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Carro achado com corpo queimado é de policial condenado por pedir propina

Família diz que policial militar estava desaparecido desde sexta-feira (29)

Por R7 03/01/2018 19h59
Carro achado com corpo queimado é de policial condenado por pedir propina
Reprodução - Foto: Assessoria
O carro encontrado com um corpo carbonizado em Mauá (Grande São Paulo), na manhã desta quarta-feira (3), é do policial militar João Gonçalves Farias Júnior, segundo a família. Farias Júnior é soldado da corporação e está desaparecido desde a última sexta-feira (29). “Possivelmente [o corpo] é do policial militar”, afirma o delegado do 3º DP de Mauá, Wagner Bordon Tavares. Farias Júnior foi condenado em 1º de dezembro do ano passado pelo TJMSP (Tribunal de Justiça Militar de São Paulo) a três anos e quatro meses de reclusão em regime aberto. Ele teria praticado crime de concussão — quando o PM exige vantagem em razão da função que desempenha. O soldado teria exigido, juntamente com o cabo João Batista Martins, R$ 1.000 de um motorista de caminhão para liberá-lo de abordagem na esquina da avenida Jacu-Pêssego com a rua Bento Vieira de Castro, em Itaquera (zona leste), no dia 14 de julho do ano passado. De acordo com o processo do TJMSP, os policiais alegaram ao motorista do veículo que o caminhão não era apropriado para fazer o transporte de terra e estava em situação precária, por isso exigiram o valor “para deixar de adotar as medidas cabíveis”. O motorista do caminhão teria ligado para o proprietário do veículo que, após negociar com o soldado Farias Júnior, aceitou pagar R$ 500 aos militares e acionou a Corregedoria da PM. Ainda consta no processo que os policiais chegaram a sugerir uma mensalidade, no valor de R$ 3.000, a ser paga pelo dono do caminhão “para deixar de adotar as providências em fiscalizações futuras”. A região onde aconteceu o crime pelo qual o PM foi condenado fica a 7 km do 24º DP (Ponte Rasa), no qual a família registrou o desaparecimento, menos de um mês depois. Outro lado A reportagem não conseguiu contato com o advogado Fábio Cunha Galves, que defendeu o PM. No processo do TJMSP, o advogado disse que “somente aceitou defender os réus aqui presentes sob a condição de que confessassem o crime”. A defesa afirmou que os policiais “realizaram várias abordagens no local, todos arrolados em relatório e termo de vistoria, nada de obscuro foi feito”. Ainda segundo Galves em juízo, quando os policiais pediram o dinheiro ao motorista do caminhão “ficou muito bem esclarecido que não ocorreu no intuito de deixar de adotar alguma providência”. O R7 também entrou em contato com a família do PM Farias Júnior, que afirmou não querer falar com a imprensa sobre o caso.