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Alagoanos de Murici denunciam trabalho análogo ao escravo na Bahia

Contratados para trabalhar no período de colheita, eles alegam condições precárias e que não havia comida suficiente

Por Texto: Alex Gonçalves com Bahia Dia a Dia 22/05/2018 17h29
Alagoanos de Murici denunciam trabalho análogo ao escravo na Bahia
Reprodução - Foto: Assessoria
Trinta e seis homens denunciaram ao Ministério Público do Trabalho (MPT-BA), na tarde desta segunda-feira (21), que estavam sendo submetidos a trabalho escravo em fazenda de plantação de café, próximo à Caraíva, distrito de Porto Seguro. Eles contaram que saíram da cidade de Murici, no estado de Alagoas, com a promessa de trabalhar na propriedade rural. A proposta dava direito a alojamento, material de trabalho, alimentação e remuneração de até R$ 100 por dia. Segundo os trabalhadores, assim que chegaram na propriedade eles perceberam as condições precárias em que estavam. Dormindo em colchões no chão, o banheiro estava quase inutilizável e as compras feitas para os trabalhadores não foram entregues. Eles informaram que a propriedade não assinou a carteira de trabalho e também não deu nenhuma satisfação dos benefícios trabalhistas. Ao site Bahia Dia A Dia, o trabalhador Valdemar Santos de 32 anos disse que chegou a ficar cinco dias sem comer: “Só nos deram bolacha, farinha e salame. Essa foi a única alimentação durante o período que ficamos lá” relatou. Já Reginaldo da Silva de 22 anos, informa que sofreu diversos ferimentos no corpo. Eles não receberam os artigos de proteção como luvas e botas: “Não deram nenhum material de trabalho, estou com muitas feridas nas mãos e nos pés por que não usei nenhum material de trabalho e muitos sofreram também diversas lesões no corpo. Na área tinha muita cobra, passamos por muitos riscos” comentou. Após diversas queixas e desentendimento com o gerente da fazenda, os trabalhadores afirmaram que foram levados para Itabela e deixados na cidade sem nenhum dinheiro para passagem e com fome. Então, resolveram procurar a Assistência Social do município, lá eles receberam apoio e alimentação. Acionada, a equipe do MPT da unidade de Eunápolis foi até Itabela e ouviu os depoimentos dos trabalhadores. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal também foi acionada e junto com a equipe do MPT, foram até a propriedade rural, e confirmaram a denúncia. O proprietário da fazenda ainda não tinha sido localizado. Os homens foram hospedados e estão recebendo apoio do Ministério do Trabalho. A previsão é que eles retornem à cidade de origem nesta quarta-feira (23). O Bahia Dia A Dia não conseguiu contato com o proprietário da fazenda.