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Sete suspeitos de ritual satânico com morte de crianças têm prisão preventiva decretada

Quatro estão presos, entre eles o líder de um templo, e outros três são consideradas foragidos; Corpos de um menino e de uma menina foram encontrados em setembro do ano passado em Novo Hamburgo

Por G1 08/01/2018 11h07
Sete suspeitos de ritual satânico com morte de crianças têm prisão preventiva decretada
Reprodução - Foto: Assessoria

Sete suspeitos de participação em um ritual satânico que terminou com a morte de duas crianças em Novo Hamburgo, conforme aponta a Polícia Civil, estão com prisão preventiva decretada. Quatro já estão presos, incluindo o líder de um templo, e outros três são considerados foragidos. A investigação começou após duas crianças terem sido encontradas mortas em um bairro da cidade do Vale do Sinos, em setembro do ano passado.

Um dos foragidos é argentino. De acordo com o delegado Moacir Fermino, ele tem amigos no Rio Grande do Sul e teria raptado as crianças - que seriam irmãs - no país vizinho em troca de um caminhão roubado.

"Bancos de dados argentinos estão sendo checados para ver se os DNAs das crianças são encontrados. Ofícios já foram enviados a autoridades do país vizinho. Também será verificado se o argentino tem parentesco com os irmãos", completa o delegado.

"Devem ter outras [vítimas de ritual satânico]. Estamos investigando. Isso rende muito dinheiro para eles", acrescenta Fermino. O delegado já havia informado que o ritual custou R$ 25 mil, e foi encomendado por sócios que queriam "prosperidade no desenvolvimento em negócios imobiliários e na compra e venda de carros."

Presos

Silvio Fernandes Rodrigues, bruxo que fez o ritual; Jair da Silva, sócio que encomendou o ritual; Andrei Jorge da Silva, um dos filhos de Jair; Márcio Miranda Brustolin, o sétimo integrante do ritual. Conforme o delegado, são necessárias sete pessoas.

Foragidos

Jorge Adrian Alves, argentino que fez a troca do caminhão roubado pelas crianças no país vizinho; Anderson da Silva, outro filho do sócio que encomendou o ritual; Paulo Ademir Norbert da Silva, outro sócio do ramo imobiliário.

"O bruxo e os outros presos dizem que não se conhecem, mas temos provas contundentes tanto no papel quanto de testemunhas, de que se conheciam, e também do ritual, com todos ajoelhados. O bruxo falava uma língua estranha, nós acreditamos que seja aramaico", diz o delegado.

Fermino cogita a inclusão de uma das testemunhas do caso na lista de pessoas protegidas, em razão de ameaças que passou a sofrer. "Está correndo risco de vida", afirma.

Sobre o ritual

Conforme a investigação, o ritual para conseguir a prosperidade no ramo imobiliário, encomendado pelos sócios, envolve sacrifício. "Tudo leva a crer que no templo foi comida carne e tomado sangue", conta Fermino.

"Um horrendo, cruel e bárbaro crime."

Quando a polícia fez a operação, incluindo a ida ao templo, que fica em uma cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, foi encontrada uma capa e uma máscara que eram usados nos rituais. O material estava dentro de um cofre. As apreensões e primeiras prisões ocorreram no fim de dezembro.

Ainda conforme o delegado, o ritual foi iniciado com um dos sócios, que era evangélico, renunciando a Jesus durante uma missa dentro de uma igreja. Alí ele teria derramado sangue em uma bíblia. "Temos várias bíblias que serão analisadas", disse.

A perícia apontou, conforme o delegado, que no corpo do menino "há comprovação de dosagem altíssima de álcool". A menina tinha marcas de perfuração de faca em um membro que foi localizado.

Fermino afirma que uma testemunha relatou que viu o menino amarrado em um pedestal, e que a menina estava deitada no chão, em um ambiente escuro, iluminado apenas por velas, com os discípulos ajoelhados ao redor. Para a polícia, as crianças teriam sido decapitadas por meio de torniquetes.

"Eles não participaram da cerimônia, tiveram que deixar o local antes da conclusão, porque senão poderiam morrer também", afirma o delegado, dizendo que o ritual foi realizado na lua crescente, cercado pela simbologia do número sete.

"O deus deles, ou demônio Moloch, é especializado em sacrifício de crianças. Ele está com uma criança na mão", descreve o delegado.

O delegado informou que foi feito um ofício à Polícia Federal para solicitar auxílio na identificação das crianças desaparecidas na Argentina. "Para identificar as partes dos corpos encontradas", diz Fermino.

Depois dos corpos esquartejados terem sido encontrados, em 4 de setembro, outros membros foram localizados pela polícia no dia 18.

A Polícia Civil aguarda as informações das autoridades da Argentina para esclarecer o caso por completo.

Os crânios das crianças ainda não foram encontrados, e o resultado da perícia, acompanhado de mais oitivas de testemunhas vão embasar, tecnicamente, o inquérito. "Vamos ouvir mais testemunhas [...] temos vários vestígios, que a perícia vai dizer se são ou não sangue, e se são compatíveis com o local", afirma Fermino.

Segundo ele, a análise do material pode levar ainda mais dois meses, uma vez que foram encontrados diversos documentos e vídeos, que ainda serão analisados.

[caption id="attachment_28502" align="alignnone" width="300"] Capa e máscara foram encontrados em cofre no templo onde teria ocorrido um ritual satânico no RS (Foto: Daniel Favero/G1)[/caption]