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Prefeitura fecha praça onde vivem centenas de venezuelanos na capital de Roraima

Ação ocorreu neste sábado (31) e é para 'manutenção do espaço', segundo prefeitura

Por Texto: Valéria Oliveira com G1 31/03/2018 19h27
Prefeitura fecha praça onde vivem centenas de venezuelanos na capital de Roraima
Reprodução - Foto: Assessoria
A prefeitura de Boa Vista começou a fechar a praça Simón Bolivar, na zona Oeste de Boa Vista na manhã deste sábado (31). No local vivem cerca de 600 venezuelanos que chegam a cidade fugindo da crise no país natal e não tem para onde ir. O espaço é fechado por tapumes de madeira com um aviso "manutenção". Até a publicação desta matéria, às 12h54, o material havia sido instalado em uma das laterais da praça. Após o término do isolamento, a prefeitura deixará guardas municipais em um portão para controlar a entrada e saída de pessoas no local, segundo informou um agente que estava na praça. Quem estiver na praça continuará no local até que seja levado para algum abrigo. Já os imigrantes que chegarem a capital não poderão mais se instalar na praça e serão orientados a procurarem um dos abrigos da cidade e quem sair e levar seus pertences não poderá mais retornar e se realocar no espaço, disse o guarda. Roraima lida desde 2015 com a chegada de venezuelanos que fogem da fome e chegam ao estado em busca de trabalho. Só nos primeiros 45 dias desse ano, 18 mil entraram no país. A prefeitura estima que 40 mil imigrantes vivem na capital. Homens da prefeitura de Boa Vista cercam a praça onde vivem centenas de imigrantes venezuelanos com tapumes (Foto: Valéria Oliveira / G1) Segundo Angel Sandoval, um dos venezuelanos que vivem na praça e líder dos estrangeiros, eles não foram avisados que o espaço seria fechado. "Não sabemos o que está acontecendo. Acordamos e o pessoal da prefeitura já estava colocando as madeiras, não sabemos se aqui vai virar um abrigo a céu aberto ou se seremos levados para outro local. Vamos esperar", disse, acrescentando que o número de pessoas que vivem no local reduziu para 600 depois que foi aberto o abrigo do Jardim Floresta, na zona Oeste. Angel Sandoval, líder dos imigrantes que ocupam a praça, diz que cerca de 600 venezuelanos vivem no local (Foto: Valéria Oliveira / G1) Em nota à Rede Amazônica Roraima, a Prefeitura de Boa Vista informou que o trabalho de manutenção já estava previsto e que agora poderá ser feito porque o Exército fará o realocamento das famílias nos abrigos. (Leia a nota abaixo) A assessoria da Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal em Roraima informou que o fechamento da praça pela prefeitura foi uma ação coordenada e que a ação dará "mais segurança os imigrantes que vivem no local". A assessoria disse ainda que atualmente os quatro abrigos da cidade estão lotados, mas à medida que for surgindo novas vagas, as pessoas em situação de vulnerabilidade que estão em praças e outros locais serão levadas para os abrigos, porém não há uma data exata para que todos que vivem na Simón Bolivar sejam retirados. Na semana que vem, segundo o Exército, um novo abrigo deve ser aberto na capital e funcionará em um terreno no São Vicente, zona Sul. Inicialmente o espaço terá vagas para cerca de 250 pessoas. Cerco em volta da praça Simón Bolívar é montado na presença de imigrantes venezuelanos (Foto: Valéria Oliveira / G1) Abrigos em Boa Vista Em Boa Vista há quatro abrigos. Três deles estão sob a coordenação da Força-Tarefa Humanitária criada pelo governo federal para lidar com crise migratória e é de responsabilidade do Exército. Atualmente, há cerca de 600 pessoas no abrigo do Jardim Floresta, 700 no do Pintolândia, que é destinado somente a indígenas venezuelanos, 600 no Tancredo Neves e 250 no da ONG Fraternidade Sem Fronteiras. A ideia do Exército é coordenar a ONG neste último. Exército trabalha na criação de um novo abrigo no bairro São Vicente, zona Sul da capital (Foto: Maria Cláudia Lima / Rede Amazônica Roraima) Nota da prefeitura A Prefeitura de Boa Vista informa que se trata de uma ação que já estava prevista de manutenção das praças da capital. Com a ocupação venezuelana nesses locais o trabalho foi adiado. Porém, nesse momento, com o auxílio do exército no realocamento das famílias nos abrigos está sendo possível dar início à manutenção. A prefeitura informa ainda que o trabalho na praça Simon Bolívar é necessário para recuperar os danos causados em virtude da ocupação. A praça será recuperada e devolvida à população. A prefeitura ressalta também que com a proximidade do período de chuvas é importante que as pessoas que se encontravam na praça sejam devidamente abrigadas em melhores condições. Centenas de imigrantes venezuelanos vivem em barracadas improvisadas na praça Simón Bolívar que agora será cercada por tapumes em Boa Vista (Foto: Valéria Oliveira / G1)