Brasil

Scanner corporal humaniza revista íntima e estimula visitas a internos

Equipamento objetiva humanizar as visitas dos parentes às pessoas privadas de liberdade, permitindo maior controle da entrada de objetos proibidos nas unidades prisionais

Por Luciana Otoni com Agência CNJ de Notícias 09/07/2018 12h42
Scanner corporal humaniza revista íntima e estimula visitas a internos
Reprodução - Foto: Assessoria
A Unidade de Internação de Santa Maria, a 26 km de Brasília (DF), que abriga 150 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas nas proximidades, vai colocar um scanner corporal em atividade no prazo de 40 dias. O equipamento digital será usado com visitantes em substituição à tradicional revista íntima, tida como vexatória e constrangedora, num incentivo às visitas dos familiares e à ressocialização dos jovens. O uso do scanner corporal - seja pelo benefício de humanizar as visitas dos parentes às pessoas privadas de liberdade, seja por permitir maior controle da entrada de objetos proibidos nas unidades prisionais – é considerado uma recente e boa prática da Justiça brasileira. O diretor da Unidade de Internação de Santa Maria, Antônio Raimundo dos Santos, explica que o scanner muda completamente a revista em termos qualitativo e quantitativo. A primeira e mais importante mudança é que o visitante não terá mais que se despir e ficar nu diante de agentes penitenciários para a revista corporal. “Com certeza o scanner vai ampliar o número das visitas aos jovens. Tem pai e mãe que não pisa aqui (na Unidade de Internação de Santa Maria) por causa da revista íntima. E, com o scanner, isso pode mudar”, diz Antônio Raimundo. Ele destaca que a visita dos familiares, principalmente de pais e mães, aos jovens internados é importante para o retorno desses adolescentes ao convívio social. Segurança pública Da perspectiva da segurança pública, a cabine de revista digital amplia consideravelmente o controle dos agentes penitenciários sobre  quem entra e sai das unidades prisionais, permitindo uma visualização mais acurada e menos invasiva sobre o porte de objetos proibidos por parte dos visitantes, tais como armas, entorpecentes e aparelhos celulares. Informações prestadas pelo Conselho da Justiça Federal (CJF), a partir de dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o uso de scanners corporais tem proporcionado uma significativa redução dos casos de mortes e fugas das unidades prisionais. O CJF informa que o dispositivo faz uma varredura completa dos visitantes em unidades prisionais, identificando objetos suspeitos que estejam sob a roupa ou mesmo no corpo do visitante, incluindo objetos escondidos nas partes íntimas, eliminando assim a necessidade da busca pessoal. Há casos, por exemplo, de visitantes que tentaram entrar em presídios portando, em seus corpos, embrulhos com entorpecentes e até mesmo celulares. O scanner corporal, usualmente em atividade nos aeroportos, teve seu uso intensificado no Brasil a partir da realização dos grandes eventos (Copa das Confederações, Copa Mundial e Olimpíadas) e passou a ser instalado também em unidades prisionais ou de ressocialização de jovens em várias partes do País, a exemplo do Distrito Federal, Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Segundo o CJF, mais equipamentos como esses estão sendo adquiridos para serem instalados nos presídios federais até o fim de 2020. Além do custo por unidade de R$ 350 mil, a cabine requer manutenção permanente por ser composta por vários equipamentos como sistema de detecção por raio-x com esteira, pórtico, detector de metais, bodyscan e banco detector, entre outros itens. Menos tempo gasto na revista Outra vantagem é a redução no tempo das revistas. Com o uso do scanner, o tempo de triagem por pessoa passa de uma média de 20 minutos para sete segundos. “É uma diferença muito grande para nós que trabalhamos nessas unidades. A revista digital por pessoa vai levar apenas sete segundos. Então, o tempo de duas horas que a gente leva para revistar todos os visitantes será reduzido para cerca de 20 minutos. Sem contar que vai diminuir também as discussões comuns entre os visitantes e os servidores, por conta da constrangedora revista tradicional em que o visitante tem que se despir”, comenta Antônio Raimundo. O scanner que está instalado na Unidade de Internação de Santa Maria já foi vistoriado e os servidores foram treinados. Para entrar em operação, resta apenas a autorização por parte do Conselho Nacional de Energia Nuclear, o que deverá ser feito no prazo de 30 a 40 dias.