Brasil

'Retornamos tratamento equilibrado às questões do Oriente Médio', diz Bolsonaro em Israel

Visita oficial vai durar quatro dias. Bolsonaro e o premiê Benjamin Netanyahu devem assinar acordos e fazer declaração conjunta

Por G1 31/03/2019 09h50
'Retornamos tratamento equilibrado às questões do Oriente Médio', diz Bolsonaro em Israel
Reprodução - Foto: Assessoria
O presidente Jair Bolsonaro chegou a Israel na madrugada deste domingo (31) para visita oficial de quatro dias e afirmou que pretende fortalecer a parceria do Brasil com os israelenses. "Felizmente retornamos o tratamento equilibrado às questões do Oriente Médio", discursou Bolsonaro durante cerimônia de boas-vindas, em Tel Aviv, ao lado do premiê Benjamin Netanyahu – um de seus principais aliados externos. "Meu governo está firmemente decidido a fortalecer a parceria entre Brasil e Israel. A amizade entre nossos povos é histórica. Tivemos um momento de afastamento, mas Deus sabe o que faz, e voltamos", disse Bolsonaro. Impacto eleitoral e denúncias de corrupção A visita de Bolsonaro ao premiê israelense ocorre às vésperas de eleições convocadas para 9 de abril, nas quais é possível que Netanyahu, líder do partido de direita Likud, deixe o poder. O parlamento de Israel aprovou a própria dissolução em dezembro, antecipando a votação que deveria ocorrer até novembro de 2019. A convocação de eleições foi interpretada como uma manobra do premiê contra desdobramentos de denúncias de corrupção. A imprensa local aponta que a visita do líder brasileiro tem sido usada para "impulsionar" a campanha de Netanyahu, destacando que o premiê faz da agenda oportunidade para mostrar seu poder de influência junto ao Brasil que, até então, era visto como pró-Palestina e às vezes até mesmo pró-Irã, de acordo com veículos de mídia israelense. (Em 2014, Brasil chegou a chamar de "inaceitável" a violência em Gaza e convocou o embaixador. Em resposta, Israel chamou o país de "anão diplomático".) O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, foi perguntado pelo correspondente Rodrigo Alvarez, da TV Globo, sobre o possível uso eleitoral da visita realizada dias antes do pleito. "Foi uma coincidência. (A viagem) é uma prioridade para o Brasil e um marco importante", disse Flávio Bolsonaro. Se for reeleito pela quinta vez, Netanyahu vai superar o recorde de permanência no cargo do fundador do Estado de Israel, David Ben-Gurion. O governo de Netanyahu permaneceu ativo desde a dissolução do parlamento, mas não pode tomar decisões que exijam o consentimento dos congressistas, como o voto de novas leis. A ida a Israel é uma retribuição à visita do premiê israelense ao Brasil, em janeiro, para participar da solenidade de posse do presidente brasileiro. Na primeira visita oficial de um primeiro-ministro de Israel ao Brasil, Netanyahu visitou o Pão de Açúcar e chegou a jogar futebol com banhistas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Bolsonaro e Netanyahu tiveram um encontro no qual reafirmaram a intenção de estreitar os laços entre os dois países e fazer parcerias em diversos setores. O israelense chamou o brasileiro de "grande amigo", "grande aliado" e "grande irmão". Possível transferência de embaixada A agenda de Bolsonaro em Israel prevê compromissos em Tel Aviv e em Jerusalém. As duas cidades estão no centro de uma polêmica envolvendo a embaixada brasileira no país. Em Jerusalém, na segunda-feira (1º), ele visitará o Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus. Bolsonaro declarou no ano passado, após vencer a eleição presidencial, que pretendia transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fez o presidente norte-americano, Donald Trump. Após três meses de governo, a mudança ainda não foi oficializada. Com a medida, o Brasil reconheceria Jerusalém como capital de Israel, o que suscitou o receio de retaliações comerciais de países árabes, grandes compradores de carne bovina e de frango do Brasil. Israel considera Jerusalém a "capital eterna e indivisível" do país. Mas os palestinos não aceitam e reivindicam Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado palestino. A comunidade internacional não reconhece a reivindicação israelense de Jerusalém como sua capital indivisível. Após a polêmica declaração, o governo brasileiro tem adotado um tom de cautela ao falar sobre o assunto. Em diversas ocasiões, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que o governo estuda o assunto, e não deve anunciar nenhuma medida nesse sentido na visita oficial a Israel. Bolsonaro também deve visitar uma comunidade de brasileiros estabelecida na cidade de Raanana. Agenda da viagem e comitiva O avião com a comitiva brasileira pousou em Tel Aviv pouco antes das 4h, e Bolsonaro foi recebido por Netanyahu com uma cerimônia oficial ainda no aeroporto internacional Ben Gurion. No 1º dia da viagem, Bolsonaro terá uma série de compromissos com o premiê israelense, entre os quais reunião privada, assinatura de acordos bilaterais e uma declaração conjunta à imprensa. À noite, Netanyahu vai oferecer um jantar ao colega brasileiro, que ficará em Israel até quarta-feira (3). A viagem a Israel é o quarto compromisso oficial de Bolsonaro no exterior desde que assumiu a Presidência. Antes de ir ao Oriente Médio, ele já viajou para a Suíça, os Estados Unidos e o Chile. A comitiva presidencial é formada pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Também viajaram para Israel com o presidente da República os senadores Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho de Jair Bolsonaro –, Chico Rodrigues (DEM-RR) e Soraya Thronicke (PSL-MS), além da deputada Bia Kicis (PSL-DF). Veja abaixo a programação completa da visita de Jair Bolsonaro a Israel: Domingo (agenda baseada no horário local, seis horas à frente de Brasília) 13h - Almoço privado 17h - Reunião privada com o primeiro-ministro de Israel 18h - Cerimônia de assinatura de acordos nas seguintes áreas: Ciência e Tecnologia, Defesa, Segurança Pública, Saúde e da Medicina (a confirmar). 19h10 - Chegada à residência do primeiro-ministro 19h15 - Declaração conjunta à imprensa do presidente Jair Bolsonaro e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu 19h45 - Jantar oferecido pelo primeiro-ministro de Israel 20h - Jantar oferecido pelo ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz, aos ministros integrantes da delegação brasileira Segunda-feira 09h30 - Visita à Unidade de Contraterrorismo da polícia israelense 09h40 - Demonstração de emprego da Unidade de Contraterrorismo da polícia israelense 11h10 - Visita à Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel 11h15 - Cerimônia de condecoração da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel com a Insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul 12h20 - Almoço privado 16h50 - Chegada ao Muro das Lamentações Terça-feira 08h30 - Café da manhã com CEOs de startups israelo-brasileiros 10h - Cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Israel 10h50 - Visita à exposição de produtos de empresas de inovação 11h40 - Visita ao Centro Industrial Har Hotzvim e à Mobileye 12h30 - Almoço com empresários 15h45 - Visita ao Yad Vashem, Centro de Memória do Holocausto 15h50 - Visita à Exposição “Flashes of Memory – Fotografia durante o Holocausto” 16h10 - Cerimônia de oferenda floral 16h35 - Visita ao Bosque das Nações 16h45 - Cerimônia alusiva ao plantio de muda de oliveira no Bosque das Nações 19h - Jantar privado Quarta-feira 09h30 - Chegada à cidade de Raanana 09h40 - Visita à comunidade de brasileiros estabelecida na cidade 11h20 - Chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion 11h40 - Partida de Tel Aviv para Las Palmas 14h50 - Chegada a Las Palmas 16h20 - Partida de Las Palmas para Brasília 20h40 - Chegada a Brasília