às 5h30, a Rua Manoel Bandeira, onde fica o Residencial Jardim Olinda, ficou completamente alagada. A água cobriu parte dos veículos. Quem mora nos apartamentos mais baixos do Residencial precisou contar com ajuda para subir os móveis. Ainda em Olinda, na Cidade Tabajara, cerca de 20 ônibus faziam uma fila sem conseguir transitar. Caminhões, caminhonetes e carros comuns também estão parados nos acostamentos para não arriscar a travessia. Imagens enviadas para o WhatsApp da TV Globo mostram a Rua Olegário Mariano, na mesma cidade, completamente alagada. O nível da água chega até metade dos veículos. Segundo moradores da Rua Caetano Ribeiro, em Casa Caiada, a água no nível da cintura deixou as pessoas ilhadas em suas casas. No Recife, a Rua Carneiro Vilela, no bairro da Encruzilhada, a Rua Teles Júnior, nos Aflitos, e a Rua Estrela, no Parnamirim, todas na Zona Norte do Recife, foram algumas das vias alagadas. O analista de tecnologia da informação Gilberto Santos Júnior, de 39 anos, que mora há 15 anos no mesmo lugar, conta que se deparou com a Rua Nossa Senhora da Pompéia, no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, alagada desde as 6h. Segundo ele, o caos no bairro não é novidade. "Sempre alaga tanto aqui na rua quanto nas redondezas. Tem um giradouro por trás do Mercado da Encruzilhada que traz muita água e lixo para esse lado", afirma. Foram registrados, também, pontos de alagamento nas avenidas Mascarenhas de Moraes, na Imbiribeira, na Zona Sul; Dois Rios, no Ibura, também na Zona Sul; e na Doutor José Rufino, em Areias, na Zona Oeste. Nesses pontos não houve retenção, mas os veículos passavam com dificuldades, de acordo com a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). "Eu consegui passar porque estava dentro de um ônibus, que é alto, mas essa parte da Doutor José Rufino Sempre alaga e não é de hoje. Já fizeram uma intervenção de limpeza, mas não mudou nada", conta o professor Carlos Landim. A CTTU não divulgou um balanço de semáforos que pararam de funcionar por conta das chuvas, mas solicitou à população que avise qualquer ocorrência desse tipo pelo número 0800.081.1078. A ligação é gratuita.