Brasil

Atos pró-Bolsonaro testam apoio ao governo

MBL e outros movimentos de direita, como o Vem pra Rua, não aderiram às convocações

Por DW Brasil 26/05/2019 16h35
Atos pró-Bolsonaro testam apoio ao governo
Reprodução - Foto: Assessoria
Grupos a favor do presidente Jair Bolsonaro realizam manifestações a favor do governo em várias cidades do país neste domingo (26/05). Após cinco meses de Presidência, Bolsonaro enfrenta resistência no Congresso, protestos estudantis, a sombra do Caso Queiroz e a pior avaliação de um presidente eleito em início de primeiro mandato. Segundo o portal G1, no início da tarde, ao menos 55 cidades em 13 estados e no Distrito Federal haviam registrado manifestações, com participantes levando bandeiras do Brasil e frases de apoio ao governo Bolsonaro e suas propostas. No Rio de Janeiro, manifestantes se reuniram em Copacabana. Em Brasília, houve contrações diante do Museu da República e do Congresso Nacional, onde segundo a polícia, ao menos 10 mil pessoas estavam presentes no fim da manhã. Em Belo Horizonte, organizadores estimam que 30 mil pessoas tenham participado do ato, e não há estimativas da Polícia Militar (PM). Em Belém, a PM estimou que entre 10 mil e 15 mil manifestantes tenham saído às ruas. Também foram registados atos em cidades como Salvador, São Luís, Maceió, Campinas e Sorocaba. Na capital paulista, uma manifestação na Avenida Paulista começou no início da tarde. Em Santa Catarina, estado em que mais de 75% dos eleitores votaram em Bolsonaro, manifestantes se reuniram no centro de Gaspar, no vale do Itajaí, para um ato de apoio ao presidente. Segundo a organização, 200 pessoas participaram, enquanto a PM estimou a presença de 100 manifestantes. Em Florianópolis, um ato foi marcado para as 16h. Inicialmente convocados contra o Supremo Tribunal federal (STF), os atos deste domingo ganharam força após os protestos contra o corte de recursos da educação, no último dia 15 de maio, que reuniram milhares de pessoas em dezenas de cidades pelo país na primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro. Além de pautas radicais, como o fechamento do STF e do Congresso, grupos pró-Bolsonaro também convocaram os atos como manifestações de apoio ao combate à corrupção e à Lava Jato; ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro; e à reforma da Previdência. Também ganhou força o repúdio ao chamado centrão (formador por deputados de partidos como MDB, PP, DEM e PRB), visto como obstáculo à aprovação de propostas de Bolsonaro no Congresso. Entre os grupos por trás dos atos estão Ativistas Independentes, Movimento Avança Brasil, Direita São Paulo e Brasil Conservador. As convocações foram questionadas por alguns membros do próprio PSL e de movimentos de direita. A deputada federal Janaina Paschoal, do PSL, afirmou que "não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações". "Essas manifestações não têm racionalidade", escreveu no Twitter. "Isso [fechamento do Congresso e do STF] é coisa de revolucionário. Quem é liberal e conservador defende a separação dos Poderes, e não o fechamento dos Poderes", disse Kim Kataguiri, deputado federal pelo DEM e um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL). O MBL e outros movimentos de direita, como o Vem pra Rua, não aderiram às convocações, e o PSL também não declarou apoio formal. O próprio Bolsonaro se distanciou dos atos e desistiu de participar, afirmando se tratar de uma manifestação espontânea. Neste domingo, no entanto, o presidente compartilhou no Twitter vídeos de manifestações a seu favor, um deles no metrô de Copacabana, em que pessoas vestidas de verde e amarelo gritam: "A nossa bandeira jamais será vermelha." Ao participar de um culto na Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, neste domingo, Bolsonaro afirmou que a "manifestação é recado aos que tentam com velhas práticas não deixar que povo se liberte". Ele reforçou que a convocação dos atos foi espontânea e disse ser o único eleito na história do país que cumpre o que prometeu durante a campanha. Analistas afirmam que as manifestações serviriam de termômetro para medir o apoio a Bolsonaro. Para Sérgio Praça, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os atos são uma estratégia arriscada dos apoiadores do presidente. "Ele não tem muito a ganhar, e se [a manifestação] for pequena, ela mostraria a fraqueza do governo", disse à agência de notícias AP.