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Jornalista Graça Araújo morre aos 62 anos no Recife

Jornalista estava internada desde a quinta (6), quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral hemorrágico

Por G1 PE 08/09/2018 17h58
Jornalista Graça Araújo morre aos 62 anos no Recife
Reprodução - Foto: Assessoria
Morreu, neste sábado (8), aos 62 anos, a jornalista pernambucana Graça Araújo. A apresentadora sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico na quinta-feira (6) e, neste sábado, teve falência múltipla nos órgãos. A informação foi confirmada pelo Hospital Esperança, unidade de saúde em que ela estava internada. Segundo a neurologista Silvia Laurentino, Graça estava em coma profundo e estava sendo monitorada para uma possível doação de órgãos, desejo sinalizado pela família. "Estávamos monitorando para entrar em contato com a central de transplantes e estava tudo ok", relata. No entanto, o funcionamento irregular dos órgãos foi notado pela equipe do hospital. "O coração começou a bater muito fraquinho e a pressão caiu subitamente. Nessas condições não houve tempo de fazer o contato para todo preparo para doação [de órgãos]", disse a médica. A morte ocorreu às 12h55, de acordo com a direção médica do hospital. O velório está marcado para começar às 19h deste sábado (8), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. A cremação acontece às 16h do domingo (9). Internação Graça Araújo fazia exercícios físicos em uma academia na Zona Sul do Recife, na noite da quinta (6), quando passou mal e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Na noite em que foi internada, o estado de saúde dela era considerado grave pelos médicos. Na quinta, o hospital informou que o quadro clínico da paciente passou para gravíssimo. Neste sábado (8), o hospital informou, pouco depois das 11h, que o quadro clínico da paciente se mantinha inalterado e ela continuava respirando com a ajuda de aparelhos. Perfil Nascida em 2 de abril de 1956 em Itambé, na Zona da Mata de Pernambuco, Maria Gracilane Araújo da Silva seguiu para São Paulo ainda criança. Começou a trabalhar aos 14 anos e, antes de chegar ao jornalismo, sonhava em ser médica e, para ajudar a pagar as despesas de casa, foi auxiliar de embalagem de enxovais de bebê, funcionária de uma indústria e balconista. Ao trabalhar numa editora de uma revista de construção, desenvolveu interesse pelo ofício de comunicar. Formou-se em jornalismo em 1983, pela Universidade Alcântara Machado de São Paulo, Graça Araújo seguiu para Recife no mesmo ano. Antes de trabalhar na TV, passou pelas rádios Transamérica e Clube. Na TV Globo, esteve durante um mês na apresentação do programa "TV Mulher". Graça também trabalhou na extinta TV Manchete. Em 1992 estreou como apresentadora do programa "TV Jornal Meio-Dia", na TV Jornal, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Em entrevista à TV Globo em 2015, ela contou detalhes sobre como iniciou a jornada de 24 anos, até então, à frente do programa. "Por alguma razão, ele [José Mário Austregésilo] olhou para mim e enxergou que eu servia para um projeto novo de telejornal que ele estava trazendo para o Recife. A partir daí, eu fui para a TV, estudei o modelo e estou fazendo o que ele queria", contou, na época. Em 1999, recebeu o título de Jornalista Amiga da Criança da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Em 2010, Graça ganhou o título de cidadã do Recife na Câmara dos Vereadores. Em 13 de agosto de 2018, ela recebeu a medalha de honra ao mérito Desembargador Joaquim Nunes Machado, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A condecoração é dada às personalidades que tem relevantes serviços prestados no campo jurídico. Repercussão Através das redes sociais, o TJPE lamentou o falecimento da comunicadora e ressaltou o legado profissional. "Muito obrigado por tudo, Graça! Descanse, pois o seu trabalho foi cumprido; o seu legado é inesquecível; e o seu exemplo sempre será inspiração para todos nós", diz o texto. O prefeito do Recife, Geraldo Julio, também lamentou a perda. "Graça Araújo sempre fez um jornalismo responsável e em defesa da população, dos mais necessitados, se tornando uma referência para a imprensa local e nacional", disse, em nota. O prefeito de Olinda, Professor Lupércio, também se solidarizou com familiares e amigos da comunicadora. "O ocorrido é uma grande perda para o jornalismo e para toda sociedade. Negra e nordestina, Graça Araújo quebrou barreiras e venceu preconceitos com sua competência. É com pesar que nos despedimos desta profissional e nos solidarizamos com amigos e parentes", destacou. Em Jaboatão dos Guararapes, o prefeito Anderson Ferreira também prestou homenagens à comunicadora por meio de nota. "O jornalismo de Pernambuco perde uma grande referência. Nossos sentimentos a familiares e amigos", escreveu. O ex secretário de Turismo de Olinda, Gilberto Sobral, esteve no hospital e também ressaltou o trabalho de Graça e os cuidados que ela tinha com a própria saúde. "Uma pessoa de uma generosidade tremenda. Uma pessoa ativa fisicamente, maratonista, que regrava bem a saúde, sua atividade física, mas é quando Deus quer", afirma. Em nota, a Polícia Federal em Pernambuco lamentou a perda. "Nesse momento em que nos faltam as palavras nos reportamos às grandes lições de amor, profissionalismo, ética e humanidade deixadas por ela. [...] Muito respeitosamente, prestamos as nossas condolências e deixamos os nossos mais sinceros pêsames". O governador Paulo Câmara também emitiu nota sobre a morte da jornalista. "Com a morte de Graça Araújo, a imprensa pernambucana perde uma profissional dedicada, trabalhadora, com grande sensibilidade social e amor pelo que fazia", escreveu.