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Secretário diz que norma que protege escolas foi descumprida na favela da Maré

Adolescente Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, foi baleado no Complexo da Maré, onde foi realizada uma operação da Polícia Civil

Por Texto: Vinícius Lisboa com Agência Brasil 21/06/2018 16h45
Secretário diz que norma que protege escolas foi descumprida na favela da Maré
Reprodução - Foto: Assessoria
O secretário de Educação do município do Rio de Janeiro, César Benjamin, disse nesta quinta-feira (21) que a Secretaria Estadual de Segurança Pública vem descumprindo a instrução normativa que visa a proteger alunos de escolas municipais de operações policiais. Na manhã de quarta-feira (20), o adolescente Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, foi baleado no Complexo da Maré, onde foi realizada uma operação da Polícia Civil. Segundo a família, ele estava indo para a escola quando foi atingido por tiros. Ele morreu na noite de quarta. "Essa instrução não está sendo cumprida nas operações policiais mais recentes. Vamos nos reunir com a secretaria de segurança para rediscutir essa instrução e exigir que ela seja cumprida", disse o secretário. A instrução normativa foi publicada pela Secretaria de Segurança Pública em 15 de agosto do ano passado, após uma série de discussões com a Secretaria Municipal de Educação. O debate ganhou força após a morte da estudante Maria Eduarda, de 13 anos, dentro de uma escola de Acari, na zona norte, também durante uma operação policial. Segundo o documento, agentes das polícias Civil e Militar devem evitar operações em horários de maior fluxo de entrada e saída de pessoas em áreas próximas a escolas, creches, postos de saúde e hospitais. Além disso, o texto prevê “o não baseamento de recursos operacionais nas entradas e interior de tais estabelecimentos, principalmente, entrada e saída de alunos nos estabelecimentos de ensino". A norma é assinada pelo então secretário estadual de Segurança, Roberto Sá. César Benjamin afirma que mantém contato diário com a secretaria de Segurança Pública para evitar situações como a de ontem. Segundo ele, a operação fugiu do controle e foi um erro. "Não quero crucificar as autoridades de segurança, mas elas erraram ontem. Com certeza, erraram", disse. "Mantenho pelo menos 15 contatos por dia com a Secretaria de Segurança. O que aconteceu ontem foi uma situação que saiu do controle por causa de uma operação mal planejada, com excesso de violência." O secretário acompanhou a família na liberação do corpo de Marcus Vinicius no Instituto Médico-Legal (IML) e afirmou que a prefeitura vai buscar uma nova moradia para a mãe, o pai e a irmã do adolescente. César Benjamin confirmou ainda que foi necessária uma negociação para que a ambulância que socorreu Marcus Vinicius deixasse a comunidade. Segundo ele, barreiras estabelecidas pela operação atrasaram a saída do veículo. "Fiquei em contato direto com o secretário de Segurança solicitando a abertura das barreiras, e elas foram abertas", disse. "Houve uma perda de mais ou menos uma hora nessa negociação. Talvez essa hora tenha sido fatal". A Agência Brasil procurou a Secretaria Estadual de Segurança Pública e a direção da Polícia Civil, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.