Brasil

Dado como morto, bebê é salvo por motorista a caminho do IML

Motorista da funerária que transportava corpo percebeu que criança recém-nascida estava respirando e retornou ao hospital

Por R7 13/02/2018 18h17
Dado como morto, bebê é salvo por motorista a caminho do IML
Reprodução - Foto: Assessoria
Um bebê recém-nascido foi dado como morto por profissionais do hospital Alpha Med, em Carapicuíba, na grande São Paulo, nesta segunda-feira (12). No entanto, durante o transporte do corpo ao Instituto Médico Legal de Osasco, o motorista da funerária percebeu que a criança ainda estava viva. O motorista Claudio Silva, 37, atendeu o chamado para retirar o corpo de uma criança. Ele conta que quando pegou o bebê no hospital para colocar na urna de transporte, o corpo estava imóvel e com coloração roxa. Durante o caminho, nada de diferente aconteceu. Foi só quando chegou no IML que Silva percebeu que o bebê estava vivo. "Quando tirei ela da urna para pôr na mesa [do IML], percebi que a cor tinha mudado e ela estava se mexendo. Ela tinha voltado a respirar", explica o motorista, em entrevista ao R7. "Comecei a gritar, um funcionário do IML chamou um médico, que confirmou que a menina estava respirando. Ele disse para voltar para o hospital o mais rápido possível", conta Silva. Ele imediatamente retornou ao Alpha Med com o bebê e na sequência registou um boletim de ocorrência no 1º DP de Carapicuíba. "Estou com a perna tremendo até agora. Faz só três meses que estou nesse emprego. O funcionário do IML disse que em 30 anos de serviço nunca tinha visto isso", diz Silva, emocionado. O parto Ana Caroline da Silva, de 18 anos, estava grávida de quase 6 meses, quando na segunda-feira (12), por volta das 17h, teve início o trabalho de parto. Ela foi levada até o Hospital Alpha Med. Ana Caroline deu a luz às 21h55, a uma menina de apenas 700 gramas. Segundo o pai da criança, Leonardo José Ferreira Lira, 19 anos, o parto parecia ter ocorrido normalmente. “Tudo estava bem, até que a bebê mal nasceu e a médica disse que ela não tinha mais chance, estava morta. Ela nem chorou”, contou o pai ainda bastante abalado com os acontecimentos. Lira disse em entrevista ao R7 que sua companheira passa bem, apesar de ainda muito abalada com tudo. “Eu nunca fui pai antes, mas já tinha muito amor pela minha filha, saber que ela morreu e depois que estava viva foi um gelo”, disse. A mãe e o bebê foram transferidas na manhã desta terça (13) para o Hospital Maternidade Sino Brasileiro, em Osasco. O pai conta que já viu a filha depois do ocorrido e que ela passa bem. Segundo o doutor Nelson Douglas Ejzenbaum, médico pediatra e neonatologista membro da Sociedade Americana de Pediatria, a situação é delicada. "É muito raro, mas o bebê pode ter tido uma parada e depois os batimentos voltaram. Batimentos erráticos podem ter confundido o médico", diz. Em nota, o hospital Alpha Med informou que abriu sindicância interna para apurar o ocorrido. Ainda esclarece que está dando toda assistência e apoio à família e ao bebê, que está "sob os melhores cuidados médicos e assistenciais". Indignação A bisavó da menina, Maria Helena Ferreira, estava na recepção aguardando a hora em que poderia ver com os próprios olhos o estado de saúde da neta e da bisneta. “Chamaram a família para se despedir da bebê morta. Ela estava enrolada em um cobertor, em cima de uma pedra. Parecia perfeita, mas estava bastante roxa”, conta ainda não acreditando no que aconteceu. O tio de Ana Caroline, Elias Ferreira, diz que não acredita no atestado de óbito fornecido pelo Alpha Med. “No atestado de óbito está escrito que fizeram massagem cardíaca e oxigenação. Como não viram que ela estava viva?” questiona. Os parentes afirmam que durante toda a estadia de Ana Caroline no Alpha Med, a médica responsável pelo parto foi indiferente. “A bebê morreu, a família foi informada e ela [a médica] ficou batendo papo no balcão, não fez nada”, diz Ferreira. Agora eles esperam entender o que aconteceu. "Queremos justiça", dizem os dois. No meio de tanta tristeza, ainda há espaço para comemorar.“A menina ia ser chamar Manuela, mas agora depois de tudo isso é preciso adicionar Vitória ao nome. Ela ter passado por tudo isso é uma vitória”, diz a bisavó da criança.