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Museu Nacional é interditado por recomendação da Defesa Civil do Rio

Rachaduras na estrutura do palácio centenário provocadas após incêndio demonstram que revestimento pode cair, mas coordenador do órgão municipal afirma não haver possibilidade de colapso estrutural

Por G1 03/09/2018 15h34
Museu Nacional é interditado por recomendação da Defesa Civil do Rio
Reprodução - Foto: Assessoria
Após o incêndio que destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio, a Defesa Civil municipal informou que o local está interditado. Técnicos do órgão identificaram que "existe um grande risco de desabamento, que pode ocorrer com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado que caiu e paredes divisórias do prédio". Na área externa, no entanto, a avaliação destaca que "devido à espessura das fachadas, não há risco iminente". Mesmo assim, na parte externa "foram constatados problemas pontuais, como queda de revestimento, adornos e materiais decorativos (estátuas) fazendo com que a área de projeção das fachadas também permaneça isolada". Mais cedo, o cenário era outro. Um laudo preliminar apontou não haver risco de desabamento. A declaração foi dada pelo coordenador da Defesa Civil, Luiz André Moreira, em entrevista ao RJTV no fim da manhã desta segunda-feira (3) . Segundo ele, havia uma recomendação de interdição momentânea do prédio. Em nota, a Defesa Civil informou que "existe um grande risco de desabamento" na parte interna, com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado e paredes divisórias. Na área externa, graças à espessura das fachadas, o risco não é iminente. "A fachada por inteiro nós não verificamos indícios de risco estrutural de colapsar (desabar). Existe, sim (risco interno), em função de trincas que ocorreram na fachada e do revestimento, é possível a queda de partes dos revestimentos, de fragmentos dos adornos, dos beirais e da própria esquadria das janelas que estão danificadas devido ao incêndio", disse Moreira. O coordenador da Defesa Civil disse que o laudo ainda está em fase conclusiva e afirmou que as causas do incêndio serão apontadas pela perícia. Ao RJTV, O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse que "há várias hipóteses", mas que curto-circuito e a queda de balão são possibilidades. As Polícias Civil e Federal já abriram inquérito para apurar a razão do fogo. O incêndio de grandes proporções que começou na noite de domingo (2) destruiu todo o interior do prédio, que tem três pavimentos e mais de 9 mil metros quadrados de área útil. O acervo conta com mais de 20 milhões de itens. De acordo com um bombeiro que participou da operação, a falta de água atrasou o trabalho. Diretor-adjunto do Museu Nacional, Luiz Fernando Dias Duarte desabafou sobre o que chama de "descaso" das autoridades. Roberto Leher, diretor do Museu, foi mais enfático. "É necessário que, de fato, o poder público federal olhe para o Brasil e pense o significado da memória histórica que temos nesse Museu Nacional". O Museu Nacional fica próximo ao zoológico, mas vistoria feita no local constatou que a saúde dos animais não foi afetada. Por sorte, a fumaça foi levada para outra direção por conta do vento e os bichos não a inalaram. A mais antiga instituição científica do país abrigava um acervo de mais de 20 milhões de itens que foram consumidos pelo fogo. O Museu Nacional completa 200 anos em 2018 e já foi residência de um rei e de dois imperadores. Figuras históricas como Albert Einstein, Madame Curie, Santos Dumont e Lévi-Strauss foram visitantes importantes do Museu no século passado. Há 60 anos, Juscelino Kubitschek teria sido o último presidente a visitar o local. [caption id="attachment_155297" align="alignnone" width="300"] Rachadura na fachada do Museu Nacional após o incêndio (Foto: Reprodução/GloboNews)[/caption]